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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Pedofilia – menino violentado e degolado em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Esse é o tipo de notícia que ninguém quer dar ou ouvir.
O que leva uma pessoa a abusar de um menino de 9 anos e ter o sangue frio de cortar o pescoço dele depois do ato sexual?
Isso é mais do que uma perversão, é uma monstruosidade!
Marco Antônio Rangel Mendes foi visto pela última vez pelo pai na quinta-feira passada.

“Ele chegou da escola e disse que iria brincar com uns amigos na rua.
Quando ficou tarde e ele não apareceu, o pai começou a procurar.
A cada hora chegava uma informação diferente e nós perdemos muito tempo procurando nos lugares errados” lamentou o tio do menino.
Cleudes disse ainda que o sobrinho era um garoto tranqüilo e que não se metia em confusões.

A informação passada pelos colegas da vítima foi que eles brincaram num campo de futebol de terra que fica no alto do bairro São Geraldo, perto de um matagal.
Depois de algumas horas, o grupo decidiu ir embora, mas o Marco Antônio ficou para trás.
O irmão da vítima disse que uma das histórias contadas pelos amigos falava de um homem ter pedido ajuda ao menino para pegar um cavalo no pasto.

O corpo do garoto foi achado pelos colegas no sábado.
Eles estavam passando por uma trilha perto do campo de futebol e notaram o corpo de lado, encolhido, com as pernas cruzadas e muito sangue sob a cabeça.
Ao lado, estavam a mochila que ele usava e o par de chinelos.
Um corte profundo na garganta foi a causa da morte, segundo o exame de necropsia.
E havia sinais de violência sexual.
A família e a polícia buscam suspeitos.
Alguns parentes desconfiam que o assassino seja alguém que tinha contato com o menino, pois ele não teria ido para o meio do mato com um desconhecido.

O caso levanta uma questão grave: o aumento da violência contra crianças e adolescentes.
O Jornal da Alterosa Edição Regional estreou hoje uma série de três reportagens sobre “Infância e Juventude em perigo”.
A primeira reportagem falou justamente da violência que inclui negligência da família, agressões, cárcere privado, pedofilia.
Fizemos imagens de crianças e adolescentes pelas ruas de Juiz de Fora.
Pedindo esmolas ou fazendo malabarismos nos sinais em troca de dinheiro, eles tentam sobreviver à negligência da família.

Um tipo de violência que está se tornando comum na cidade é o cárcere privado.
Com um número elevado de adolescentes e crianças envolvidos com droga, muitos pais desesperados apelam e prendem os filhos em casa.
Há duas semanas, conselheiros tutelares foram a uma casa no bairro Santa Efigênia, zona sul de Juiz de Fora, averiguar a denúncia de que uma mulher mantinha a filha de 13 anos presa num quarto para impedir que ela fugisse para a rua.

Uma outra mulher foi presa pela Polícia Militar depois que vizinhos denunciaram que ela acorrentava o filho em casa.
“Ele rouba, usa droga e fez ligação direta numa Kombi.
O que falta ele fazer?
Eu não quero que meu filho seja um marginal.
Não faço isso por maldade, apenas quero afastar meu filho do crime” desabafou a mulher abalada com os problemas do adolescente.
Cárcere privado é crime.

Um outro tipo de violência tem desafiado as autoridades: a pedofilia.
Quando um adulto sente atração por meninos e meninas e não controla os impulsos, pode transformar crianças felizes em vítimas assustadas e traumatizadas.
A psicóloga e sexóloga, Maria Lúcia Beraldo, explica que o abuso e a exploração sexual deixam seqüelas que exigem acompanhamento psicológico permanente.

“Na menina, a violência sexual pode deixar conseqüências emocionais e sexuais, impedindo que ela tenha uma vida sexual e afetiva saudável. No menino, o reflexo pode não ser na vida sexual, mas na violência, tornando a vítima um indivíduo de pavio curto, sempre disposto a agredir como forma de defesa e auto-preservação. Em ambos os casos, as vítimas têm muita dificuldade para voltar a confiar nos adultos” esclarece Maria Lúcia.

A delegada de Mulheres, Maria Isabella Santo, lembra que na maioria dos casos, o agressor é uma pessoa da confiança da vítima.
“Nossas investigações apontam que, em geral, a violência sexual é praticada por pais, irmãos, padrastos, tios, primos... pessoas que têm a confiança da vítima e fácil acesso a ela” revela.
A dica da delegada é para que os parentes e vizinhos de uma criança ou de um adolescente que mostrem sinais de violência sexual façam a denúncia.
A mãe da vítima deve registrar queixa na delegacia e dar encaminhamento à investigação.

O advogado Luiz Alexandre Botelho lembrou na reportagem que a violência sexual contra crianças e adolescentes é crime e tem punição rigorosa.
“O Código Penal prevê punição severa para quem pratica esse tipo de crime e pode haver acréscimo da pena caso a agressão provoque danos físicos e morte da vítima.
Se o agressor é o pai ou alguém da família, a punição é ainda mais rigorosa” conta Luiz Alexandre.