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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Enchente em Ponte Nova - Minas Gerais

Do jornal Unidade de Notícias
www.unidadenoticias.com.br

No começa da tarde a Defesa Civil e Polícia Militar de Ponte Nova continuavam em alerta máximo, o rio Piranga com as chuvas que estão caindo há 3 dias ameaçava a sair do leito.
Na parte mais baixa como bairro da Rasa, algumas casas já começavam a sofrer com a invasão das águas.
As informações eram de que se as chuvas continuassem com a mesmo intensidade poderia alagar outros locais.

No inícioda tarde, o ribeirão Vau-Açú já começava a invadir a estrada de acesso a Ponte Nova, enfrente da fábrica de papel, Klabin.
A usina da Brecha informou que a vazão da água está sendo muito grande, e que seriam liberadas as águas a partir das 14 horas.

Com isto aumentava o risco do rio subir mais e atingir casas próximo ao centro da cidade.
A previsão era que até a 19 horas o rio atingiria seu ápice e ai será alerta geral.
Em Guaraciaba vária residências e lojas já estão submersa.
A cidade já está sem fornecimento de água da Copasa.

Por volta das 17 horas de 17/12, à situação dos moradores das margens do rio Piranga em Ponte Nova começou a piorar com a chegada das águas proveniente das chuvas que caíram nas localidades de Piranga, Porto Firme, que segundo as informações foi “tromba-d’água”.

A PM com a Defesa Civil em Ponte Nova tiveram o dia todo em alerta e continuariam, já que a expectativa é de que durante a noite a situação estaria piorando com a liberação de água por parte da Usina da Brecha.

A orientação foi de que todos os moradores saíssem de suas casas e levassem os móveis,
“Os locais atingidos pela enchente de 1997 serão afetados novamente. Então quem mora nestes locais já podem sair.
Assim evitaremos tragédias e maiores estragos”, disse o Tenente Moacir da PM, por volta das 17 horas.

Os internos do asilo municipal foram levados para a Escola Municipal José Maria da Fonseca, próximo à rodoviária nova.
A PM teve que retirar partes dos móveis do prédio que também começou a ser inundado.
Agora à noite a situação piorou e o nível da água não para de subir.

Chuva castiga Muriaé - Minas Gerais

Por Silvan Alves
www.silvanalves.com.br

O Rio Muriaé tem a sua maior cheia desde as maiores enchentes provocadas por ele em janeiro de 2007.
Em quase três dias de chuvas sem parar, o rio encheu e muito na tarde de hoje.
Suas águas vem de afluentes da região de Miraí e dentro da cidade ele recebe as águas do volumoso Rio Preto (Prainha na Barra).
Logo abaixo da cidade o rio ainda recebe as águas dos rios Glória e Carangola, as quais vão em direção a Patrocínio do Muriáe e Norte Fluminense.

Na tarde de ontem várias ruas do bairros José Cirilo e Barra foram alagadas e o Corpo de Bombeiros já está orientando muitas famílias a deixarem suas casas como prevenção, pois ainda não se sabe o quanto vai chover.
O rio enche rápido, mas a situação está sob controle em Muriaé.
A calamidade atinge milhares de muriaeenses desde a madrugada ontem.

Ainda não foi divulgado oficialmente o número, mas pode chegar a 20 mil, número superior ao das enchentes de janeiro de 2007, quando foram atingidas cerca de 15 mil pessoas.
Mas foi na madrugada de hoje que as cheias do rio Muriaé, as maior da história da cidade, assustou, trouxe prejuízo e retirou moradores de vários bairros da cidade: Santana, José Cirilo, São José, União, Dornelas, Franco Suíço, Barra, Prainha, Armação, Encoberta e outros.

Em alguns pontos a água chega a cobrir até o telhado das casas.
Os pontos de alagamento que mais chamaram a atenção, foram da Av. Monteiro de Castro, JK, Rodoviária, Dr. Passos, Constantino Pinto e ruas próximas a avenida Benedito Valadares, áreas não atingidas na então chamada a maior enchente da história de Muriaé em janeiro de 2007.
As principais pontes foram interditadas: Barra, Casa de Saúde, Rodoviária e Ponte Brum, trazendo o caos para o muriaeenses que foram orientados a não sair de casa.

O bairro Dornelas ficou isolado bem como boa parte da cidade.
Todos os ônibus que partem de Muriaé tiveram suas viagens canceladas.
A cidade praticamente parou devido ao alagamento das empresas ou casas dos funcionários, interdição de ruas importantes e paradas do transporte coletivo urbano.

Não houve registro de perdas de imóveis e de vítimas fatais ou feridas.
O rio Muriaé permaneceu todo o dia tranbordando em várias áreas, e parece ter estabilizado, mas a chuva continua durante todo o dia e agora a noite na cidade e toda região.
Outra cidade mais castigada pela chuva é Cataguazes (66 Km de Muriaé).

Enchente em Itaperuna - Norte de Estado do Rio

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Chuva em Minas - Morte em Ervália e inundação em Ubá

Por Michele Pacheco

As chuvas têm castigado Minas Gerais.
Hoje, a Defesa Civil do estado confirmou o registro de 5 mortes.
Quatro delas foram em Ervália, na Zona da Mata Mineira.
Fomos cedo para lá e encontramos a cidade num caos.
No Morro do Roi, os moradores corriam contra o tempo para tirar tudo que podiam das casas.

As kombis da prefeitura que foram ajudar na mudança não conseguiram subir.
O jeito foi amontoar tudo num trator e fazer várias viagens.
A área já estava instável pela manhã, com terra deslizando em vários pontos, e piorou com mais chuva intensa durante a tarde.
Todas as casas da encosta foram interditadas.
Segundo a Defesa Civil Estadual, em torno de 70 famílias foram levadas para abrigos ou estão alojadas em casas de parentes.

A estudante Priscila de Souza olhava desanimada para os fundos da casa da família dela. Um barranco caiu no quintal dos vizinhos e a chance de outros deslizamentos obrigaram a todos a mudar do local.
Ela contou que vai passar uns dias na casa de uma tia e que pretende esperar para ver o que vai acontecer no Morro do Roi.
Se a situação continuar perigosa, Priscila pretende mudar do local com a mãe.

Além do transtorno de ter que deixar tudo o que construiu para trás, uma família, em especial tem motivos de sobra para chorar.
A lavradora Denise de Oliveira Souza estava desesperada.
O sogro dela, a mulher dele e os dois filhos mais novos do casal dormiam num cômodo nos fundos da casa no alto do morro, quando o barranco deslizou, durante a madrugada. Um adolescente, também filho do casal, e um tio da Denise, de 84 anos, estavam em outro cômodo da casa e conseguiram escapar.

As fotos da Polícia Civil mostram detalhes do trabalho de resgate.
O acesso ao local é difícil durante o dia. Imagine então, durante a noite, debaixo de temporal, no escuro, derrapando na lama e ouvindo os gritos desesperados de familiares e vizinhos das vítimas.
Com certeza não foi uma cena agradável para os bombeiros de Ubá, deslocados durante a madrugada, e os policiais civis e militares de Ervália.

Eles trabalharam com dificuldade, escavando o monte de terra que se acumulou nos fundos da casa e invadiu o quarto onde o casal dormia junto com os meninos, um de 4 e outro de 6 anos.
Foram horas de agonia e esperança de achar as vítimas ainda vivas.
Mas, a cada minuto as chances de sobrevivência diminuíam.

A necessidade de salvar a família levou alguns bombeiros a ficar quase enterrados na lama.
É nas horas que desespero que a gente vê a coragem e o preparo desses heróis.
Eles esquecem o medo e se arriscam pelos outros.
Infelizmente, nesse caso foi impossível salvar a família.
Os corpos dos pais e dos meninos foram retirados da lama e levados para o Instituto Médico Legal de Ubá.

Os policiais civis e militares de Ervália também deram um belo exemplo de união num momento difícil.
Eles estiveram em todos os locais mais problemáticos, acompanharam as vistorias da Defesa Civil e ajudaram os moradores a deixar os locais de risco.
Conversamos na delegacia com o agente da Polícia Civil, Rodrigo Maia. Ele estava desde a madrugada rodando os bairros mais atingidos e registrando imagens de tudo.

Além dos deslizamentos de terra, as autoridades estavam em alerta por conta das inundações.
O rio Turvão está com o volume de água bem acima do normal e transbordou em vários pontos do município. A zona rural ficou inundada.
No centro, a enxurrada de água e lama invadiu uma rua e causou prejuízos no comércio. Várias lojas ficaram alagadas.

A Maria Luiza Pontes é costureira e perdeu tudo na oficina de costura.
Mas, ela estava assustada mesmo era com as recordações do desespero da vizinha que ficou ilhada dentro de casa.
O rio transbordou, derrubou um muro nos fundos das lojas e casas e causou estragos.
As galinhas que estavam num quintal morreram afogadas.
Um depósito de café teve muitos prejuízos.
As sacas com grãos ficaram debaixo d’água.
Assim como os freezers e todo o estoque de um bar.

Ainda em Ervália, a fila de caminhões era grande no trevo que dá acesso à BR 358, que liga Ubá a Muriaé.
Em dois trechos, os córregos da zona rural transbordaram e invadira a estrada.
Na fazenda Bom Jardim, a enxurrada impedia a passagem de veículos.
Na Cachoeira da Usina, mais problemas.
A enchente cobriu a rodovia num trecho em curva.

No início, apenas os caminhões estavam conseguindo passar.
O caminhoneiro Fábio do Carmo foi um dos primeiros a se arriscar. “Não posso ficar parado esperando.
Tenho uma carga de remédios que tem que ser entregue com urgência.
Não pára de chover e não sei quando a estrada vai ser liberada.
O jeito é arriscar” explicou ele, ainda em dúvida se daria certo.
Mas, a passagem foi feita sem problemas.
A água começou a baixar um pouco e alguns veículos pequenos seguiram viagem.
O motorista de um gol passou aperto.
No meio do caminho, a correnteza estava muito forte e ele quase perdeu o controle. Tudo terminou bem.

Voltando para Juiz de Fora, decidimos conferir como estava a situação em Ubá.
O rio que tem o mesmo nome da cidade estava bem cheio e imaginamos que haveria problemas nas áreas mais baixas.
Encontramos o rio esbarrando nas pontes da Avenida Beira Rio e muitos moradores vigiando.
O medo deles era que a inundação chegasse rápido e não houvesse tempo de salvar bens nas casas e lojas. A precaução é mesmo necessária por lá.

No centro, um córrego transbordou e a enxurrada passou por dentro das casas e lojas. Uma rua que fica entre o córrego e o rio foi a mais prejudicada.
Moradores e comerciantes reclamavam que a situação ocorreu em função de um muro que caiu dentro do córrego e a prefeitura não retirou.
Nos fundos de uma casa, havia uma vila onde 60 famílias com idosos e crianças tiveram que sair correndo.
Num único dia, elas viveram duas enchentes: uma às nove da manhã e outra às duas da tarde.
E a previsão era de que a noite seria um tormento!

Foram registrados desabamentos em três casas e cerca de 240 pessoas estavam desalojadas até o início da noite de hoje.
Chove desde sexta-feira em Ubá e o temporal de hoje piorou a situação.
A previsão é de chuva constante até o fim de semana.
Em todo o trajeto entre Juiz de Fora e Ervália, pegamos chuva forte.
As zonas rurais de cidades como Tabuleiro, Tocantins e Rio Pomba estão alagadas e muitas estradas sumiram no aguaceiro. Bem que a Defesa Civil Nacional avisou que a região sudeste seria castigada neste verão. E só está começando!

Abaixo, imagens do resgate dos corpos em Ervália.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Violência cai mais de 50% em São João Del Rei

Da Gazeta de São João Del Rei
www.gazetadesaojoaodelrei.com.br

O número de assassinatos em São João del Rei e Santa Cruz de Minas registrados entre os meses de janeiro e de novembro de 2008 é 61,1% menor do que o contabilizado em todo ano de 2007.
A informação é do comandante geral do 38º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Milton de Oliveira Costa. De acordo com o oficial, no ano passado, foram registrados 18 homicídios de janeiro a dezembro. Em 2008, sem contabilizar os crimes que foram registrados neste mês, foram sete assassinatos.

"Se for levado em conta o número de homicídios que foram contabilizados em São João del Rei em 2005, ano de implantação do batalhão, a queda é ainda maior. Em 2005, tivemos 33 homicídios. Isso representa uma queda de 78,78% dos assassinatos nas duas cidades, em relação a este ano. É bom lembrar que o homicídio era o crime que mais incomodava a população", ressaltou.

Os atentados também diminuíram. Em 2005, foram registradas 90 tentativas de homicídio. Em 2007, 55. Este ano, até agora, foram 26. "Essa também é uma conquista importante. Se levarmos em conta 2005, temos uma queda de 71,11%. Em relação ao ano passado, tivemos uma diminuição de 52,72%. Estamos conseguindo reverter a criminalidade violenta em São João del Rei", afirmou.

O índice de criminalidade violenta (ICV), que inclui outros crimes violentos como assalto, estupro, por exemplo, também está em queda nos dois municípios. De 2007 para 2008, o ICV caiu de 2,81 para 1,23 em São João del Rei, o que representa uma queda de 52,31%.
Em Santa Cruz, a queda foi maior, 52,63%, reduzindo de 1,9, em 2007, para 0,83 esse ano.

Para o comandante, há várias explicações para a redução da violência nas duas cidades.
Além do aumento de investimentos do Governo de Minas que ampliou o efetivo, melhorou a frota e investiu na promoção de cursos de qualificação e treinamento da tropa, outra justificativa foi ampliação das operações realizadas pelo batalhão e a integração com outras forças de segurança pública como a Polícia Civil.

"Também estamos contando com o apoio de outros órgãos como a Justiça e o Ministério Público.
Muitos crimes são fruto de problemas sociais que precisam da integração de toda a sociedade", explicou.

A mudança de postura também foi fundamental para explicar a redução da violência.
"Passamos a atuar de outra forma.
Priorizamos a prevenção. Quando agimos na repressão, nossas ações são planejadas e visam atingir objetivos", disse o Tenente-Coronel.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Festa da Manga em Ubá

Por Michele Pacheco

Na estrada, as mangueiras carregadas de frutos indicam que Ubá está próxima.
A cidade tem tradição de cultivar mangas.
Ela começou com os imigrantes italianos, que trouxeram mudas da Europa para plantar nos quintais das casas.
Cada família tinha que preservar a planta.
Ainda hoje, é possível passear pelas ruas sentindo o cheiro das mangas.

Para preservar a fruta considerada patrimônio Natural do município, foi criado por lei, em 1998, o Dia da Manga Ubá.
A fim de marcar a data, há três anos é realizada a Festa da Manga.
Na Praça São Januário, no centro da cidade, os organizadores colocam barracas com artesanato e produtos feitos com manga.

É uma tentação! Neste ano, foram distribuídas mudas de mangueiras, a fruta in natura, sorvete, picolé e suco de manga.
Moradores e visitantes puderam comprar doces feitos com a fruta.
Entre as diversas opções, estavam manga em calda, empada, rocambole, bem-casado, trufa e tortinha. O pessoal da barraca do Imlor, Instituto Maria de Loreto Camiloto Rocha, lembrava aos visitantes que a manga pode ser usada em todo tipo de receita. “Ela tem um gosto muito semelhante ao do damasco e é pouco aproveitada. A manga pode muito bem ser usada na culinária. Tentamos divulgar ao máximo as qualidades dessa fruta” explicou a Elazir, presidente do Imlor.
Foram distribuídas também papéis com receitas à base de manga.

Apesar da diversidade, a opção que sempre faz mais sucesso é a mangada. O doce em barra tem cor de caramelo claro e consistência mais cremosa que a da goiabada.
Ele foi inventado pela dona Risoleta, uma moradora de Ubá, na década de 30.
A família preservou a receita.
Hoje, a mangada é produzida por várias famílias.
Tudo de forma artesanal.

Não há registros do número exato de doces produzidos, nem de produtores.
Fomos a uma fazenda acompanhar o processo.
De cara, ficamos com água na boca.
As árvores estão carregadas.
Como se não bastasse aquele cheirinho delicioso de manga, havia montes da fruta pelos cantos.

A escolha correta dos frutos que vão virar doce é essencial para o resultado perfeito.
O pessoal é rápido para separar aqueles que não estão nem verdes, nem passados.
Imaginei o trabalho que daria para descascar.
Mas, descobri que os anos de prática levaram à perfeição e a estratégias úteis.


A fruta é colocada em água fervente por alguns minutos.
Depois, vai para um tanque e recebe choque térmico, o que facilita a retirada da casca.
O trabalho é contínuo.
Enquanto uma porção está fervendo, a outra é descascada.

E isso se repete durante todo o dia, chova ou faça sol.
Descascadas, as frutas são colocadas nesta máquina curiosa.
Ela é usada para espremer as mangas.

O caldo grosso cai num tambor, enquanto os caroços são retirados por outra abertura.
Eles não são descartados.
Tudo se aproveita na fabricação dos doces.
Os caroços vão para a horta, virar adubo orgânico.
O caldo tem destino bem diferente.

O Darlô Gomes fabrica mangadas há 25 anos.
Ele conta que aprendeu com os pais, que herdaram a receita dos pais deles.
A produção está na terceira geração e deve ser passada adiante.
Ele conta que a fabricação de doces é uma ótima opção para o homem do campo.
“O trabalho é menor do que a criação de gado e a lavoura.
Além disso, o retorno é bom e ajuda no orçamento.
Hoje, eu tenho que comprar mangas, pois a quantidade que é produzida aqui na fazenda não é suficiente” explica o produtor rural.

Ele nos mostrou o restante do processo de produção.
Aquele caldo grosso que foi colhido num tambor é colocado no tacho de cobre.
Uma pá de madeira acoplada num motor fica girando sem parar, mexendo o doce e impedindo que ele queime.
Mesmo assim, o Darlô não tira os olhos do tacho e avalia, a todo momento, se o ponto já está bom.
Imagine, num dia quente de verão, o sofrimento de quem tem que ficar na beira da fornalha vigiando o doce!
Mas, tradição é tradição!
É uma questão de honra produzir os doces artesanalmente e com qualidade.

O Darlô aproveita a safra para fazer a mangada e guardar a polpa para fabricar o doce fora de época e manter o mercado local abastecido.
O processo é interromper a fervura antes de dar o ponto.
O caldo ainda mais grosso é retirado do tacho e guardado em tambores.
Quando os pés já estiverem sem frutos, o produtor só precisa ir ao estoque e transformar a polpa em mangada.

Depois de três horas e no ponto desejado, o doce é despejado em formas rústicas de madeira e colocado para secar.
Depois que endurece, a mangada é cortada e embalada.
Foi muito legal ver a agilidade do pessoal para embalar.
Eles têm um jeito de usar o plástico para não tocar na barra e embrulhar de forma higiênica. Depois, é só mandar para o mercado.

O Robson registrou todos os detalhes.
Um lugar daqueles é um prato feito para ele.
O fogo, o tacho antigo de cobre, o doce dourado se tornando caramelado, o pessoal trabalhando da mesma forma como era feito há quase 80 anos...
Tudo isso serve de inspiração para belas imagens.
Difícil foi ele agüentar ficar muito tempo perto do fogo.

A Rosângela de Freitas, extensionista de bem-estar social da Emater, nos acompanhou.
Ela registrou a visita e explicou a diferença da manga Ubá para os outros tipos.
“A manga Ubá é mais doce e dispensa o uso de açúcar na maioria das receitas. Quando é preciso adoçar, o produtor usa pouco açúcar, o que deixa o doce mais saudável” explicou.
Além disso, a manga Ubá é pequena, suculenta e saborosa.
O difícil de acreditar é que uma delícia como a mangada ainda não tenha sido descoberta por outras regiões do Brasil.
Nem no Rio de Janeiro, tão perto, os comerciantes têm o hábito de encomendar a mangada.

Conversei com a Rosângela e perguntei por que eles não tentavam vender o doce para restaurantes e hotéis de Minas e do Rio.
Eles podem servir a mangada como sobremesa ou no café da manhã.
Tenho certeza de que os turistas vão adorar.
Falta divulgação dessa delícia.
Mesmo em Ubá, a mangada é vendida sem estardalhaço.

Para experimentar, eu e o Robson tivemos que pedir socorro à Maria do Carmo, da Adubar (Agência de Desenvolvimento de Ubá e Região).
Ela nos levou a um açougue, onde o doce é vendido.
Puxa, cadê os empresários da cidade e os próprios produtores que não se unem para popularizar a guloseima?
É parte da história do município e merece ser divulgada.
Confesso que me tornei fã de mangada!

Ela fica deliciosa com um queijo branco, como geléia em biscoitos e pães e até misturada com requeijão.
Estou com algumas em casa e testando formas diferentes de consumo.
Meu tio Paulo César, que já morreu e não teve o prazer de provar esse doce, diria que ele é um “Manjar dos Deuses”! Ai, deu água na boca! Vou buscar mais um pedacinho!

Telefone de contato do Darlô - (32) 9917-5557