sábado, 25 de abril de 2009

A Dengue na Zona da Mata Mineira

Por Michele Pacheco

A Secretaria de Saúde de Minas Gerais divulgou dados sobre a infestação em várias cidades da Zona da Mata Mineira.
A recordista em casos registrados é Muriaé.
Em 2008, foram 579 notificações.
Neste ano, em apenas quatro meses, já foram 520 casos notificados.
Até agora, 125 foram confirmados.

Conversamos com alguns moradores que já tiveram ou estão com dengue e todos reclamaram das dores pelo corpo e nos olhos, além da sensação de cansaço e mal-estar.
Um caso curioso foi o da aposentada Neuza Medeiros Laia.
Ela é mãe do nosso companheiro de trabalho, Evandro Medeiros.
Ela só descobriu que estava com a doença, quando já estava se recuperando.
“Como eu sofro de problemas na coluna, imaginei que as dores fossem causadas por eles. Tomei analgésicos e nada da dor passar. Depois de alguns dias, procurei o médico que atende minha família e ele pediu exames para confirmar a suspeita. Minhas hemácias tinham diminuído muito, confirmando a dengue” explicou a Neuza.

A Neusa aproveitou o exemplo dela para fazer um alerta.
“Quem estiver com os sintomas, não deve perder tempo e procurar ajuda médica. Os sintomas não se manifestam todos de uma vez e podem variar de uma pessoa a outra. Por isso, é importante estar atento e desconfiar de qualquer mal-estar. É claro que também é importante seguir as orientações sobre prevenção” avisou.

Os 45 agentes de saúde de Muriaé estão fazendo um trabalho intensivo para eliminar o perigo.
Eles já encontraram focos em 22 dos 51 bairros vistoriados.
Por onde passam, a cena é a mesma: um monte de lixo e entulho guardado em casas e terrenos baldios.
Isso favorece o surgimento de focos e a reprodução do aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue.

Nessa casa, no bairro São Pedro, os agentes encontraram muitas garrafas pet, potes, lixo e até um vaso sanitário no quintal, acumulando água de chuva.
Uma caixa d’água estava tampada, mas havia outra apenas com uma lona por cima.
Como choveu nessa semana, o plástico estava cheio de água.
Várias larvas foram achadas numa garrafa destampada.

Todo esse material foi retirado da casa e encaminhado à coleta de lixo.
Os agentes contam que o caso é apenas mais um que prova o descaso de parte da sociedade com o problema.
Por mais que haja campanhas educativas, ainda é pequena a participação da comunidade.
É comum ver os moradores, de uma rua onde houve algum caso, se mobilizarem para evitar os riscos.
Mas, quando a situação se acalma, eles praticam os mesmos erros de antes.

O fumacê é usado para combater o mosquito.
As equipes se dividem em diferentes regiões da cidade.
Os moradores são avisados com antecedência, para deixar portas e janelas abertas, facilitando a entrada do inseticida.
Mesmo assim, é comum encontrar casas totalmente fechadas.

Isso atrasa o trabalho preventivo, já que o resultado não é o esperado e as equipes têm que retornar com freqüência aos locais visitados.
O pessoal trabalha com disposição e bom-humor, mas fica chateado quando algum morador impede a entrada dos agentes nas moradias.
Isso mostra um descaso e um desrespeito com a saúde pública.

O Coordenador do Programa de Endemias da Secretaria de Saúde de Muriaé lembrou que todos os investimentos feitos na prevenção e no combate à dengue não vão surtir efeito se não houver um trabalho conjunto do poder público com a sociedade. Afinal, a doença não tem preconceito nem fronteira e atinge pobres e ricos.

Em Cataguases, a situação também é complicada.
No ano passado, o município já esteve em alerta por conta dos casos de dengue.
Nós fomos lá cobrir o caso e levamos um estoque de repelente.
Em 2009, até agora já foram 53 casos confirmados de dengue e 143 casos suspeitos.
As autoridades também estão mobilizadas no combate à doença.

Leopoldina fica a 22 km de distância de Cataguases e vive uma situação completamente diferente.
A parceria entre o poder público e a sociedade está funcionando bem.
Em 2008, foram notificados 221 casos e confirmados 58.
Em 2009, até o dia 11 de abril, foram 30 casos notificados e 7 confirmados, sendo que em dois deles a contaminação foi no Espírito Santo, por pessoas que estavam viajando de férias.
Entre os trabalhos preventivos está a coleta de lixo e o fumacê.
Para o secretário de Saúde, Guilherme Reis, o segredo do sucesso no combate à dengue está na equipe de trabalho.
“Nós mantivemos a mesma equipe de rua que já trabalhava.
E contratamos mais agentes de saúde, passando de 15 para 31.
A experiência deles aliada ao apoio da comunidade tem dado resultados positivos” explicou o secretário.
Cada passo da campanha de combate à dengue é informado à população por meio das rádios, dos jornais e de anúncios.

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