Fui convidada pelo Ricardo Bedendo, um profissional que admiro
muito, para dar uma oficina-palestra de Jornalismo Policial no CES, Centro de Ensino Superior.Amei o convite.
Como já disse em outros textos, adoro o contato com estudantes de comunicação.
Eles sempre têm uma curiosidade natural sobre a profissão e os desafios dela.
Hoje foi o primeiro dia. O Robson preparou um DVD com matérias
policiais que tínhamos guardado no nosso arquivo pessoal.O tipo de reportagem que tem um significado especial por algum motivo e que nos marcou.
Pois elas serviram direitinho ao meu propósito.
Mostrei os vídeos e fui explicando os bastidores de cada matéria, de cada informação exclusiva, de cada levantamento feito junto às fontes.
No início, achei que ninguém estava prestando muita atenção.Afinal, ficar numa segunda-feira cedo numa sala escura vendo vídeos é suficiente para dar um sono daqueles.
Mas, aos poucos fui notando o interesse dos estudantes a cada história.
Eles estavam meio tímidos, parecendo sem jeito de expressar a própria opinião.
Depois de um intervalo, pedi que cada um apontasse a reportagem
que mais tinha gostado ou que gostaria de ter feito ou que não gostou.E fiquei surpresa com o resultado.
As colocações e explicações foram inteligentes e mostraram que todos tinham absorvido a mensagem passada.
Cada um se interessou mais por uma ou outra cobertura policial.
E as razões apresentadas para a escolha foram coerentes.
Notei também uma preocupação
grande com conceitos básicos do jornalismo e as dúvidas típicas de estudantes de comunicação. Foi ética a cobertura do caso Eloá? É certo a imprensa colocar um seqüestrador ao vivo por telefone? Isso não piorou a situação? Como vocês fazem ao chegar no local de uma ocorrência? Como são recebidos pela polícia em casos complicados? Vocês já sofreram ameaças?As perguntas mostraram que o grupo está sendo bem orientado pelos professores do CES.
São futuros profissionais que começaram cedo a colocar em discussão os valores e os erros da profissão.
Ningué
m tem uma lei que determine o que é certo ou errado no jornalismo. Mas, o bom-senso é imprescindível!Fiquei tão impressionada com o grau de profundidade dos questionamentos, que fui fazer uma pesquisa sobre as dúvidas dos estudantes. Acho que vai ser legal levar mais detalhes para discutirmos nesta terça-feira, último dia da oficina-palestra.
Achei um texto muito bom no Portal Imprensa, justamente sobre o caso do uso da entrevista por telefone no programa da Sônia Abrão. O autor do artigo discorda do que foi feito e alega que isso deu uma sensação maior de poder ao seqüestrador.
O Robson hoje comentou que, apesar da polêmica, não podemos
esquecer o mérito do profissional que conseguiu localizar o número do telefone e fazer o contato.Ele exerceu o papel de jornalista.
A discussão com os alunos foi empolgante a esse respeito e chegamos à conclusão de que nenhum de nós está realmente seguro para afirmar que foi certo ou errado.
Estou ansiosa para aprender mais com os estudantes amanhã. Esse é um intercâmbio de idéias e impressões que sempre traz benefícios.
Só posso agradecer ao Ricardo Bedendo e aos estudantes que
sugeriram meu nome para a Semana de Comunicação do CES.Na sexta-feira, vai ser a vez do Robson se divertir, dando um mini-curso de Noções Básicas de Câmera.
Tenho certeza de que todos vão gostar do que ele preparou.
Pena que vou estar trabalhando no horário e não vou poder tietar meu marido e mestre profissional.
O trabalho que ele teve montando o curso foi enorme.
Claro que em três horas só vai poder apresentar a versão super-reduzida. Mas, já vai ser um aprendizado e tanto.
