quarta-feira, 20 de maio de 2009

Greve e paralisações agitam Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Começou hoje uma paralisação de 48 horas prevista pelo Sindicato dos Médicos de Juiz de Fora. A categoria quer aumento de 25% e outros benefícios. Mas, as negociações com a prefeitura não surtiram efeito. O Executivo Municipal insiste que não há verba para aumentar os salários dos servidores da prefeitura. Os sindicatos envolvidos nas negociações rebatem que há recursos disponíveis e que o poder público estaria se beneficiando da crise política desencadeada no ano passado com a prisão e a renúncia do ex-prefeito Alberto Bejani.

Hoje, 90% das 57 Unidades Básicas de Saúde do município foram prejudicados.
Na UBS do bairro Linhares, zona leste da cidade, os seis médicos aderiram à paralisação.
O movimento de pacientes foi reduzido, uma vez que a comunidade foi alertada sobre a interrupção do atendimento médico.

Na Regional Leste, houve sobrecarga na procura por médicos.
Os moradores que não conseguiram ser atendidos nos bairros se encaminharam às unidades onde o atendimento de Urgência e Emergência foi mantido.

O mesmo ocorreu no Hospital de Pronto Socorro, na área central da cidade.
Se o local já fica normalmente cheio, hoje a situação foi mais complicada.
Com a facilidade de acesso, moradores de várias regiões apelaram ao HPS para conseguir atendimento.

Na zona norte, a Policlínica de Benfica é que ficou sobrecarregada.
Apenas o ambulatório pediátrico foi prejudicado com a paralisação.
Funcionários explicaram que os serviços de Urgência e Emergência funcionavam sem problemas, mas que não havia um balanço de adesão dos médicos.
No Departamento de Saúde da Criança e do Adolescente, 15 médicos não foram ao trabalho.
No PAM Marechal e no Pronto Atendimento Infantil, os serviços seguem normais.

No bairro Jardim Natal, zona norte, um cartaz na porta alertava para a falta de médicos e explicava que a paralisação segue nesta quinta-feira.
Os funcionários estavam tendo dificuldades para atender a todas as chamadas telefônicas e aos pacientes ansiosos por informações sobre a possível greve.
Dois médicos e uma dentista aderiram ao protesto.

Na zona oeste, várias unidades de saúde pararam.
No bairro São Pedro, os funcionários cumpriram o horário sem ter muito o que fazer.
Poucos moradores apareceram para marcar consultas ou pedir informações sobre a retomada do serviço.
Dos 491 médicos da prefeitura, 70%aderiram à paralisação,
de acordo com pesquisa do sindicato da categoria.
A UBS do bairro Santa Luzia fechou as portas hoje.
No portão, um cartaz alertava a população sobre o motivo do fechamento e chamava atenção pelos erros gritantes de português.
A unidade é procurada por moradores de vários bairros da zona sul de Juiz de Fora.

Às dez e meia da manhã os médicos se reuniram para uma assembléia na Sociedade de Medicina e Cirurgia.
O presidente do Sindicato dos Médicos iniciou o encontro relatando que quatro UBS ficaram de fora da paralisação. Já tinha sido acertado que o atendimento nas unidades dos bairros Marumbi, Parque Guarani, Cruzeiro do Sul e na unidade Centro-sul, no centro, seria mantido.

Os profissionais ouviram a proposta apresentada pela prefeitura na rodada de negociação da última segunda-feira.
Eles mostraram insatisfação com a insistência do poder público em negar o aumento pedido.
A greve da categoria não está descartada.

Assim como novos protestos dos rodoviários.
Em março, os profissionais do transporte coletivo urbano fizeram uma paralisação de 20 horas e interromperam o trânsito no centro da cidade.
Depois do caos e das críticas, veio a trégua pedida pelo Ministério Público para que os profissionais pudessem negociar com as empresas.

O prazo termina no próximo dia 30 e nada mudou nas negociações, segundo o vice-presidente do Sindicato dos Rodoviários.
“Nós estamos acompanhando o fim da trégua e já preparamos diversos protestos.
Dessa vez, vamos mobilizar mais a população.
Como estamos proibidos de parar os ônibus em via pública, vamos fazer uma operação tartaruga e mostrar nossa insatisfação de muitas formas” revelou Paulo Avezani.

Os professores municipais continuam em greve.
Eles se revoltaram contra a proposta de “zero %” de aumento.
“Eles alegam que não têm dinheiro para pagar o aumento do funcionalismo. Mas, basta entrar na internet e pesquisar. Estão lá todos os recursos que o município recebeu. Essa história de crise está mal contada” reclamou o coordenador do Sindicato dos Professores, Flávio Bitarello.