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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sábado, 11 de julho de 2009

Festival da Loucura em Barbacena

Por Robson Rocha

Esse sábado foi dia de colocar o pé na estrada.
Nossa primeira parada foi em Barbacena, para gravar uma matéria no IV Festival da Loucura.
Já estivemos em outros anos, gravando com os loucos do festival.
A pauta de hoje era sobre o Cortejo da Loucura.
Primeiro tivemos que descobrir onde era o local. No endereço que estava na pauta não havia nada.
A Michele ligou para o Marcos dos Anjos, assessor do festival, e ele disse que tinham mudado o local, mas era bem próximo. Coisa de doido.

Chegando, já gravamos com a Vânia Castro, Secretária de Turismo de Barbacena.
Muito simpática, ela falou sobre o sucesso do evento.
Que, de acordo com a organização, deveria receber 50 mil pessoas nos quatro dias de festa.

Foi a primeira vez que esse Cortejo saiu pelas ruas de Barbacena.
No inicio, estava meio vazio e a Michele aproveitou para gravar as entrevistas.
Primeiro, gravou com o Rafael Abreu, ator que participou de todas as edições do evento.
Ele brincou e fingiu que ia comer o microfone.

Aos poucos, o povo foi chegando e o local foi enchendo.
Crianças e adultos paravam para ver e participar das brincadeiras. Em pequenos palcos montados pelo percurso, havia apresentações. Coisas meio sem razão de ser, mas como o festival é da loucura...

Havia também um grupo de modelos que representava a loucura da moda.
O comércio de Barbacena parou.
Compradores e vendedores ficaram nas portas das lojas para ver o cortejo passar.
Das janelas, muitas pessoas assistiram a passagem dos loucos.

O difícil foi conseguir gravar a passagem.
Estava ventando muito e a cada tentativa o cabelo da Michele esvoaçava.
Acho que tentamos gravar umas sete vezes e na oitava finalmente conseguimos.
Não era o que a gente queria, mas fazer o quê?

Animada por uma banda, a festa seguiu pela avenida Tiradentes, com muita gente e tudo muito colorido.
Lógico que durante o 4º Festival da Loucura nem tudo foi festa, houve discussões de temas sérios relacionados à luta antimanicomial e à psiquiatria.

Porém, uma coisa me chamou a atenção.
Enquanto os “loucos culturais” desfilavam e se divertiam pelas ruas de Barbacena, um portador de deficiência mental, de verdade, pedia esmolas assentado na calçada.
Ele parecia nem ser notado pela multidão e observava a movimentação sem entender o que estava acontecendo.

Isso pra mim é uma prova de que a desospitalização de doentes mentais pode ser um risco para eles.
Pois, a maior parte das famílias não tem como mante-los em casa.
Com isso, o governo está tirando um peso dos seus ombros e jogando a responsabilidade nas mãos da sociedade.
Hoje, grande parte dos atendimentos dos Bombeiros é a doentes mentais em crise por falta de medicamentos e ou por consumo de bebidas alcoólicas misturados a medicamentos fortes.

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