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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Seqüestro em Muriaé - A negociação

Por Michele Pacheco

Acompanhamos o trabalho policial há muito tempo.
Já vimos os negociadores em ação em todo tipo de caso.
Desde uma tentativa de suicídio, com vítima pendurada em alto de prédio até rebelião com reféns na Penitenciária Arioswaldo Campos Pires, em Juiz de Fora.
Com o caso do seqüestro em Santo André, a sociedade e a mídia de um modo geral colocam em discussão a eficiência das negociações feitas pela Polícia Militar.
Não dá para generalizar nem os profissionais nem as ocorrências.
Os casos que acompanhamos aqui em Minas Gerais mostraram um trabalho de paciência e competência de profissionais treinados à exaustão para lidar com situações críticas de extremo risco.

Sempre que falam em negociadores, eu me lembro de um amigo nosso que respeitamos muito: Capitão Jefferson Ulisses.
Foi ele que comandou as negociações em Muriaé, nessa quarta-feira, 22 de outubro.
Não vi imagem dele em nenhum jornal ou telejornal, mas ele teve papel fundamental na solução do problema.
Uma cena dele que nunca vou esquecer é da rebelião em Juiz de Fora.
Os agentes penitenciários estavam sendo agredidos, os parentes dos detentos eram reféns e os presos estavam irados.
O Ulisses conseguiu manter a calma e conquistar a confiança dos rebelados, que se entregaram.

A situação em Muriaé também foi complicada.
Não fomos até lá cobrir, mas recebemos ligações de amigos policiais que contaram detalhes do caso.
Segue abaixo um resumo da Polícia Militar sobre tudo o que houve da manhã de ontem até a tarde de hoje, quando o seqüestrador foi transferido para a Penitenciária de Muriaé.
Relato do 1º Tenente PM Sandro Josefino - Chefe da Assessoria de Comunicação Organizacional do 47º BPM/Muriaé:

Após receber informações sobre o possível envolvimento de LUCIANO DE PAULA CARNEIRO, VULGO ' LUCIANO DO FIZIQUINHA” ex-integrante da quadrilha do falecido “NAIM”, autor de diversos assaltos realizados na região e que a nova quadrilha formada por LUCIANO estaria planejando assaltar bancos, possivelmente na cidade de MURIAÉ. As informações davam conta de que o planejamento da quadrilha era de fazer reféns gerentes dos bancos a serem roubados, e seus familiares; LUCIANO passou a ser monitorado por diversas Unidades da PMMG, inclusive o 47º BPM/Muriaé, com constante troca de informações sobre o mesmo.

Em 22/10/08, o 47º BPM recebeu informação de que um veículo roubado, e que tinha as mesmas características do veículo utilizado por LUCIANO, estaria deslocando de um dos Distritos de Muriaé, MACUCO, passando por uma estrada de chão, sentido MURIAÉ; rapidamente foi mobilizada uma equipe ROTAM para realizar o cerco e bloqueio e tentar abordar ao veículo.

Os policiais avistaram o veículo pick-up chevrolet montana, cor prata, com a placa 'fria' LPG 2528, conduzido pelo autor 'LUCIANO FIZIQUINHA' que já se encontrava próximo ao bairro SANTANA, cidade de MURIAÉ/MG, este, contudo, quando notou a presença dos policiais, empreendeu fuga, seguindo por uma estrava vicinal (estrada de chão), sendo seguindo pela viatura policial.

Durante a fuga, o autor efetuou diversos disparos de arma de fogo contra os militares. Luciano Fiziquinha perdeu o controle do veículo e chocou-se contra um pequeno paiol e, abandonando o veículo, evadiu à pé.
Os policiais aproximaram do veíuclo e constataram que IRENE FERREIRA PESSOA, amásia do autor, estava no veículo, e efetuaram a prisão da mesma.Os policiais continuaram à pé no encalço de Luciano, que atravessou um pasto. Os policiais localizaram uma jaqueta preta, onde estavam uma touca “ninja” e uma cartela com 38 munições intactas de calibre 9mm.

Luciano adentrou no depósito do comércio de cereais, Feijão Barbozinha, onde havia 11 pessoas trabalhando. Luciano fez dois reféns.
Com a chegada de reforço, cerco do local e já iniciadas as negociações, os policiais conseguiram retirar 09 funcionários da empresa sem que Luciano percebesse.
Luciano, juntamente com os reféns, entrou em um caminhão.
As vítimas foram mantidas sob cárcere por aproximadamente oito horas.

O Cap Ulisses negociava com propriedade e o Coronel Gilmar Simões de Lima comandava a operação.
O Coronel Gilmar acionou reforço do CORPAER de Belo Horizonte (Batalhão de policiamento aéreo), bem como o GATE e o CANIL de Juiz de Fora.
Além desse reforço, a Polícia Militar contou com o apoio da Polícia Civil de Muriaé e do Corpo de Bombeiros de Muriaé.

Após muita negociação, Luciano concordou em liberar um dos reféns, sendo a vítima ELTON DIAS DE SOUZA MARTINS liberada por volta das 16:30h.
Elton possuía um hematoma na região das costas, abaixo das axilas, do lado direito, devido a fragmentos de vidro quando Luciano efetuara disparos de arma de forgo do interior do caminhão em direção aos policiais.

Luciano exigiu a presença de seu advogado no local, sendo atendido o autor liberou o segundo refén, FELIPE FERNANDES BARBOSA, e logo após se rendeu.
Luciano e todos os envolvidos foram conduzidos até a 38ª DRPC, onde foi registrado o Boletim de ocorrência, sendo o autor autuado e ficando à disposição da justiça.

Após a sua rendição, verificou-se que de posse do autor estavam uma submetralhadora calibre 9mm, com carregador, uma pistola calibre 380 com três carregadores da mesma e vinte e quatro munições cal. 380 intactas, além de vários estojos deflagrados de cal. 380 e cal. 9mm. os autores foram presos conduzidos a 38º DRPC juntamente com os materiais apreendidos.

Após essa ocorrência com reféns em Muriaé, foi realizada uma abordagem a um veículo VW GOL com dois ocupantes, conduzido pelo autor WALDEMAR. Ao ser procedido busca no interior do veículo, a equipe da ROTAM, comandada pelo Sargento Assis, encontrou várias peças de enxoval e por baixo destas 01 (uma) espingarda de ferrolho cal ibre 36, uma carabina de repetição calibre 22, com número de série e marca ilegível, 02 ( duas) espingardas calibre 12, sendo uma de repetição cano longo de marca CBC, modelo 586 , numero de série 95003 e a outra cano duplo curto de ferrolho, aparentemente sem marca e número de série; uma caixa contendo 17 (dezessete) munições de calibre 12, sendo 10 (dez) intactas e sete deflagradas e 01 (um) cartucho calibre 36 intacto.

Diante os fatos, com novas informações, deslocaram-se até a residência do outro ocupante do veículo, Sr GILMAR, e na residência apreenderam 01 ( uma) garrucha calibre 22 , com número de série 35584, oxidada e sem marca de fabricação e 06 (seis ) munições do mesmo calibre intactas. Diante dos fatos deram voz de prisão a ambos autores e conduziram a 38ª DRPC local com todos os materiais apreendidos.

Acidente na BR 267 mata uma pessoa e deixa outra ferida

Por Michele Pacheco

A Polícia Rodoviária Federal foi avisada às sete da manhã que um acidente grave tinha ocorrido entre um caminhão e um carro na BR 267, perto do bairro Nova Era, em Juiz de Fora.
No local, os policiais encontraram o caminhão de uma gráfica juizforana prensando um Mercedes Classe A contra um barranco. Havia pedaços do carro por um bom trecho do acostamento da estrada.

Fomos ao local registrar o fato.
Quando chegamos, as duas vítimas do Classe A já tinham sido socorridas pelos bombeiros.
O motorista ficou preso nas ferragens.
Também, olhando o que sobrou da frente do carro é difícil acreditar que os dois ocupantes saíram com vida.
O motor sumiu em meio às ferragens, o painel foi todo destruído e nem o airbag conseguiu evitar os ferimentos das vítimas.
Havia marcas de sangue por toda parte e os policiais não conseguiram achar entre os destroços documentos e objetos pessoais do motorista e do passageiro.

O caminhoneiro não quis gravar entrevista.
Ele me contou que estava entrando em Juiz de Fora.
Ao deixar a BR 040, percorreu uns 2 km e, ao virar uma curva, notou uma carreta bi-trem seguindo em baixa velocidade.
Para não bater nela, o motorista desviou para a contra-mão.
O Classe A seguia no sentido contrário e foi impossível evitar o acidente.
O que estranhamos nessa versão foi a ausência de marcas de freada na pista.

Com um caminhão baú daqueles, se o motorista tivesse tentado desviar do Classe A ou freado, haveria marcas no asfalto.
Mas, no local, nem os policiais nem os peritos encontraram qualquer vestígio de tentativa de evitar a batida.
Os peritos recolheram o cartão do tacógrafo do caminhão para descobrir a velocidade em que o motorista seguia e se a versão dele está correta.

A primeira impressão que todos nós tivemos foi de que o caminhoneiro dormiu e não viu que estava deixando a pista.
Já o motorista do Classe A, chegou a ir para o acostamento tentando evitar o perigo, mas o carro foi atingido de frente e arrastado para cima do barranco.
O condutor do carro Demóstenes do Nascimento, de 66 anos, foi levado para o Hospital de Pronto Socorro, onde morreu.
Ele teve perfuração de um pulmão, fraturas expostas no fêmur e no braço e quebrou ossos da mão e da bacia. O passageiro de 69 anos está internado com perfurações nos dois pulmões, joelho fraturado e cortes pelo corpo.
O estado dele é estável, segundo os médicos.