segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Chuva chega e causa medo e revolta em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Medo, porque a chuva pode trazer mais prejuízos e pânico ao bairro Santa Teresa, região sudeste de Juiz de Fora.
Revolta, porque desde que uma encosta começou a deslizar em março deste ano e 14 moradias foram condenadas e demolidas, a única coisa que foi feita para garantir a segurança dos moradores foi a colocação de uma lona no barranco.
As negociações entre os donos das casas demolidas e a prefeitura está complicada.

Há nove meses, depois de uma semana de temporais, a terra começou a ceder.
Rachaduras foram surgindo nas casas e nas ruas José Ladeira (base da encosta) e Edgar Carlos Pereira (parte de cima).
Dia após dia, imprensa, autoridades e moradores acompanharam a natureza reagindo contra a ação do homem.

Há muitos anos o local é considerado instável e por várias vezes algumas construções foram embargadas.
Mesmo assim, havia inúmeras moradias lá.
Famílias inteiras deixaram o local às pressas, levando o que foi possível salvar da destruição.
Dia e noite, moradores se revezaram num plantão sofrido, olhando o que restava das casas e rezando para que alguém encontrasse uma solução.

O ex-prefeito, Alberto Bejani, esteve no local.
Ele conversou com os engenheiros da Defesa Civil e determinou que as casas fossem demolidas, antes que desabassem e causassem mais estragos, soterrando outras moradias na rua José Ladeira, parte de baixo do barranco.
Diante da imprensa e das famílias prejudicadas, ele prometeu indenização a todos que tivessem imóveis condenados e demolidos.
Os moradores ficaram aliviados.
Só não imaginavam que aquela promessa não seria cumprida.

Depois de ser preso duas vezes pela Polícia Federal, nas operações "Pasárgada" e "De volta para Pasárgada", Bejani renunciou ao cargo de prefeito.
O vice, José Eduardo Araújo, assumiu e se recusou a pagar a indenização prometida.

Ele se baseia nas leis municipais e lembra que o município só poderia arcar com uma despesa desse porte se houvesse um laudo e provas de que as rachaduras e o deslizamento do barranco foram de responsabilidade da prefeitura ou de algum funcionário municipal.
Como isso não existe, o prefeito se recusa a usar os recursos escassos que restaram a Juiz de Fora para indenizar as famílias.

Nesse impasse, a Associação dos Moradores prejudicados pela demolição das casas cobrou providências do Ministério Público.
A Promotoria de Meio Ambiente e Urbanismo está acompanhando o caso.
Na última sexta-feira, o promotor esteve presente a um protesto organizado pelos moradores.
Eles fecharam um trecho da rua José Ladeira e usaram cartazes para cobrar soluções para o problema que já dura 9 meses.
Adultos e crianças se mobilizaram.

As famílias que perderam as casas e as que continuam morando no Bairro Santa Tereza reclamam que a chuva tem arrastado muita lama da encosta.
A rua José Ladeira está coberta de barro.
E o período chuvoso só está começando.
As bocas de lobo e os bueiros estão entupindo e o medo de outra tragédia é grande.

Encontramos no protesto a equipe do jornal Tribuna de Minas.
O Antônio Olavo Cerezo mostrou que ainda está em forma.
Ele se contorce, abaixa, levanta, vira para um lado, para o outro, e só sossega quando consegue o melhor ângulo dos fatos.
É divertido ver nosso amigo trabalhando.
Claro que ninguém perde uma boa chance de implicar com ele.
Depois da manifestação, os moradores saíram em passeata pelo bairro.

Hoje, estava prevista a ida de uma comissão de moradores à prefeitura, acompanhada do promotor.
Tudo para tentar mais uma vez convencer o prefeito a negociar as indenizações e a providenciar medidas de emergência para o local.
Tomara que, nesse momento tão complicado que Juiz de Fora vive, seja possível encontrar uma solução que ajude a todos os lados.

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