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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Queimadas dão trabalho em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Hoje foi um daqueles dias em que a gente olha para o céu e só vê fumaça.
As queimadas foram registradas pelos bombeiros em cinco bairros das regiões sul, leste e centro.
Os bairros onde as ocorrências foram registradas foram Bela Aurora, São Benedito, Nossa Senhora Aparecida, Jardim de Alá e Paineiras.

Nós acompanhamos o incêndio entre os bairros Paineiras e Dom Bosco.
Moradores da rua Padre Café chamaram os bombeiros ao avistar a fumaça e o fogo por volta de quatro da tarde.
A queimada começou numa moita de bambu na parte de baixo do morro, nos fundos de algumas casas na rua Olegário Maciel.
Depois, se alastrou morro acima.

Procuramos um local bom para fazer imagens na parte de baixo, subimos várias ruas no Dom Bosco e avistamos de longe o fogo.
Aproveitamos para fazer algumas imagens e improvisar uma passagem.
Quando a gente não sabe o que vai render, tudo o que tem deve ser aproveitado.
Eu até poderia achar imagens e informações melhores, mas a passagem tinha dados do início da ocorrência, o que fazia com que ela não perdesse o sentido independentemente do que rolasse depois.

Seguimos o rastro do fogo e da fumaça até uma área nos fundos da Universidade Federal de Juiz de Fora.
Ainda não era o que queríamos.
Fomos testando todos os caminhos que conhecíamos naquele trecho, até achar um ponto privilegiado.
Lá, estava um caminhão-tanque dos bombeiros com três militares trabalhando no combate às chamas.

A vegetação rasteira e seca foi como combustível, alimentando a força do fogo.
As labaredas eram arrastadas pelo vento forte e se espalhavam rapidamente.
Procurando não atrapalhar o serviço dos bombeiros, buscamos as melhores imagens.
Aproveitei para gravar mais uma passagem, num ângulo que parecia que o fogo estava bem perto e com os bombeiros em ação.
Acho legal mostrar o repórter no local do fato, enquanto ele está ocorrendo.
Não gosto de passagens frias, distantes, quando tudo já acabou e o repórter fica com aquela cara de perdido no mundo sem movimento algum ao fundo.

O Daniel e a Leiliane nos acompanharam hoje à tarde.
Ele está treinando câmera e ela reportagem.
Aproveitamos o incêndio para deixar que eles se virassem e fizessem uma reportagem à parte.
Daniel garantiu as imagens e vai editar o material.
A Leiliane fez passagens e texto.
O resultado desse trabalho não vai ao ar, mas serve de currículo.
Não vejo melhor forma de aprender do que fazendo.
E eles mostraram seriedade e sede de conhecimento.
Tenho certeza de que em breve vão se destacar na profissão.

À noite, estávamos fazendo uma reportagem na zona norte, quando avistamos um pasto em chamas.
Mais uma vez, corremos atrás do fogo.
Subimos e descemos ruas até chegar bem perto.
O incêndio destruiu uma área equivalente a dois campos de futebol.
As labaredas consumiram o mato rasteiro e chamaram atenção de longe ao queimar árvores altas.
Apesar de perigoso, ninguém pode negar que o fogo é uma cena bonita e prende a atenção.
Como nesse caso no bairro Fontesville não havia casas nem moradores em perigo, os bombeiros não foram chamados.

Segundo dados do 4o Batalhão de Bombeiros Militar, em Juiz de Fora foram registrados, de janeiro a julho de 2008, 124 focos de incêndio em lotes vagos, matas, pastos, etc.
No mesmo período deste ano, o número caiu para 87 ocorrências.
Como em julho e agosto fez muito frio e choveu bastante, parece que neste ano vai se repetir o que ocorreu nos últimos invernos.
O mês de setembro vai dar mais trabalho para os bombeiros.
Tomara que a população se conscientize do perigo e colabore.

O triste de quando acompanhamos alguma ocorrência de incêndio, é que nos empolgamos e ficamos o mais perto possível do fogo e dos bombeiros, sem prejudicar a ação deles.
O material fica legal no ar, mas nos bastidores...
O cabelo fica colado na cabeça e cheirando a queimado.
Graças ao calor e à fuligem, a maquiagem ganha um tom a mais no bronzeado, de fazer inveja ao melhor blush do mercado.
Sem falar na roupa que fica suja e com cheiro de defumada.
Aí, para completar, só falta a pauta seguinte ser alguma solenidade, para a gente morrer de vergonha ao encarar as autoridades como dois sachês de queimada.