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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

terça-feira, 24 de março de 2009

Bomba explode em igreja evangélica de Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Imagine 110 pessoas reunidas num salão domingo à noite para orar.
De repente, um estrondo e tudo vira uma enorme confusão.
Foi o que aconteceu num culto da Igreja Pentecostal, na zona leste de Juiz de Fora.
Os evangélicos estavam cantando e rezando quando uma bomba de fabricação caseira causou pânico e revolta.

O Jornal da Alterosa mostrou o caso hoje, com exclusividade.
Fomos ao local e vimos um buraco no teto causado pelo artefato.
Segundo testemunhas, a bomba quebrou uma telha e explodiu.
Os estilhaços furaram um pano que decora o teto e caíram em cima das pessoas que rezavam.
Uma mulher que sofre de problemas cardíacos e foi operada há pouco tempo passou mal e foi levada para o hospital.
Ela foi medicada e liberada.

Uma mulher de cerca de 30 anos que estava sentada numa cadeira bem abaixo do local da explosão não teve a mesma sorte.
Os estilhaços romperam a blusa dela e se alojaram no peito.
Com ferimentos graves, ela foi levada para o Hospital de Pronto Socorro, onde espera por uma cirurgia para retirar os pedaços de chumbo e os vestígios de pólvora.
Um especialista é aguardado.

O delegado Rodolfo Rolli, responsável pela AISP 106 (Área Integrada de Segurança Pública) que engloba a zona leste da cidade, disse que aguarda retorno dos médicos.
“Temos que saber se o caso pede instauração de inquérito ou de TCO.
Pode ser lesão grave, gravíssimo ou leve.
Se for leve, é TCO, Termo Circunstanciado de Ocorrência.
Se for grave, cabe inquérito para apurar responsabilidades” explicou o delegado.

O Pastor Júlio de Castro, responsável pela igreja, suspeita que um vizinho tenha jogado a bomba. “Estou na igreja há seis meses e temos recebido todo tipo de ameaças desse vizinho.
Já registramos ocorrência policial depois que ele invadiu um culto e ameaçou a todos.
Ele liga uma sirene enquanto estamos orando e joga pedras no telhado.
Não havia como alguém jogar um bomba no local que foi, sem passar pela laje da casa deste homem” contou o pastor.

Um grupo de pastores foi à 7ªDelegacia e prestou queixa contra o tal vizinho.
O advogado da igreja disse que o ato foi de terror.
“Mais do que uma agressão às pessoas que estavam lá, essa bomba agrediu a todos os evangélicos, ao infringir a Constituição Federal que garante liberdade de crença num país laico.
Vamos cobrar a punição de quem fez isso” afirmou José Cláudio Rodrigues.

O presidente da Associação das Igrejas Evangélicas de Juiz de Fora está revoltado com o caso.
Ele lamenta que essa prova de intolerância religiosa tenha colocado tantas vidas em risco.
João Bosco Ferreira contou que a associação tem registrado vários casos de preconceito religioso, mas não esperava chegar ao ponto de ver 110 pessoas ameaçadas por uma bomba caseira.

Quem estava no local lembra que os momentos foram de pânico.
Juliana Gladys de Castro contou que havia muitas crianças no local.
“Um bebê de colo estava com a mãe na cadeira que foi mais atingida.
A mãe saiu com o filho e cedeu lugar para uma prima.
Isso foi poucos minutos antes da explosão e a mulher que ocupou a cadeira está agora internada com estilhaços pelo corpo esperando cirurgia” lamentou Juliana.

Patrícia de Oliveira estava no palco cantando, quando ouviu o estrondo e notou várias pessoas correndo de um lado para o outro.
Acostumada com as pedras jogadas no telhado, ela tentou continuar cantando.
“Achei que as pessoas se acalmariam com o louvor, mas então vi algumas pessoas cercando a minha prima e quando notei que a blusa dela estava suja de sangue, fiquei assustada e também fui socorrer a Simone” lembrou.

Laise de Oliveira diz que o estado da prima é complicado.
Ela espera por uma cirurgia no Hospital de Pronto Socorro para retirar os estilhaços.
Há suspeita de que alguns tenham se alojado no pulmão da Simone Carneiro.
“Foi um absurdo o que houve.
Minha prima estava orando e foi atingida por um ato de violência, de terrorismo religioso” desabafa a professora.

Conversamos ao vivo sobre o perigo das bombas caseiras com um representante do GATE, Grupo de Ações Táticas Especiais, da 3ª Companhia de Missões Especiais.
Ele orientou que em caso de receber uma denúncia ou ameaça de bomba, a pessoa deve manter a calma e tentar extrair de quem faz a ameaça o máximo de informações possível para passar aos policiais.
Se a bomba já estiver explodido, o conselho é manter a calma, socorrer os feridos, isolar o local e chamar as autoridades competentes.

Se alguém achar um objeto suspeito que possa ser uma bomba, deve isolar o local, não mexer no artefato e chamar a polícia militar.
O risco das bombas caseiras é grande tanto para quem constrói quanto para os alvos.
Uma pesquisa da PM revelou que, em Minas Gerais, 80% dos casos de bombas tem como motivação o trote e o desejo de criar tumulto.