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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Santo Antônio fujão

Por Michele Pacheco

Hoje é dia de Santo Antônio, um dos santos mais populares da Igreja Católica.
Ele é o padroeiro de Juiz de Fora e foi feriado na cidade.
Sempre que ouço falar do santo casamenteiro, lembro de uma outra história ligada a ele e às origens do município.
Guardada a sete chaves numa sala da Catedral Metropolitana fica uma imagem esculpida em madeira, com cerca de um metro e meio de altura.
Ela seria a imagem de Santo Antônio mais antiga de que se tem notícia em Juiz de Fora e foi restaurada pela última vez no século XIX.
Teria pertencido a um fazendeiro, que construiu uma capela na fazenda dele, no Morro da Boiada, atual bairro Santo Antônio, zona leste da cidade.

Isso teria ocorrido na época do surgimento do arraial de Santo Antônio do Paraibuna, que deu origem ao município.
Com o tempo, uma família importante doou terras para a construção de uma igreja na área mais central do vilarejo.
A construção foi feita e a imagem foi levada para lá.
É aí que começa a lenda que tem várias versões.

Segundo o Vigário Geral de Juiz de Fora,
Monsenhor Miguel Falabela, o que consta dos documentos da Igreja Católica é que a imagem foi levada para a capela nova e depois devolvida por padres à capela velha.
Mas, durante a noite, Santo Antônio fugia de volta para a capela nova, indicando que era ali que queria que fosse construída a igreja dele.
Realmente, no lugar da capelinha hoje existe a Catedral Metropolitana.

Já alguns históriadores contam outra versão. Os padres teriam tirado a imagem da capela velha, pois a população não tinha o mesmo carinho pela imagem nova colocada na capela recém construída. Para manter os fiéis na capela nova, a Igreja foi buscar a imagem de Santo Antônio. Inconformados, os moradores do Morro da Boiada retiravam a imagem durante a noite e levavam Santo Antônio de volta. Pela manhã, os padres iam buscá-la.
À noite começava tudo de novo.
Foram vários dias de "fuga", dando à imagem o apelido de Santo Antônio fujão.

Pesquisadores afirmam que esse tipo de situação não é raro. Em geral, a imagem acaba ficando no local para onde "fugiu". Mas, em Juiz de Fora, teria havido o contrário, com a imagem ficando onde a elite da época queria, longe do Morro da Boiada e no centro da vila. Independentemente da versão correta ou do fato ser apenas uma lenda, a história inspirou um livro que foi publicado nessa semana. O autor, Antônio Carlos Lemos Ferreira conta as diferentes versões e considera Santo Antônio um co-fundador do município, já que o arraial surgiu em torno da devoção ao santo.