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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

domingo, 12 de outubro de 2008

Manga Ubá em perigo

Por Michele Pacheco

Quem já passou pela Zona da Mata Mineira, na região de Ubá, com certeza já se encantou com as alamedas formadas por mangueiras nas margens das estradas.
No período da safra da manga, havia fila de pessoas com baldes e latas cheios de manga Ubá à venda nas rodovias.
Doce, suculenta e saborosa, essa espécie da fruta é uma das preferidas para fazer sobremesas e sucos.

Ultimamente, temos observado que o número de mangueiras diminuiu bastante e os vendedores são cada vez mais raros. Sempre nos perguntamos o porquê disso.
A resposta veio numa reportagem que fizemos no mês passado.
Um grupo de pessoas conscientes e preocupadas com o meio-ambiente e o patrimônio cultural da cidade decidiu fazer um trabalho de preservação das mangueiras.
O primeiro passo é o cadastramento.

A equipe liderada pela Elazir Carrara, do Imlor, uma organização não governamental de preservação cultural, pretende registrar todas as mangueiras que restaram no município.
Assim, vai ser possível diagnosticar a quantidade e as condições das árvores.
Uma praga conhecida como “erva de passarinho” atacou a espécie e muitas mangueiras já morreram.
O parasita se espalha pelos galhos e pelas folhas, sufocando a árvore e tornando o fruto imprestável.

A Elazir defende a preservação das mangueiras, porque elas fazem parte do patrimônio cultural da cidade. Ela conta que as mangas foram trazidas pelos imigrantes italianos, no século XIX. Cada família tinha que ter em casa uma mangueira.
Ainda hoje, se a gente andar atento pelas ruas de Ubá dá para notar nos fundos das casas os “pés de manga”. A tradição vai passando de geração em geração.

A professora aposentada, Dirce Carneiro, nos mostrou feliz as três mangueiras que preserva no quintal.
Elas são consideradas históricas, pois geraram as mangas usadas para criar a mangada, doce típico de Ubá que conquistou outros estados.
Dirce conta satisfeita que as mangueiras dela não têm erva de passarinho. “Preservar essas árvores é como manter viva a memória do meu marido.
Quando era vivo, ele sempre ficava sob a sombra das mangueiras e tinha muito respeito por elas. Enquanto eu viver, as mangueiras vão ter lugar garantido aqui em casa” prometeu a aposentada. A Dirce sabe que é uma privilegiada por ter árvores sadias. A praga trazida pelos passarinhos se espalha rápido pelas árvores e a cura é complicada.

Por isso, Elazir e os aliados dela levam tão a sério o cadastramento das mangueiras. Cartazes e folhetos explicativos vão ser distribuídos pelo município.
A iniciativa mobilizou vários órgãos.
A expectativa é de que no primeiro semestre de 2009 já seja possível partir para o combate à praga.
O trabalho conta com uma poda radical dos galhos e não pode ser feito no período de colheita, pois prejudica os frutos.

A gerente da Adubar, Agência de Desenvolvimento de Ubá e Região conta que a campanha é importante para a economia do município, já que a fruta é muito apreciada no mercado e nas indústrias alimentícias. Maria do Carmo Lopes espera que a comunidade colabore, pois, com a preservação da manga Ubá, todos saem ganhando.
E para os fãs de manga, uma boa notícia: a previsão deste ano é de uma safra farta.
Ai, já estou com água na boca!