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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

domingo, 17 de janeiro de 2010

Paris no inverno - Turismo com neve e sem filas

Por Michele Pacheco

Eu só conhecia Paris no verão.
Meu pai achava que no frio seria complicado, com muita neve virando lama nas ruas.
Felizmente, ele estava enganado e foi uma experiência inesquecível.
Sou suspeita para falar, pois adoro frio.
Como disse no texto anterior, fomos recepcionados com oito graus negativos.
No segundo dia, foi melhor ainda!
Nevou o tempo inteiro.
A Paula e o Robson, que já estavam encantados com as ruas cobertas de gelo, ficaram maravilhados.

E não era para menos. O Sena ganhou mais elegância, o degradê de cinza e branco deixou a cidade misteriosa e bela como nunca vi.
Por toda parte, pessoas bem vestidas e monumentos brancos de neve.
Difícil era resistir a fotografar cada pedacinho de Paris congelada.
O Robson soltou a imaginação e não fez por menos.
Só no segundo dia, ele tirou quase 400 fotos.

Nós optamos por conhecer a cidade à pé.
Em vários sites, encontramos sugestões para dar preferência aos metrôs e ônibus e evitar ficar muito tempo caminhando.
Mas, somos teimosos e não nos arrependemos.
Com uma boa dose de agasalhos e sapatos com solado grosso, fomos em frente na nossa aventura.

No segundo dia, saímos do hotel, no Boulevard Saint Michel, e fomos margeando o Sena até o Louvre.
Além da beleza lunar, o inverno na cidade luz tem outras vantagens.
Pasmem, não tinha fila!
Eu reclamei porque o Robson e a Paula demoraram para se arrumar e saímos do hotel por volta de dez da manhã.
Tinha certeza de que não conseguiríamos visitar o museu naquele dia.
Também, todas as vezes que fui a Paris a fila dava voltas no quarteirão!
Fiquei com cara de tacho diante dos dois que não entenderam o motivo da minha pressa.

Foi maravilhoso.
Sem a superlotação tradicional de visitantes, ficou mais fácil admirar as obras de arte da galeria dos pintores italianos.
Vimos raridades e quadros famosos que só tínhamos visto antes em livros de arte ou de história.
A Paula realizou o sonho de conhecer o Louvre e parecia em estado de graça naqueles corredores sem fim.

A Monalisa é parada obrigatória.
É surpreendente como Da Vinci conseguiu dar tanta vida a um retrato e criar suspense em torno de uma personagem.
A gente se move pela sala e os olhos dela parecem acompanhar cada passo.
Dizer que é o quadro mais bonito que já vi, é mentira.
Aliás, no Louvre há centenas de obras mais imponentes e marcantes.
Mas, a Monalisa tem um mistério e um charme que atraem os turistas de todo o mundo.

Além da Monalisa, eu queria muito ver a galeria egípcia.
Mas, fiquei na vontade.
Um conselho para os viajantes: consultem o site do Louvre antes de ir para lá.
Em alguns dias da semana, eles fecham certos setores.
No sábado, as alas egípcia e fenícia não são acessíveis ao público.
Se soubéssemos antes, teríamos mudado o dia da visita.
Mas, até que deu para aproveitar o aperitivo que são as salas com uma pequena parte do acervo egípcio.
Não é a coleção famosa, mas dá para entreter os visitantes.

Saímos do Louvre e caminhamos pela neve no Jardin des Tuileries.
Estava lindo.
A grama ficou branca, as fontes congelaram e as estátuas estavam cobertas de neve.
Só restaram cadeiras vazias no local badalado, onde os parisienses e os turistas se divertem com os pés nas fontes, tomando sol no verão.
No inverno, a beleza é diferente.

Na Place de la Concorde, onde foram decaptados o Rei Luis XVI e a Rainha Maria Antonieta, tiramos fotos com o obelisco e observamos os corajosos que embarcavam numa volta na Roda-gigante montada lá.
Do alto a vista deve ser linda.
Mas, com tantos graus abaixo de zero, não animamos.
Da praça, a vista da Torre Eiffel é linda e abriu nosso apetite turístico.

Mas, tínhamos outros planos para o sábado.
Seguimos à direita da Place de la Concorde e fomos caminhando pela Rue Royale até a Madeleine.
A igreja de arquitetura romana é impressionante.
As colunas e os detalhes prendem a atenção.
Ela fica cercada por lojas caras e elegantes.

Enquanto admirávamos a construção, nosso instinto jornalístico veio à tona.
Uns quatro microônibus cheios pararam e dezenas de gendarmes desceram armados.
A Gendarmerie é o equivalente às nossas Tropas de Elite da polícia.
Com protetores nas pernas e no peito e roupas especiais, eles impressionam.
Na hora, pensamos nos nossos amigos policiais e no quanto eles gostariam de ver de perto todo aquele equipamento moderno.
O motivo do reforço na segurança parecia ser em função dos atentados terroristas recentes.

Deixamos para trás o policiamento reforçado e fomos ao Museu Grevin.
Ele aparece pouco nos sites turísticos e nos guias, mas é incrível.
O preço é alto.
Pagamos 52 euros para dois adultos e uma adolescente de 15 anos.
Mas, valeu a pena.
O museu de cera é muito interessante.
Logo na entrada, a galeria das ilusões.
Numa sala pequena e cheia de espelhos, eles fazem coisas incríveis.
Os sons, a iluminação e a decoração mudam e nos sentimos tranportados para os lugares mais fantásticos.

As estátuas reproduzem artistas franceses e internacionais e momentos marcantes da história.
Napoleão, Joana D'Arc, Da Vinci, Michelângelo, Nostradamus, Gandhi, Papa João Paulo II, Irmã Dulce, Madona, Luciano Pavarotti e outros famosos estavam lá, à disposição das lentes das câmeras fotográficas.
Nós aproveitamos!
Eu e o Robson nos divertimos acompanhando as poses das estátuas de cera.
A Paula foi mais comedida.
Saímos do museu e já estava escuro.
Fomos caminhando de volta ao Quartier Latin e registrando a beleza dos pontos turísticos à noite.

No domingo, terceiro dia de viagem, outra longa caminhada.
Saímos do hotel rumo à igreja de Saint Sulpice.
Quem leu "O Código Da Vinci" ou viu o filme sabe que ela teve papel importante na história de Dan Brown.
Mas, não recomendo a ninguém procurar informações sobre o livro por lá.
A fama gerada pela história incomodou os mais tradicionais.
Uma placa foi colocada próximo ao meridiano, informando que ele é um instrumento astronômico criado para marcar os solstícios e não tem qualquer relação com seitas ou conspirações.

Polêmicas à parte, a igreja é linda e vale a pena dar uma passada por lá.
O altar, os vitrôs e o órgão são atrações imperdíveis.
Tiramos muitas fotos e ficamos observando a linha dourada que cruza a igreja.
Ela é citada no livro como sendo um indicativo de onde estaria o Santa Graal.
Na vida real, a linha faz parte do meridiano.
O sol bate numa das janelas, incide sobre o globo dourado no alto do obelisco e reflete em pontos diferentes da linha dourada, marcando o início de cada estação do ano.

O próximo ponto visitado foi o Museu de L'Armée.
O acervo tem peças de todas as guerras.
São armamentos, roupas, mapas e instrumentos usados nos mais diversos conflitos.
É uma viagem no tempo e uma aula de história.
Mais uma vez nosso lado jornalístico veio à tona e ficamos de queixo caído com os vídeos exibidos e os relatos da imprensa na época das grandes guerras.
Pena que os DVDs com essas imagens são tão caros.

Ainda no museu, visitamos o túmulo do Napoleão.
Fica no Dome.
A construção tem uma cúpula grandiosa, que reflete a imagem de um grande conquistador.
Louco para alguns, brilhante para outros, Deus para ele mesmo.
Napoleão ainda desperta polêmica e admiração.
O túmulo em mármore rosa é gigantesco.
No Dome também estão enterrados outros militares e algumas autoridades.

Seguindo nossa maratona de domingo, fomos para a Torre Eiffel.
Mais uma vez, fiquei agradavelmente surpresa.
Ao contrário das minhas experiências anteriores, de ficar com a perna dormente de tanto esperar na fila, dessa vez não havia ninguém na nossa frente.
Foi só pagar e esperar o elevador.
Viva o inverno!
Quando chegamos no segundo andar, a vista estava inacreditável.
A cidade branca de neve e uma neblina suave davam a impressão de termos entrado num sonho.

Ainda estávamos babando na paisagem, quando veio o aviso de neve.
Claro que adoramos.
Estava tudo perfeito.
Do alto da torre mais famosa do mundo, nos divertimos com os flocos caindo.
Para completar, tomamos uma deliciosa "soupe de champignons" e um chocolate bem quente.
Como disse a Paula, poderia ter sido até um copo de água que lá teria um sabor especial.

Inspirados pela beleza de Paris, seguimos pela margem do Sena e cruzamos a ponte De L'Alma, rumo ao Champs Elisée.
Estava começando a escurecer e tivemos o privilégio de admirar a decoração de Natal da avenida mais chique da Cidade Luz.
Entre as lojas caríssimas, as árvores cintilavam com luzes azuladas e um efeito especial que dava a impressão de que gotas azuis pingavam das copas desfolhadas pelo inverno.

Depois de tirar fotos com o Arco do Triunfo ao fundo, começamos nossa longa jornada de volta.
Por onde passávamos, mais cenas inesquecíveis.
Cada monumento, cada ponte, cada loja.
Tudo isso vai ficar para sempre na nossa memória.
Com certeza, o presente de quinze anos da Paula foi também um presentão para mim e para o Robson.
Nesse dia, ele parecia uma criança num parque de diversões, feliz com a máquina fotográfica disparando sem parar.
E pensar que ainda tínhamos mais quatro dias pela frente.