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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Chuvas e estragos no Reveillon em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Esse foi um dos finais de ano mais turbulentos que já tive na profissão.
Choveu sem parar de quarta à tarde até sexta de madrugada.
O resultado só podia ser um: tragédia!
Hoje pela manhã, fomos a Guarará, cidade próxima, registrar a interrupção parcial da BR 267.
Um buraco, que estava sendo corrigido desde a semana passada, reabriu e deixou o trânsito em meia pista.

Dentro da cidade, um muro de pedra desabou e cobriu de entulho e lama a principal rua de Guarará.
Famílias inteiras juntaram baldes, vassouras e mangueiras para limpar a sujeira.
Os moradores que vivem bem em frente ao trecho que desmoronou contaram que por pouco não perderam o carro.
A kombi estava na rua e foi retirada às pressas.

Segundo a população, não é a primeira vez que desabamentos são registrados no trecho.
Algumas pessoas estavam revoltadas com a falta de apoio da prefeitura.
Como era véspera de feriado, o esquema deveria ser de plantão.
Mas, segundo os moradores, nenhum representante do município
esteve no local.
Apenas policiais militares apareceram para registrar a ocorrência.

De volta a Juiz de Fora, levamos o material para a edição.
Uma fonte avisou que o bairro Santa Cecília estava com problemas no mesmo trecho que vem desabando desde outubro.
No local, terra, vegetação e pedras se espalharam pela rua e quase atingiram a calçada do outro lado.
Robson me deixou na TV, já que estamos em esquema reduzido de plantão e eu estava escalada para ajudar na exibição do jornal, e seguiu para a zona norte, onde rio Paraibuna estava quase transbordando.

Com o rio acima do nível normal, o córrego que corta o bairro Industrial não consegue desaguar no rio e transborda.
As ruas vizinhas ficaram alagadas.
Em toda a extensão do córrego e na beira do rio, os moradores se protegiam com sombrinhas, enquanto vigiavam a água subindo rápido.
Muitos eram curiosos, mas a grande maioria era de pessoas que vivem naquele ponto e que precisam tirar tudo de casa ao menor sinal de inundação.

O que chamou a atenção de todos foi que a sirene da régua que mede o nível do Rio Paraibuna não disparou depois do limite de segurança ser ultrapassado pela água.
Funcionários da Defesa Civil foram avaliar o que tinha ocorrido e descobriram que vândalos cortaram os fios.
Ato irresponsável que poderia colocar várias vidas em perigo se a enchente fosse à noite.
As pessoas ficam confiando na sirene e não notariam o risco que corriam até se tarde demais.

Os moradores enfrentaram frio e chuva para chegar em casa nos trechos alagados.
O jeito foi levantar os móveis e apelar para os terraços e as casas dos vizinhos que são mais altas.
O pessoal trabalhou duro no início da tarde.
A ceia de Reveillon foi esquecida nas casas desmontadas para evitar prejuízos com a enchente. Muitos voluntários saíram de todo canto de Juiz de Fora para socorrer parentes, amigos ou mesmo desconhecidos.

Em meio ao caos, uma cena chamou a atenção do Robson, que fez questão de registrar e me mostrar.
Uma ratazana saiu dos esgotos inundados e ficou acuada num canto seco da calçada.
O bicho estava machucado e com a respiração de quem correu muito para chegar lá.
Mesmo ficando com pena da coitadinha, não esqueci que os roedores são um perigo a mais em tempo de enchente.
A urina deles misturada à água pode provocar doenças como a leptospirose.

Na zona da sul da cidade, os problemas foram com os deslizamentos de terra.
Das seis da tarde de quarta-feira até as cinco da tarde de quinta, a Defesa Civil registrou 87 ocorrências.
No bairro Graminha, a queda de um barranco assustou o motorista de um ônibus.
Para desviar da terra, ele jogou o veículo em cima da calçada, onde ficou preso.
Por pouco não houve um acidente grave.
Dez passageiros estavam no coletivo.

No bairro Santa Luzia, a terra cedeu e um vão se formou debaixo de uma calçada.
Um poste ficou pendurado, para desespero dos moradores.
A família que mora na casa bem em frente ao deslizamento passou o Reveillon na casa de parentes.
O medo dos moradores era de que a chuva constante acabasse de tirar a terra e derrubasse a rua e o poste./

Em outro trecho do mesmo bairro, o deslizamento foi nos fundos de uma casa.
Dois quartos e um banheiro foram atingidos e destruídos.
Havia mato e entulho por toda parte.
A quantidade grande de brinquedos soterrados revelava que um dos cômodos que ficaram debaixo da terra era onde as crianças dormiam.
A casa foi interditada pela Defesa Civil.

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Depósito clandestino de fogos de artíficio em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Uma denúncia anônima pelo telefone 181 levou policiais civis e bombeiros até uma loja no bairro Cerâmica, zona norte de Juiz de Fora.
O depósito era discreto e passava despercebido entre outras lojas.
No local, foram apreendidas mais de 200 caixas de fogos de artifício.
O material estava acondicionado de forma errada.

Encontramos no local o Carlos Mendonça, fotógrafo, e o Marcus, repórter, do jornal JF Hoje.
Colocamos a conversa em dia, enquanto apurávamos o caso.
O Robson e o Mendonça trabalharam em conjunto, sem incomodar um ao outro.
Muitas vezes, alguns colegas esquecem que estamos todos no mesmo barco, o do jornalismo, e se empenham em atrapalhar o serviço alheio.
Acho desnecessário e absurdo.
Ainda que a gente apure as mesmas coisas, cada um tem o seu jeito de contar a história.

Os bombeiros disseram que não havia qualquer mecanismo de prevenção a incêndio no local.
A loja pequena e abafada tem dois basculantes, que eram mantidos fechados, tornando impossível a ventilação.
Entre as pilhas de caixas de fogos havia alguns de destaque.
As girândolas de 1080 tiros estavam entre os produtos mais potentes, com maior carga de pólvora.
Elas são usados em shows pirotécnicos.

As embalagens informavam a data de validade sem irregularidades.
A maioria dos fogos só vai vencer em 2014.
A suspeita dos policiais era de que o estoque foi reforçado para as festas de fim de ano.
O depósito é de uma loja de artigos para caça e pesca.
Os responsáveis afirmaram que têm as notas fiscais na loja.
O problema é que o material não poderia estar acondicionado de modo irregular.

Os bombeiros e os policiais civis apreenderam tudo o que foi encontrado.
O risco de uma explosão era grande.
Ninguém soube informar o impacto que tantos fogos de artifício confinados num ambiente tão pequeno poderia ter na vizinhança, formada por imóveis residenciais e comerciais.
A Polícia Civil e o Corpo de Bombeiros agradecem a quem informou a irregularidade pelo Disque Denúncia.
Quem souber de casos parecidos pode ligar para o 181.

Dengue - surto em Carangola/MG

Por Michele Pacheco

Carangola fica a 359km de Belo Horizonte, na Zona da Mata Mineira.
A cidade de 32 mil habitantes luta contra um inimigo desleal: o mosquito Aedes aegypti, o transmissor da dengue.
Só neste mês, já foram registradas 152 notificações e 22 confirmações.
Muito mais do que em todo o ano.
De janeiro a novembro, foram 38 notificações e 9 confirmações.

Por toda parte, a dengue é o assunto mais discutido.
No bairro Triângulo, estão 90% dos casos registrados.
Ana Cristina passou aperto com a filha de 4 anos.
A menina ficou 5 dias com febre alta, vermelhidão pelo corpo e reclamando de dores.
A criança foi medicada e já está bem.
Mas, o susto preocupou a família.
Dona Maria Helena viu nossa equipe e foi logo perguntando se estávamos cobrindo a dengue.
Ela explicou que não mora no Triângulo, mas estava lá cuidando do filho que teve a doença.
Perguntei se ela não estava com medo e a dona de casa foi logo dizendo que está apavorada.
"Eu tenho que ter medo, né? Fiquei cuidando dele e o bairro está cheio de mosquitos.
Qualquer um pode pegar dengue" falou ainda assustada com o sofrimento do filho.

No PAM, Pronto Atendimento Médico, do bairro Triângulo chegam por dia cerca de 50 pessoas com sintomas parecidos com os da dengue: dores pelo corpo, febre, manchas vermelhas pelo corpo, falta de apetite...
Enquanto fazíamos as entrevistas e as imagens, o Anderson chegou com a mulher dele.
Abatido, o ajudante de caminhão mal conseguia ficar em pé, enquanto a esposa preenchia a ficha dele.
Desde sábado, ele estava com mal-estar e suspeitava de dengue.

O Anderson e todos os pacientes com suspeita da doença são medicados no PAM e liberados.
Eles são orientados a procurar os postos de saúde sete dias depois do início dos sintomas.
O objetivo é recolher amostras de sangue para enviar a análise em Belo Horizonte.
Antes de uma semana, não adianta coletar material para exames.
A enfermeira Poliane de Oliveira explicou os procedimentos adotados e disse que os casos suspeitos são frequentes.

O trabalho preventivo foi intensificado nas últimas semanas.
Equipes da Vigilância em Saúde percorrem os bairros onde foram identificados focos do mosquito.
Eles revistam os quintais das casas à procura de recipientes que possam armazenar água e se transformar em "berçário" para as larvas do Aedes aegypti.
Onde há suspeita de larvas, as equipes usam o larvicida.
O índice de infestação em Carangola é de 2,6%.
O recomendado pelo Ministério da Saúde é menos de 1%.
As autoridades não sabem explicar o que levou a esse surto.
Elas afirmam que o trabalho preventivo foi mantido durante todo o ano.
O coordenador de Vigilância em Saúde, Airton Nunes, disse que foi um ano com muitas pancadas de chuva fora de hora, o que pode ter ajudado a eclodir os ovos e aumentar o número de mosquitos na cidade.

Um problema que anda desfiando as autoridades de saúde do município é a falta de colaboração da população.
O acúmulo de lixo fora do lugar é uma preocupação constante.
Sacolas plásticas, latas, garrafas e todo tipo de material descartado em terrenos baldios podem se transformar em reservatório de água e foco de dengue.
Um campanha educativa deve ser posta em prática logo, segundo o Secretário de Saúde, Amauri Costa.
É bom lembrar que o combate à dengue é uma responsabilidade de todos!

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Reveillon - atenção dobrada nas estradas de Minas Gerais

Por Michele Pacheco

No fim do ano, nenhum órgão de imprensa escapa das tradicionais reportagens sobre as
condições das estradas e o alerta da Polícia Rodoviária Federal para quem for viajar nos feriados prolongados.
Em Minas Gerais, a situação é mais complicada.
O estado tem a maior malha viária do país.
E, consequentemente, o maior número de acidentes automobilísticos.
Desde a semana passada, temos percorrido as estradas da Zona da Mata e feito entrevistas com os policiais.

Para o Robson, fazer imagens das estradas nessa época é um sofrimento.
Das duas uma: ou ele vai trabalhar debaixo de um temporal ou vai suportar o sol escaldante.
Hoje, ele aguentou o sol na BR 116.
Paramos para registrar os trechos mais complicados e perigosos e juntar na matéria sobre as rodovias.
Apesar do sufoco, ele ainda encontrou tempo para posar para foto, fazendo graça!

Na semana passada, o problema foi a chuva constante.
Fomos para a festa de fim de ano da TV Alterosa em Belo Horizonte e voltamos na quarta-feira direto para o trabalho.
Gravamos entrevista com o Wallace Wischansky, Inspetor da Polícia Rodoviária Federal em Juiz de Fora.
Ele falou sobre as condições das BRs 040 e 267 e pediu cautela aos motoristas.

A previsão de chuva sempre deixa os policiais rodoviários em alerta.
A Zona da Mata Mineira é marcada por muitas serras e montanhas.
As curvas são inevitáveis e os acidentes também.
A imprudência dos motoristas é outro fator importante.
No trecho entre Juiz de Fora e Santos Dumont, o índice de acidentes preocupa.
Na maioria dos casos, o descuido dos condutores foi a causa do problema.
Em alguns pontos, as batidas são tradicionais.

Um deles é o trecho em Ewbanck da Câmara, conhecido como Viaduto da Morte.
Acabamos a entrevista com o inspetor e ficamos sabendo que um carro tinha caído do viaduto.
Todo ano, em especial nos feriados, alguém despenca dele.
Foi o que registramos na semana passada.
Fomos para lá e encontramos várias pessoas tentando ajudar o motorista de um Fiat Fiorino que estava desacordado dentro do veículo.

Segundo testemunhas, ele perdeu o controle da direção na entrada do viaduto, no sentido Santos Dumont-Juiz de Fora, invadiu a contra-mão e derrubou a mureta, caindo de uma altura de 30 metros.
Por sorte, o carro ficou preso dentro de um córrego, na posição normal, sem capotar ou tombar.
A violência da queda deixou o motorista caído no banco do passageiro, preso pelo cinto de segurança.
Quem passava pela estrada e moradores da região foram os primeiros a prestar socorro.

Eles tiveram ajuda de policiais militares de Ewbanck da Câmara e de uma equipe de socorristas que passava pelo trecho na hora do acidente.
Pouco depois de começarmos a gravar, os bombeiros chegaram.
Eles avaliaram as condições de descida e de retirada da vítima.
Alguns agilizaram o trabalho e desceram de rapel.
Outros preparavam os equipamentos necessários para o resgate.

Foram momentos de tensão.
A chuva não parava e o volume de água do córrego subia depressa.
Com o carro represando o curso d'água, o medo era de que a vítima morresse afogada antes de ser retirada.
Dentro da água fria, no meio da lama, entre a vegetação densa,
bombeiros e voluntários trabalharam duro para ajudar o homem ferido.
Pedaços de metal e até uma marreta foram usados para abrir a porta do carro.
Foi difícil, mas eles conseguiram.

O cinto de segurança foi cortado e a vítima foi retirada aos poucos, com muito cuidado, e colocada numa maca.
Os primeiros socorros foram prestados e o motorista foi amarrado para ser levado encosta acima.
Moradores que conhecem melhor do trecho foram na frente, usando foices e facões para abrir passagem no mato fechado.
O deslocamento foi lento e todos temiam pela vida do ferido.

Entre os voluntários, estava um homem que, pelo segundo ano seguido, salvou acidentados no mesmo local.
Ele se arriscou no terreno perigoso para ajudar.
"Não há como medir esforços para salvar uma vida.
A gente nem pensa no risco que corre.
É o segundo Natal que eu ajudo a salvar pessoas que caíram deste viaduto" explicou o herói anônimo que estava à caminho da casa da sogra em Santos Dumont quando viu o acidente.
Sujo, molhado e satisfeito com a boa ação, ele seguiu viagem.

O motorista ferido foi colocado numa ambulância do Resgate.
Antes de deixar o local, os bombeiros estabilizaram a vítima.
O homem foi colocado num aparelho de oxigênio e preso à maca.
Uma manta térmica foi usada, já que o acidentado ficou muito tempo desmaiado na água fria.
Ele foi levado para o Hospital de Pronto Socorro de Juiz de Fora e ficou a semana inteira internado no CTI.

O Natal foi marcado por muitos acidentes no estado.
Agora, fica a preocupação com o Reveillon.
O tempo ainda é instável por aqui e tem chovido todo dia.
Quem for passar pelas rodovias mineiras deve ter mais atenção do que o normal.
Na BR 040, próximo a Congonhas há um trecho em obras.
Na serra da Matiqueira, as curvas exigem cautela.
Na BR 267, há muitos buracos entre Juiz de Fora e Leopoldina.
Em Argirita, a queda de uma barreria na serra ainda deixa uma pista interditada, colocando em risco quem passa.
Na BR 116, de Muriaé a Fervedouro há vários pontos perigosos, com muitos desníveis na pista.
Alguns degraus mais acentuados, em Miradouro, podem provocar acidentes.
Os veículos mais pesados quase tombam ao passar.