sábado, 30 de maio de 2009

Juiz de Fora 159 Anos

Por Robson Rocha

Na quinta-feira, tínhamos que gravar imagens para uma matéria sobre o aniversário da cidade. Na realidade, uma crônica sobre Juiz de Fora.
Depois de bater cabeça, fomos às ruas. Depois eu explico o bater cabeça.
Primeiro, escolher locais para as partes onde a Michele apareceria.
Um dos locais foi mais que obvio, o calçadão da rua Halfeld.

Ali é o coração da cidade e daria para servir de fundo para a passagem.
Como precisava rebater a luz do sol e não trabalhamos com auxiliar, a Michele se posicionou próxima a uma viatura da PM que estava parada no local.
Aí, eis que surge um policial e educadamente pergunta:

“Vocês estão fazendo matéria sobre segurança publica? Se for, eu tenho que avisar que vocês vão usar a viatura na matéria.”
Expliquei a ele que a Michele estava naquela posição, pois nos resolveria dois problemas: a luz que estava sendo rebatida no capô branco do carro e as pessoas que adoram aparecer e não teriam como passar entre a Michele e a câmera.

O policial fez uma cara de quem não entendeu misturada com desconfiança
Como a gente não tinha uma idéia formada de como gravar os planos, gravamos com cinco variações de ângulos e movimentos pra na edição ver o que ficaria melhor.

Mas, faltava um lugar para gravar a abertura.
Não bastava pensar apenas no local, tínhamos que pensar também na posição do sol. Isso, para evitar sombras duras no rosto da Michele.
Escolhida a região com a luz mais favorável, começamos a procurar a melhor vista. Havia muito mato em todas as encostas na região do bairro Nossa Senhora Aparecida e nenhum local com a vista diferente e limpa da cidade.
Quando estávamos quase desistindo, a Michele viu uma laje de uma obra de onde a vista seria perfeita.

O problema é que havia um muro enorme e nenhum sinal de alguém na obra. Mesmo assim resolvemos ir até lá.
Por sorte, o dono da obra apareceu e liberou nossa entrada. Realmente a vista era muito boa e rendeu boas imagens.
Dali, seguimos para fazer as imagens que encaixassem no texto da Michele.
Câmera no ombro e idéias na cabeça, lá fomos nós!

Como sempre, nada acontece na hora em que você precisa.
O calçadão estava vazio e eu precisava de imagens de agitação. Parecia que ninguém tinha pressa pra nada.
De longe, usando a profundidade de campo, dava pra enganar, parecia que o calçadão fervia de gente.

O que salvou foram algumas figuras que apareceram, como o violonista.
Na realidade, ele não toca nada!
Mas, pra imagem, ele ficou perfeito para a parte do texto que citava anônimos de Juiz de Fora.

Outro que caiu como uma luva foi o vendedor de chapéus em forma de guarda-chuvas. Fui gravando sem ele perceber, de longe. Mas, quando viu a câmera apontada para ele, fez uma cara de poucos amigos pra mim. Mas, depois relaxou e não se importou que o gravássemos.

Gravamos várias imagens da cidade pra ilustrar a crônica e tudo tinha que ser muito rápido, não dava pra ficar enrolando muito nos locais.
E, ao mesmo tempo não podia fazer “nas coxas”, pois era o produto para o jornal do dia do aniversário de Juiz de Fora.

Aí, a Michele me lembrou que precisaria de imagens de crianças.
E, criança quando vê uma câmera corre pra cima ou se esconde e não fica natural. Por isso, prefiro gravar as imagens à distância.
E, não sei se já notaram, criança corre sem rumo. Ela vai numa direção e de repente vira e corre para o outro lado.
Aí, pra acompanhar com o zoom fechadão é dureza. Parece que a criança é o Garrincha e eu o Zé. Tomei cada drible de dar pena.

Registrada a garotada, chegou a hora sagrada do almoço.
Barriguinhas cheias, voltamos à tarde.
Porém, São Pedro não ajudou e mandou um chuvão.
Ficamos presos na Câmara Municipal e a Maria pediu à Michele para ajuda-la a fazer um cachecol.

Lembra lá no inicio que eu disse que batemos cabeça?

Batemos cabeça, pois surgiu a idéia de terminar a crônica com a Maria cantarolando o hino de Juiz de Fora.
Aí, eu fui taxado de louco.
Maria é aquela que está sempre cantando pelas ruas da cidade e que algumas pessoas chamam de Maria “Doida”.
Ela não é doida nada!

É só uma pessoa que rompeu com todas as normas e vive do jeito que acha certo.
A sinceridade dela beira a falta de educação, mas todo mundo conhece a Maria e já nem estranha os comentários atravessados.
Expliquei meus motivos: primeiro porque ela é uma figura muito conhecida e segundo porque acho legal que ela fica na rua, mas sempre trabalhando.

E, já que alguém tinha que falar, podia ser do povão e por que não a Maria?
Depois de bater cabeça, fomos às ruas.
Primeiro a Michele aproveitou para explicar à Maria uma técnica para fazer cachecóis.
Nada a ver, né!
Mas, a Maria queria aprender.
Enquanto isso, fui fazendo imagens fechadas de nossa personagem. Depois de um longo tempo, ela entendeu como fazer.

Aí, pedimos que ela cantasse o hino de Juiz de Fora.
Ela compensou nosso trabalho e cantou todo o hino.
É verdade que trocou algumas palavras.
Mas, a maioria de nós não sabe cantar o hino de nossa cidade.
E, ela cantou, e com convicção!

Depois, terminou com um ótimo pamparampampam.
Na edição do material, acharam tão interessante que separaram da crônica e decidiram deixar que a Maria fechasse o Jornal da Alterosa de Aniversário de Juiz de Fora.

JUIZ DE FORA - 159 ANOS

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Meningite em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Uma menina de dois anos está internada na UTI Neo-natal do Hospital Albert Sabin, em Juiz de Fora.
Segundo a médica plantonista da UTI, ela tem meningite causada por hemófilos.
A doutora Márcia Mizrahy estava feliz com a reação da criança ao tratamento e comemorava o bom resultado.
Até aí, seria apenas mais um caso da doença registrado e tratado.
A garotinha passa bem e deve voltar para casa em breve.

Mas, o assunto causou susto nos pais de alunos de uma escola na zona leste da cidade.
Como a menina estuda lá, a direção decidiu suspender as aulas por uma semana.
A informação passada aos pais era de que a medida visava evitar o contágio e permitir a higienização da escola. A Vigilância Epidemiológica do município foi acionada. A Sônia Rodrigues, médica do departamento, esteve no local e conversou com os pais. Ela explicou que a suspensão das aulas em momento algum foi solicitada pelo departamento e que era desnecessária. As crianças que tiveram contato com a colega doente foram medicadas e não havia motivo para pânico.

Juiz de Fora não registra surto de meningite há quase 20 anos.
Em 2007, foram confirmados 51 casos da doença.
No ano passado, o número caiu para 31.
Em 2009, até agora, são 19 registros.
Os sintomas mais comuns da meningite são febre, dores de cabeça, vômito em jato e rigidez na nuca.
O pediatra Antônio Aguiar lembra que as crianças são as principais vítimas e correspondem a 50% dos pacientes de meningite.

A transmissão pode ser feita por tosse, espirro e gotículas de saliva.
Uma pessoa que possui vírus ou bactérias que causam meningite não vão necessariamente desenvolver a doença.
Mas, podem passar adiante esse agente causador a quem está por perto.
Nessa época do ano, quando o frio leva as pessoas a manterem janelas fechadas e a ficarem confinadas em grupo, o contágio é maior.

A meninge é uma membrana que recobre o cérebro e a coluna vertebral.
Quando ela é atacada por vírus, bactérias, fungos ou parasitas, o organismo reage e envia ao local os leucócitos, que são as células de defesa.
A reação entre esses defensores do corpo e os agressores causa uma inflamação que é conhecida como meningite.

Essa explicação tão simples foi feita pelo Antônio Aguiar e decidi usar o dado na minha passagem.
Só que não tínhamos levado para o consultório dele o nosso microfone de lapela.
Resultado, eu ficava me contorcendo para segurar o protótipo de uma cabeça ilustrando a doença, manter o microfone a uma distância correta e explicar a doença.
Ficou no mínimo cômico e eu quase dei nó nos braços.

A solução partiu do pediatra: ele iria segurar o microfone, enquanto eu explicava.
Sempre bem-humorado, ele é o tipo de pessoa a quem a gente confia o filho sem dúvidas.
Está ligado nas novidades do mundo da medicina e tem uma paciência incrível com os pais e as crianças.

Conhecemos o Antônio Aguiar desde que comecei a trabalhar na TV Alterosa, em 97.
Ele sempre foi um profissional que merece elogios.
E ainda se empolga com o jornalismo.
A foto mostra o quanto ele se divertiu bancando o repórter e invertendo comigo os papéis de entrevistador e entrevistado.

Ele fez tudo isso sem perder a chance de esclarecer mais sobre a doença.
A vacina sempre desperta dúvidas.
Quando algumas pessoas ouvem falar de casos de meningite, costumam cobrar a prefeitura a vacinação em massa.
Mas, o Antônio lembrou que a vacina só imuniza contra um tipo de meningite, o causado por meningococo C.
Em Muriaé, em 2006, foi esse o tipo identificado e o governo federal disponibilizou milhares de doses da vacina.
Mas, em Juiz de Fora, esse tipo não é o mais registrado, o que torna inútil a vacinação.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Violência em xeque – Conferência Nacional de Segurança Pública

Por Michele Pacheco

Começou hoje, em Juiz de Fora, um evento que busca unir forças no combate à criminalidade.
A 1ª Conferência Nacional de Segurança Pública foi dividida em três etapas: municipal, estadual e federal.
A primeira está sendo realizada em vários municípios brasileiros.
Em Minas, apenas 10 cidades foram selecionadas como sede das discussões.
É a primeira vez na história do Brasil que a participação popular vai ajudar a definir os novos rumos das políticas públicas de segurança.

Autoridades militares, civis, representantes da sociedade e políticos se reuniram na Escola de Governo para a solenidade de abertura.
Foram definidos 7 eixos temáticos que vão ser debatidos até a próxima quarta-feira.
São eles: gestão democrática de controle social e externo, integração e federalismo; financiamento e gestão política pública de segurança; valorização profissional e otimização das condições de trabalho; repressão qualificada da criminalidade; prevenção social do crime e das violências e construção da paz; diretrizes para o sistema penitenciário; diretrizes para o sistema de prevenção, atendimentos emergenciais e acidentes.

O Inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Wallace Wischansky, elogiou a escolha dos temas e disse que essas abordagens podem ajudar a formar propostas inteligentes e pertinentes.
Além dos assuntos que vão ser discutidos, ele destacou a participação de todos e a união de forças.

Encontramos no evento vários líderes comunitários e pessoas da comunidade envolvidas em projetos sociais. O Negro Bússola, Presidente da Casa de Cultura, que atende crianças, adolescentes e jovens carentes, está otimista com a Conferência. “Esse é um novo modelo de planejamento e reflete a preocupação do governo federal com a opinião do povo e da sociedade organizada” comemorou.

O consultor de mobilização do Ministério da Justiça, Rodrigo Xavier, explicou aos participantes que a etapa eletiva municipal é muito importante.
Dela, vão sair propostas que vão ser discutidas na etapa nacional.
Mas, antes disso, vai ser realizada nas capitais a etapa estadual. Em Minas, ela está prevista para o mês que vem.

O Tenente Coronel Rodney de Magalhães, comandante do 4º Batalhão de Bombeiros Militar, esteve presente entre as autoridades.
Ele comentou que lamenta que o papel dos bombeiros ainda não seja bem compreendido pelos demais órgãos públicos e de segurança pública. “Ainda tem gente que pensa que os bombeiros servem apenas para apagar incêndio e salvar vidas em acidentes. Nossa função é bem maior. Envolve um trabalho preventivo, educativo e social. Gostaria que nossas atividades fossem mais conhecidas” lamentou.

O coronel Anselmo Fernandes, comandante da 4ª Região de Polícia Militar, destacou a participação coletiva na busca por soluções para melhorar a segurança pública.
A Polícia Militar tem intensificado o combate aos jogos de azar e à pirataria.
Sem falar no empenho em retomar o controle em bairros entregues à criminalidade, como a Vila Olavo Costa.

A Polícia Civil também tem rendido boas reportagens.
As apreensões de droga têm colocado a equipe do GTO, Grupo Tático Operacional, em evidência. Isso, sem tirar a importância das delegacias distritais, que têm agilizado a apuração dos crimes.
O delegado Cristino Ribeiro, Chefe do 4º Departamento de Polícia Civil, comentou exatamente os bons resultados da integração entre as polícias civil e militar implantada em Minas Gerais.

Representantes do Exército e da Polícia Federal também participam das discussões.
Resta torcer para que esse esforço conjunto seja realmente levado à sério e ajude a direcionar as ações futuras ligadas à segurança pública.
Nós, da imprensa, estamos tão acostumados a ouvir promessas de melhorias em todos os setores, que preferimos esperar a conclusão da Conferência e a aplicação das propostas para então acreditar que a iniciativa deu certo.

Dia Nacional de Incentivo à Adoção

Por Michele Pacheco

A data foi comemorada em Juiz de Fora com um encontro de autoridades e pessoas interessadas no assunto.
A juíza da Vara da Infância e da Juventude revelou que o município tem hoje 218 cidadãos com menos de 18 anos internados em instituições sociais.
A maioria saiu de situação de risco social.

“A droga é um problema sério. Hoje, o traficante é responsável por tirar dessas crianças e desses adolescentes o convívio familiar.
Os pais chegam a vender mantimentos, leite e remédios dos filhos para sustentar o vício” explicou a juíza.
Nos abrigos, a grande maioria dos internos veio de famílias desestruturadas pelo tráfico.

No evento de hoje, foram apresentados problemas e soluções sobre a adoção.
Além do discurso das autoridades, foi apresentada uma palestra sobre os trâmites da adoção.
A palestrante começou dizendo que era uma pena que a gente só ouça falar dos problemas e dos dados estatísticos.
Ela prefere abordar o lado positivo, o que já mudou para melhor e a redução do número de crianças na fila de espera por pais adotivos.

Alguns participantes apresentaram histórias de sucesso sobre adoção.
A secretária de Assistência Social de Juiz de Fora contou que uma campanha de incentivo está sendo planejada no município e deve contar com a participação de pessoas famosas que adotaram ou foram adotadas.
Entre os cotados, está Milton Nascimento. As negociações já estão em andamento.

Violência contra a mulher - Vice-prefeito de Palma-MG agride a esposa

Por Robson Rocha

A violência doméstica não é novidade pra ninguém.
Em 2007, um estudo do SerH mostrou que 5.760 mulheres foram agredidas por dia no Brasil e a maioria dos agressores era homem.
Em 2001, a Fundação Perseu Abramo determinou que a cada 15 segundos uma mulher apanha neste país, de aproximadamente 190 milhões de habitantes, dos quais quase 51% são mulheres.

Segundo relatos das vítimas, a maioria das agressões acontece durante a noite, quando o homem desconta na mulher os problemas que enfrentou durante o dia.
Em muitos casos, o agressor age depois de usar bebidas alcoólicas e apresentar como desculpa que estava bêbado. E, a mulher, por uma série de motivos, não denuncia o companheiro.

Esse comportamento dá início ao chamado Ciclo da violência doméstica.
Tudo começa com o homem depreciando a mulher, a coisa vai se agravando. E, por fim, além da agressão moral vem a agressão física.
Aí, muitas vezes, a mulher reage e ameaça ir embora.
Mas, o parceiro se mostra arrependido e, com o comportamento carinhoso do homem, a relação parece melhorar e ela acredita no marido. Em grande parte dos casos, o ciclo da violência reinicia.
A Lei Federal 11.340, conhecida como Lei Maria da Penha, alterou o Código Penal.
Hoje, maridos violentos podem ser presos preventivamente, mesmo sem flagrante.
A pena também foi modificada: em vez de doação de cestas básicas, prisão de até três anos.
Essa lei responsável pelo aumento do rigor na punição de companheiros violentos e também também provocou o aumento das denúncias de violência contra a mulher.

Mas, apesar da maioria das denúncias partirem da camada mais humilde da população, essa violência também atinge as classes mais altas. Porém, segundo especialistas no assunto, mulheres de classe média e alta, preferem não se expor e, em outras vezes, não querem perder as condições econômicas.

Muitas vezes, a violência doméstica atinge a quem legisla.
Foi isso que aconteceu na cidade de Palma, na Zona da Mata Mineira.
A vereadora pelo PSC, Maria Aparecida de Fátima de Paula Titoneli, procurou a polícia militar daquela cidade, no inicio da noite de sábado, dia 23, para prestar queixa contra o marido. José Francisco Titoneli, de 48 anos, vice-prefeito de Palma eleito pelo DEM.

Segundo o boletim de ocorrência(BO: 492/09), por volta das 19h30, a vereadora foi ao destacamento policial de Palma e disse que, ao chegar em casa, encontrou o esposo dela, o vice-prefeito, bastante exaltado. Ocasião em que começaram a discutir. Logo em seguida, segundo ela, o vice-prefeito passou a agredi-la com socos e pontapés causando várias lesões pelo corpo.
A vereadora conseguiu sair de casa e procurou atendimento médico no hospital local.
Segundo o boletim de ocorrência, a vereadora ficou internada em observação até à tarde. Quando saiu do hospital e denunciou o fato.
Esse é o exemplo a ser seguido, independente de classe social, em caso de violência doméstica, denuncie!
A Central de Atendimento à Mulher recebe denúncias de violência doméstica e dá orientações às vítimas.
O número do serviço, disponível em todo o Brasil, é 180.
Disque denúncia - violência doméstica é 0800-283 12 44