O direito de um começa onde termina o do outro.

Só que na prática não passa de conversa fiada.
O melhor exemplo é o movimento dos rodoviários em Juiz de Fora.
Eles avisaram na semana passada que depois do carnaval fariam uma operação tartaruga.

Mas, o sindicato não cumpriu com o que anunciou.
Em vez de operação tartaruga, eles fizeram foi paralisação.
Eles justificaram a ação, dizendo que um policial militar multou os motoristas e foi grosseiro com os manifestantes.

Alguns passageiros e profissionais da imprensa inclusive se ofereceram como testemunhas à favor do PM.
Vale lembrar que, se a multa foi mesmo aplicada, o policial apenas cumpriu com o papel dele: respeitar e cobrar o cumprimento das leis de trânsito.
Fazer greve é um direito garantido pela Constituição.

Hoje, com certeza, era um dia em que só deveria sair de casa não tivesse escolha.
Isso inclui quase toda a população juizforana.
As consultas médicas não podem ser remarcadas porque os rodoviários decidiram parar; muito menos os patrões vão aliviar para os empregados que chegarem atrasados ou não chegarem por falta de transporte.
E não é de agora.
Todo início de ano é a mesma lenga-lenga de negociação salarial, ameaças, intransigência de ambas as partes e prejuízos para a população.
[Desta vez, senti na pele o que venho noticiando há tanto tempo.
Eu precisava estar no centro às 10h para a última consulta médica antes da cesariana e não tenho tempo hábil para remarcar, pois a Olívia já está na posição de nascer e minha ginecologista me pediu repouso, para evitar entrar em trabalho de parto.
Às oito horas, comecei a me arrumar, viagiando pela janela o movimento na Rio Branco.

Comecei as 8h30 a ligar para todas as empresas de táxi e me deparei com outro problema crônico na cidade: o número insuficiente deles.
Só dava ocupado!
Quase uma hora depois, desisiti e me conformei de descer à pé do Alto dos Passos ao centro.
Pelo caminho, fiquei de olho em todo táxi que passava, mas não vi nenhum livre.

Gente com membros engessados, idosos, pessoas com curativos, mães com bebês recém-nascidos no colo...
Todo mundo plantado sem opção para voltar para casa.
Infelizmente não existe um sindicato para defender os direitos dessas pessoas e colocá-los acima de qualquer interesse.
O Robson e a Flávia cobriram a paralisação e registraram passageiros tendo que descer no meio do caminho e correr para tentar chegar ao trabalho.

Gente, isso é inaceitável!
Poderia ser a mãe ou um parente dos rodoviários precisando chegar a algum lugar com urgência.
Se não vêem outra opção senão radicalizar a negociação, é um direito deles.
Mas, manter o respeito pelo povo é mais do que uma obrigação, é uma questão de educação e justiça!
Esse senhor de 85 anos estava completamente desorientado.

Quem é mais novo, desce no meio do caminho, pula canteiro e segue em frente às pressas.
Mas, e os idosos?
Ficam reféns, perdidos pelo caminho, com fome, sede e a sensação lamentável de impotência.
A paralisação e a operação tartaruga foram definidas pelo sindicato.

Situação óbvia, já que as principais vias do centro foram fechadas pelos manifestantes que pararam os coletivos na pista central da Avenida Rio Branco.
Ainda que alguém não concordasse com o movimento, não teria como trabalhar.
Até onde me consta, por lei, em caso de greve ou paralisações de serviços essenciais, é obrigatória a manutenção de 30% do atendimento.
Durante a entrevista, a Flávia perguntou a um líder do sindicato como ficava a situação dos trabalhadores que não quisessem aderir.

Ela insistiu e perguntou como eles iam fazer para trabalhar, se a avenida estava fechada.
A resposta rude foi de que era problema de quem não participasse.
Esse tipo de postura intransigente pode colocar a população, as autoridades e a imprensa contra a categoria.
Os rodoviários não aceitam o reajuste de 7,53% oferecido pelas empresas.

Aposto que a negociação vai parar no Ministério Público, os protestos vão dar o que falar e os passageiros vão continuar sendo prejudicados.
Espero sinceramente, pelo respeito que tenho por toda a categoria e pelos integrantes do Sindicato dos Rodoviários, que eles consigam resolver os problemas e conquistar o que é justo.
Espero ainda, que quando estiverem aposentados, precisando ir ao médico, não esbarrem em paralisações do transporte público.

Porque numa hora dessas, eles ainda vão se lembrar dos transtornos que provocaram a tantas pessoas.
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