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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Blitz da Saúde ajuda adolescente em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

No último encontro de jornalismo do SBT, cada emissora da rede
ou afiliada apresentou as estratégias que deram certo em
diferentes regiões do país.
No SBT Rio, a novidade era o quadro Blitz da Saúde.
A equipe vai até hospitais e unidades básicas de saúde acompanhar as reclamações dos pacientes do SUS.
Os problemas são registrados e a equipe volta quantas vezes for preciso, até que a questão seja resolvida.

A TV Alterosa adotou a idéia e também implantou a Blitz da Saúde em Minas Gerais.
E com ótimos resultados.
Mais do que audiência subindo, temos a satisfação de ver que problemas antigos estão sendo resolvidos.
O objetivo não é prejudicar nenhuma prefeitura ou hospital, apenas cobrar atenção para situações que poderiam ser resolvidas com mais rapidez.

Em Juiz de Fora, estamos comemorando uma vitória enorme.
Um amigo me contou que havia na UPA, Unidade de Pronto Atendimento, do bairro Santa Luzia, zona sul da cidade, uma adolescente precisando com urgência de um exame caro e que ela não estava conseguindo.
Isso foi na quarta-feira.
Entreguei meu cartão e pedi que encaminhasse à família da adolescente, caso precisassem da nossa ajuda.
A mãe me ligou desesperada no fim do dia.

O exame necessário era muito caro.
A adolescente estava sendo bem atendida na UPA, com total apoio dos médicos e enfermeiros.
Mas, eles não tinham como fazer o exame necessário.
A Ana Carolina estava cheia de cálculos na vesícula e eles estavam saindo pelos canais e indo para outros órgãos.
A mãe estava apavorada porque a informação que recebeu era de que a filha precisava com urgência de uma CPRE.

O exame é uma espécie de endoscopia acompanhada de Raio-X.
Ele permite eliminar alguns pólipos ou cálculos que estejam obstruindo algum canal.
No caso da Ana Carolina, isso era imprescindível para que ela pudesse ser operada sem maiores riscos.
Um amigo da família acionou o Conselho Tutelar porque a família não estava conseguindo atendimento.
Os conselheiros acionaram o juiz de plantão no carnaval.

José Armando Pinheiro da Silveira foi informado do caso e alertado
de que o Hospital Monte Sinai era o único da cidade que estava com o equipamento funcionando durante o feriado.
O problema é que o responsável pelo hospital disse que o aparelho não estava funcionando.
Suspeitando de má vontade da instituição porque a paciente era do SUS, os conselheiros pediram ajuda e conseguiram uma ordem judicial para que o exame fosse feito imediatamente.

Gravamos entrevista com o juiz, enquanto nossa produtora,
Flávia Souza, entrava em contato com o hospital.
Fomos informados de que o aparelho estava funcionando apenas para endoscopia e não daria para fazer a CPRE.
A direção negou qualquer preconceito ou tentativa de fugir ao atendimento pelo SUS.
A médica responsável pelo exame está grávida e não pode fazer Raio-X. O outro médico que poderia fazer o procedimento recomendado viajou e deixou o equipamento em manutenção.

O que parecia um impasse difícil de resolver, e poderia acabar em ordem de prisão, tomou outro rumo.
O diretor de plantão no Monte Sinai era o médico Jorge Montessi.
Ele também é diretor técnico do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus.
Ao contrário do que ocorre na maioria das reportagens na área de saúde, em vez do tradicional "nada a declarar", ele se prontificou a gravar entrevista.

Depois de nos explicar todos os contra tempos, disse que tinha
acionado
vários médicos e que o endoscopista José Maria Mendes de Morais, um dos mais conceituados de Juiz de Fora, tinha apresentado a solução.
O equipamento do Hospital e Maternidade seria posto em funcionamento na quinta-feira e ele se dispunha a incluir a Ana Carolina na lista de pacientes a serem examinados.
Parecia a solução perfeita.
Mas, a ordem judicial era bem clara: o Hospital Monte Sinai teria que fazer o exame.

Ligamos para o juiz, explicamos a situação e a sugestão apresentada
pelos dois hospitais.
Com a firmeza e a boa-vontade que tanto admiramos, o José Armando deixou claro que o objetivo era ajudar a adolescente.
Se havia uma solução prática à vista, deveria ser posta logo em prática.
Que a adolescente fosse então para o Hospital e Maternidade.
Repassamos a informação ao diretor e ele imediatamente comunicou aos profissionais da UPA que a paciente poderia ser transferida no início da tarde de quinta-feira.

Claro que não deixaríamos de acompanhar de perto um caso que
parecia ter um final feliz bem próximo.
Encontramos na porta do Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus a família da Ana Carolina.
A Silvânia, mãe dela, estava com um ar mais aliviado e chegava a sorrir ao falar da ajuda conseguida.
Ela tinha consciência de que a situação ainda era grave, mas estava otimista.

A adolescente foi a primeira a fazer o exame.
Os pais e familiares esperavam do lado de fora ansiosos por notícias.
Eles tinham esperança de que o exame fosse tranquilo e que a filha conseguisse agendar uma cirurgia para o mais breve possível.
Depois de uma espera curta, que pareceu extremamente longa, eles foram chamados pela equipe médica.

O Jorge Montessi também fez questão de conversar com eles.
Explicou que o procedimento foi feito.
Disse que a garota ainda tinha um número elevado de cálculos na vesícula e que o órgão teria que ser removido.
Se eles não fizessem isso, os cálculos continuariam aumentando de tamanho e quantidade e poderiam levar a paciente à morte.

Fomos convidados a conversar com o médico responsável pelo exame.
José Maria Mendes de Morais foi logo ao assunto.
Ele nos mostrou as radiografias da paciente.
Era mesmo surpreendente o número de "pedrinhas" espalhadas pela vesícula e pelos canais no entorno.
O perigo era que elas migrassem e obstruissem rins e outros órgãos.

Com calma e paciência, o médico endoscopista foi nos contando
o que fez durante o exame.
Eles começam como se fosse uma endoscopia comum.
Mas, os equipamentos em conjunto permitem a desobstrução de forma mais rápida e eficiente.
Assim, a cirurgia para retirada dos cálculos pode ser feita com risco menor para a paciente.
Confesso que a explicação técnica foi enorme e complicada.
Por isso, resumi na matéria, com entrevista dele.

Depois, fomos até à sala onde o exame é feito.
Segundo o Jorge Montessi, para fazer a CPRE é necessário um conjunto de equipamentos.
Todos são muito caros.
Por isso, o exame custa em média 5 mil reais, em Juiz de Fora.
A idéia do HMTJ é se transformar num centro de referência nesse tipo de procedimento.
O hospital já investiu no maquinário e em profissionais.

Como a administração é feita em conjunto com a Universidade
Suprema, o interesse é de transformar a instituição num hospital de cunho educacional.
Seria o equivalente ao que já é feito com o HU, Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Para isso, uma proposta foi apresentada à prefeitura.
Segundo o Jorge, a secretária de saúde de Juiz de Fora tinha mostrado muito empenho em estudar essa possibilidade.

Em entrevista, ele explicou como funcionaria a proposta.
Se ela fosse firmada, o HMTJ disponibilizaria profissionais, infraestrutura e equipamentos para fazer 20 CPREs por mês.
Isso ajudaria a aliviar o desespero de famílias como a da Silvânia, que vêem parentes queridos sofrendo à espera do exame que pode salvar a vida deles.
O Jorge Montessi disse que a proposta era oferecer os exames à prefeitura por um valor bem mais baixo do que o cobrado normalmente pelo procedimento.

Como o interesse é de ambas as partes, ele estava otimista quanto ao resultado das negociações.
A confirmação de que a proposta foi aceita foi dada ao vivo no
Jornal da Alterosa Edição Regional de hoje.
A Secretária da Saúde, Maria Ruth, foi muito gentil de aceitar nosso convite e explicou como vai funcionar a parceria.
A partir de agora, os pacientes que precisam de CPRE e não conseguirem no HU vão ser encaminhadas diretamente para o Hospital e Maternidade Therezinha de Jesus.

Diante da alegria e do alívio da família da Ana Carolina, nós ficamos emocionados.
Notícias ruins pipocam em todos os telejornais.
Informar é a nossa função como jornalistas.
Mas, quando a informação é alegre e positiva, nossa sensação de dever cumprido é muito maior.
Saber que outras pessoas desesperadas em alguma fila de espera do SUS vão ver a reportagem e acreditar que é possível encontrar soluções também para o caso delas é sensacional!

Parabéns à família que lutou de todas as formas para conseguir socorro.
Parabéns ao Conselho Tutelar que não mediu esforços para ajudar.
Parabéns ao juiz que exigiu uma solução imediata.
E parabéns aos médicos que se empenharam em resolver o problema da melhor forma possível para todos.
E vamos em frente com a Blitz da Saúde!