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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

CPI Bejani - Perto do fim

Por Robson Rocha

Pela manhã, uma fonte da capital, havia nos informado sobre a existência de sete vídeos que seriam o estopim para o início da operação. Segundo esta fonte, nos vídeos haveria desde imagens de possível amante do prefeito até gravação de pagamentos de propina.

Mas, como não conseguimos confirmação de nada, seguimos com a nossa agenda, que na parte da tarde seria na Câmara Municipal.
Depois de deixar o carro em uma vaga de veículos oficiais, pois não existe onde parar para fazer matéria no legislativo de Juiz de Fora, fomos gravar mais depoimentos da CPI do Bejani.
O plenário estava lotado para ouvir os depoimentos de dois vereadores e de um empresário.

O primeiro a depor foi o vereador José Sóter Figueroa, que contou em detalhes as denúncias que teria recebido de Arlindo Geraldo de Carvalho, um consultor apontado como comprador da casa do prefeito no bairro Recanto dos Lagos.
O vereador afirmou que esteve com Arlindo por duas vezes. Uma em 28 de março e a outra no dia 16 de abril.
Segundo o vereador, Arlindo teria afirmado que Alberto Bejani recebia um milhão e meio de propina por mês, isso para favorecer algumas empresas.
Entre elas, estariam a Paraopeba, a Queirós Galvão, o grupo SIM e empresas de ônibus urbano.

Entre as denúncias apresentadas por Figueroa, Arlindo teria apresentado cheques do superintendente da Amac, Associação Municipal de Apoio Comunitário, para Marcelo Detoni, ex-secretário de Agropecuária e Abastecimento, para pagamento de carne para abastecer unidades. Mas, segundo o Arlindo, não haveria carne e sim propina. E que haveria um plano da cúpula da prefeitura para matar o empresário Omar Peres, que vinha publicando artigos contundentes contra o prefeito e alguns secretários.

No segundo depoimento, Flávio Checker disse que Arlindo o procurou e se apresentou como amigo do prefeito e estaria descontente por Alberto Bejani não pagar dívidas que tinha com ele. Por isso, Arlindo, resolveu botar a boca no trombone, denunciando esquema de favorecimento e pagamentos de propina, e falando de um plano para assassinar o empresário Omar Peres.
Segundo Arlindo, a idéia seria simular um assalto na cidade do Rio de Janeiro e que os assassinos já teriam sido contratados.
Por isso, os vereadores levaram Arlindo até Omar para contar a história.
As denuncias feitas por Arlindo também teriam sido passadas ao promotor Paulo Ramalho.

Por último, o depoimento mais esperado, já que foi anunciado à imprensa por funcionários da Câmara Municipal que seria lançada uma “bomba” sobre o caso Bejani. O empresário sócio da TV Panorama, afilada da Rede Globo em Juiz de Fora, Omar Peres disse que Bruno Siqueira, relator da CPI, conversou com um juiz federal, no dia 28 de março, para encaminhar as denúncias à Polícia Federal. E, afirmou que a “Operação Pasárgada”, em 9 de abril, foi uma coincidência.

Omar disse que foi procurado por Bruno, pedindo que tomasse cuidado sobre um atentado no Rio, e reconheceu que fez vários inimigos depois que começou a denunciar a quadrilha. Arlindo teria explicado a Peres o plano de assassinato.
Segundo ele, ao ouvir o planejamento da simulação de assalto para matar o empresário, o então secretário, Marcelo Detoni, teria dito que era melhor matar no Rio porque lá se mata e nada acontece. E Arlindo teria mostrado cheques do Abatedouro, que pertence à família Detoni, para contratar os assassinos.

Omar Peres disse ainda, que Arlindo marcou um encontro na casa do prefeito no bairro Recanto dos Lagos, onde Bejani teria pedido que Omar parasse de “bater” em troca de apoio na eleição deste ano para prefeito. Ele teria dito ao prefeito para renunciar, pois seria a única saída.
Por fim Omar disse à CPI para desacreditar o depoimento de Arlindo, pois ele teria mentido no depoimento à Comissão.
Isso é meio confuso. Pois, se for para desacreditar o depoimento porque o consultor mentiu à CPI, como ter certeza de que as denúncias feitas também não são mentirosas? Os vereadores vão encaminhar as denúncias à justiça e cobrar apuração rigorosa.

Conversamos com o ex-secretário Marcelo Detoni sobre o atentado. Ao ser perguntado sobre as denúncias, ele disse à Michele que assim que ouviu a história pela primeira vez, acionou os advogados dele para exigir que os denunciantes provassem o fato na justiça. O ex-secretário disse que o empresário tinha pisado em muitos calos pela vida toda e deveria ter vários inimigos. Detoni teme que Omar Peres seja mesmo morto e a culpa recaia sobre ele. “Eu não me sujaria dessa forma, mas temo que tudo que acontecer de errado com o Omar acabe virando minha culpa” explicou o ex-secretário.

Chegamos em casa à tarde e no Portal G1 havia um vídeo que estaria em posse da Policia Federal e foi divulgado pela revista Época, onde o prefeito aparece recebendo propina de um empresário de transporte de Juiz de Fora.
Agora, é esperar que todos os detalhes da operação sejam divulgados ou que o conteúdo dos outros vídeos que a Polícia Federal encontrou seja divulgado também.

Operação "De Volta para Pasárgada" - prefeito de Juiz de Fora preso de novo

Por Michele Pacheco

Quinta-feira, dia dos namorados, nós dois trabalhando na parte da tarde... Estávamos pensando em passar a manhã namorando e curtindo o sossego do nosso cantinho. Mas, um casal de jornalistas nem deveria se dar ao trabalho de fazer planos desse tipo. Eles com certeza vão dar errado. Como se não bastasse o Robson sair às cinco da manhã para adiantar imagens de um incêndio enquanto eu tentava avisar nossa chefe, quando ele voltou tivemos que sair.
Destino: plantão na porta da casa do prefeito Alberto Bejani, no bairro Aeroporto, área nobre de Juiz de Fora.

Encontramos os colegas da imprensa reunidos por lá.
Calçada virou cadeira na falta de um lugar mais confortável.
Na espera longa, cada repórter tentava mobilizar as fontes para conseguir alguma novidade sobre a prisão do prefeito e o trabalho da Polícia Federal em vários pontos da cidade.

Descobrimos que além de Alberto Bejani, alguns secretários municipais estavam na mira da polícia e tiveram as casas vasculhadas.
Nas residências de dois deles foram apreendidos documentos.
O nono andar do prédio da prefeitura, onde funciona o gabinete do prefeito foi interditado enquanto os agentes cumpriam o mandado de busca e apreensão.

Os muros altos da casa do prefeito e a dificuldade para enxergar o que se passava lá dentro levaram o repórter fotográfico Carlos Mendonça a improvisar.
Lógico que ninguém perdoou e as gozações foram muitas. "Ah, se essa câmera cai lá dentro", " Isso é um jeito novo de pular o muro?" foram apenas algumas das gracinhas que o coitado do Carlos teve que ouvir. Mas, quem ri por último, ri melhor, como diz o ditado. Com a câmera num suporte, ele tentou fotografar alguma ação por cima do muro. Depois, correu para conferir o resultado da estratégia.

Enquanto os fotógrafos clicavam sem parar em busca de alguma distração, o Robson escorava nos carros de imprensa para descansar o esqueleto cansado por ter acordado de madrugada para trabalhar. Como ele vive fotografando os colegas em todo tipo de situação para colocar aqui no nosso blog, agora também está na mira deles. Todos disputando uma foto que sirva de vingança. Enquanto não conseguem, vão nos munindo de material para contar os bastidores do jornalismo em Juiz de Fora.

No meio da manhã, alvoroço na área.
Não, não era o prefeito saindo ou a polícia federal chegando.
Eram nossos colegas Ricardo Beghini, repórter do Jornal Estado de Minas,
e Wallace Mattos, repórter do Jornal Tribuna de Minas.

O Beghini foi vítima da gozação dos entediados amigos que aproveitaram que ele chegou tarde para perturbá-lo.
E o Wallace passou por lá para dar um alô.
Aproveitaram para posar para fotos.

Enquanto a gente tentava passar o tempo, pela cidade outras equipes de reportagem se desdobravam para cumprir os objetivos de cada uma. Houve três prisões na sede da Astransp, Associação das Empresas de Transporte de Juiz de Fora. Três empresários da mesma família, donos de uma empresa de ônibus, foram presos por suspeita de pagamento de propina ao prefeito para liberação de aumento de passagem. O preço previsto era de R$1,63, mas a prefeitura aprovou o pedido dos empresários e passou o valor para R$ 1,75. Na casa de um dos suspeitos, no Morro da Glória, a polícia apreendeu documentos e veículos. Um cunhado do prefeito também foi preso, pois teria bens irregulares no nome dele e seria cúmplice de um esquema de favorecimento de algumas empresas em contratos sem licitação.

Cada carro da Polícia Federal que chegava na casa do prefeito gerava uma correria entre os jornalistas. Nós todos precisávamos de confirmação para as inúmeras informações que íamos recebendo das fontes. Alberto Bejani deixou a casa dele às onze da manhã, num carro da Polícia Federal e foi levado direto para Belo Horizonte. Numa Rádio de Santos Dumont, que estaria no nome dele e da primeira dama, Vanessa Loçasso Bejani, os policias deram buscas e encontraram R$178 mil num cofre que ficava na sala da Vanessa, diretora-geral da rádio. O meio de comunicação teria sido comprado pelo casal por R$10 mil, valor considerado muito abaixo do previsto no mercado. A polícia suspeita que a rádio era usada para vender comerciais super-faturados.

Deixamos a casa do prefeito junto com o resto da imprensa, mas tivemos que voltar para procurar o motoboy que tinha sido enviado para pegar a fita. Foi quando o Robson notou num canto da rua um tripé abandonado. O equipamento tinha sido esquecido pelo cinegrafista da TV Panorama. Com medo de que ele fosse roubado, o Robson fez o "resgate". Levou o tripé para a TV Alterosa e avisou ao pessoal para ir buscar na nossa portaria. Se fosse nosso o equipamento gostaríamos que alguém tivesse feito o mesmo. Quando achamos que o plantão tinha acabado, fomos mandados a uma revendedora de veículos que pertece a um dos empresários presos.
Os policiais federais apreenderam dois malotes com documentos e voltaram para a delegacia.

Ainda não era dessa vez que a gente ia conseguir descansar...

Incêndio no centro de Juiz de Fora

Por Robson Rocha

Hoje, por volta de cinco da madruga o telefone da Michele tocou. Era uma fonte passando que havia um incêndio de grandes proporções no centro de Juiz de Fora. Mais precisamente na avenida Getúlio Vargas, próximo ao antigo Granatão.

Levantei e peguei nossa câmera, mas como diz o ditado: “em casa de ferreiro o espeto é de pau”, as baterias estavam descarregadas.
Então, parti para o plano “b”.
Enquanto a Michele ligava para a nossa chefe, peguei meu carro, fui até a TV e peguei uma câmera e luz.
Só havia um carro na TV, então decidi ir com o meu mesmo, pois precisariam do outro carro.
Chegando no local, fui barrado, mas quando me reconheceram, me deixaram passar.
Deixei a chave com um bombeiro que manobrou o carro pra mim, enquanto garantia as primeiras imagens na avenida Getúlio Vargas.

Logo, outro bombeiro me alertou que seria melhor ir pela rua de trás, a Batista de Oliveira, onde daria, segundo ele, uma melhor visão do incêndio.
Fui para lá e outras viaturas dos bombeiros estavam posicionadas dentro do estacionamento do Bahamas. Fiz algumas imagens e logo um bombeiro alertou pelo rádio que a imprensa havia chegado e perguntando se poderia gravar alguma coisa. Bem, até aquele momento eu era a única figura da imprensa no local. Como fui o primeiro maluco a chegar ali, realmente era comigo.

O comandante pediu que me mandassem para um outro local, onde ele estava e dava para ver as chamas.
Fui, entrei em um beco que eu não conhecia e notei que ali existem várias casas abandonadas que, segundo alguns moradores, são usadas para prostituição e tráfico de drogas, além de funcionar de esconderijo para bandidos.
Mas, segui o caminho.

Quando cheguei no local, encontrei o Tenente Coronel Rodney Magalhães comandando pessoalmente a operação.
Ele me disse para subir em uma laje.
Aí, a falta de preparo físico falou alto. Passei o equipamento e quando fui subir... que dificuldade, foi difícil puxar meus mais de 90 quilos pelos braços, mas consegui.

O Tenente Coronel Rodney disse que havia brinquedos e tecidos no prédio em chamas e a preocupação era para o fogo não se espalhar, pois em volta, além de vários prédios antigos, havia depósitos e estacionamentos.
Todos eles com um pontecial enorme de combustão.

De cima dava para ver o estrago, mas a quantidade de fumaça era muito grande e às vezes dificultava a respiração. Fiz as imagens e quando peguei minha “xeretinha” para fazer algumas fotos, a pilha acabou e as novas estavam no carro.
Quando foi mais ou menos seis e meia a equipe do horário chegou, o Marco Fagundes assumiu meu posto na laje.

Quando desci, passei para o Evandro Medeiros, o repórter, o que eu tinha de imagens.
Dali fui embora para levar minha filha ao colégio e de longe dava para ver a coluna de fumaça, apesar do incêndio estar controlado.

Eram 7 da manhã quando passei na TV e deixei o equipamento.
Avisei que a Michele e eu tínhamos recebido a informação de que o prefeito de Juiz de Fora seria preso novamente.
Cheguei em casa e comecei a escrever esse texto, mas me ligaram da tv para irmos trabalhar.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Dia da língua portuguesa

Por Robson Rocha

Outro dia em uma das reuniões do jornalismo, deram a idéia de fazer uma matéria sobre o dia da língua portuguesa. E uma das sugestões era mostrar erros de português espalhados por aí.
Na hora, olhei para a Michele e comecei a rir. Ela logo entendeu o porquê.
O motivo é minha filha. Uma das diversões dela é registrar erros de português.
Basta pegarmos a estrada e lá está ela, armada com sua máquina fotográfica à procura de pequenos e grandes deslizes.

Conversamos com a Paula, para ela participar da matéria, mas ela não quis de forma alguma. Nem mesmo se fosse comigo e a Michele.
Bem, ela é assim, não gosta de aparecer em foto, que dirá na tv.
Mas, consegue alguns registros inacreditáveis.
Mesmo viajando à noite, ela ainda consegue encontrar um “elêtresista ê bonbeiro”.

E olhe que nossa boa e velha língua portuguesa surgiu há mais de mil anos, juntamente com o surgimento de Portugal.
A foto à noite foi tirada nas nossas férias de 2006.
Desde então, nas férias de 2007 e de 2008 voltamos ao mesmo lugar e a Paula pôde confirmar o flagrante.
Parece que o pessoal não se deu conta do atentado violento à nossa língua mãe!

A Paula não deixa escapar quase nada, nem mesmo o cardápio de uma pizzaria.
A pizza estava muito gostosa, mas antes de pedir a massa, ela já estava fotografando um “3 irmão”.
Simples, mas ela não perdeu.
Rimos tanto, que nem notamos se a pizza demorou para chegar à mesa.

Em um lugarejo no norte do estado do Rio, ela encontrou um imóvel à venda.
É verdade que a construção não estava acabada.
A porta de aço estava fechada de uma maneira diferente.
Mas, o que chamou a atenção da Paula foi a placa informando que o imóvel estava à venda: “vende-se propiedade”.
Alguém com fome comeu um r em propriedade.

Ela conseguiu outra foto bacana.
Um desavisado acharia que realmente o aviso chamava para um “concerto de geladeiras”.
Difícil é imaginar como as geladeiras iriam gerar música!
Mas, o que encontramos logo à frente foi uma portinha onde é feito conserto de geladeiras.

Outro erro que ela conseguiu fotografar foi em uma locadora no sul do Espírito Santo.
Quando ela falou, olhamos para a fachada da lojinha que estava fechada e não vimos nada de errado.
Aí, depois ela nos mostrou a foto e o erro estava no cartaz pregado na porta.
“Os domingo não, fonciona.”

Será que só a gente achou que ficaria melhor “aos domingos não funciona”?
Parece que sim, já que a tinta do aviso estava bem gasta.
Fazer o quê, né?
Vamos pegar o filme em outra locadora.

Em Santa Clara, no norte do estado do Rio, ela encontrou um mercadinho que tinha de tudo, só o queijo que não estava muito legal. E não era por conta do prazo de validade!
Pode parecer brincadeira, mas a coisa é séria. Muita gente não sabe escrever o básico e muitas crianças estão indo para a escola, passam de ano e não aprendem a escrever.
Tenho como exemplo, duas garotas do bairro onde minha mãe mora. Elas estão na quinta série e não conseguem passar para a sexta série, pois não sabem escrever e lêem muito mal.

Sempre falo com a minha filha:
pode parecer engraçado, mas quando você vir um erro simples como “idratação”, lembre-se de que a culpa pode ser de quem escreveu ou talvez de um governo que queira que as estatísticas de reprovação diminuam.
Aí, pelo menos no papel (deles) parece tudo certo, mas na escrita do povo...

Alguns erros nos levam a rir.
Esta frase não parece escrita por alguém com o nariz entupido? Talvez não pareça, mas foi a primeira coisa que me veio à cabeça.
E o detalhe é que, depois do “vede-se”, tem um ponto que também não faz o mínimo sentido.

Eu, particularmente, tenho muitas dificuldades com o português e às vezes cometo erros idiotas.
Mas, essas fotos da Paula, mostram como o analfabetismo muitas vezes é camuflado.
Espero que, em nossa próxima viagem, a Paula encontre menos flagrantes como estes.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Parque Estadual de Ibitipoca - inauguração de nova estrutura

Por Michele Pacheco

Hoje, saímos cedo de Juiz de Fora rumo a Lima Duarte, pela BR 267.
De lá, seguimos para Conceição do Ibitipoca, onde deixamos o carro da TV e entramos numa van que nos levou ao Parque Estadual do Ibitipoca.
Ele fica na Serra da Matiqueira, entre os municípios de Lima Duarte e Santa Rita do Ibitipoca, é formado por reservas de Mata Atlântica e Cerrado e foi criado há 35 anos.
A paisagem é deslumbrante. Do alto dá para ver o vale entre as montanhas de Minas.

O Parque passou por reformas, com investimento de dois milhões de reais do Promata, Projeto de Proteção da Mata Atlântica de Minas Gerais.
Foi criado um centro de apoio a pesquisas e as construções que já existiam, como alojamentos e área administrativa, foram modernizadas.
Chegamos mais cedo para que o Robson pudesse registrar as imagens antes das autoridades se reunirem.
Nossa primeira parada foi a Prainha.
Ele se deliciou fazendo imagens de todos os ângulos.

A Prainha é o ponto mais próximo do restaurante. Tem uma área grande de areia branca e convidativa, às margens de uma lagoa natural formada depois de uma queda d´água.
Na alta temporada, o local fica cheio de turistas.
Os pais relaxam ao sol, enquanto as crianças se divertem na água.
O sossego do Parque ajuda a repor as energias perdidas na correria de todo dia.
Em especial nas grandes cidades.
Por isso, grande parte dos freqüentadores do Parque é de cidades grandes de Minas e de outros estados.

A água escura que é vista nas cachoeiras e nas lagoas é limpa. A coloração diferente se deve ao acúmulo de material orgânico. A engenheira florestal Clarice da Silva explicou que o solo arenoso tem microorganismos que demoram para decompor a matéria orgânica. As pedras das cachoeiras ficam escuras e a água tem cor de ferrugem. À primeira vista, pode assustar, mas os ambientalistas afirmam que a água é pura e pode ser consumida. O problema é que ela tem o PH mais ácido e pode provocar dor de barriga, em quem for mais sensível, ou fome, já que acelera a digestão.

O Robson usou e abusou da paisagem próximo às cachoeiras.
Entre as reformas feitas, está a construção de pontes de madeira sobre as quedas d´água.
Assim, acaba o problema de algumas pessoas quererem ir ao outro lado do parque e terem que passar dentro da água ou pelas pedras escorregadias.
Rústicas, as pontes deram um charme a mais às cachoeiras e são um ótimo cenário para fotos.
Os turistas vão adorar!

Seguimos por uma trilha até o alto de um paredão de pedra.
Mais uma surpresa agradável!
Nos trechos mais íngremes que levam aos mirantes foram instaladas escadas de madeira.
Acabou aquela história de ter que escalar as pedras afiadas para chegar aos locais privilegiados, onde a vista tira o fôlego.
Com a subida mais fácil, sobra tempo para admirar a paisagem.

O Parque Estadual do Ibitipoca tem 90% da área dele sobre um paredão de quartzito, uma pedra que se desfaz com facilidade ao ser pisoteada.
Por isso, o número de visitantes é limitado a 300 pessoas por dia, não podendo ultrapassar 800 visitantes nos fins de semana e feriados.
As trilhas na pedra exigem atenção na hora de caminhar. Elas são uma mistura de areia e pedra que pode ser perigosa se a gente não estiver de olho onde pisa. Mas, com cuidado vale a pena a caminhada. As trilhas levam a várias atrações turísticas. O visitante pode passear em meio à Mata Atlântica ou entre a vegetação do cerrado.

Para aumentar a segurança dos visitantes, durante a reforma foi instalado um corrimão em cada trilha.
O objetivo é facilitar o acesso de pessoas mais idosas, gestantes e crianças.
A idéia é boa. Muita gente exagera no tempo de caminhada e fica com as pernas bambas.
Na hora da subida, ter o apoio do corrimão ajuda e muito!
Eu que o diga. Andei a manhã toda com o Robson e um funcionário do parque.
Enquanto a gente recuperava o fôlego, o Robson aproveitava para registrar mais alguma imagem linda.

No caminho de volta, notamos um pessoal todo de preto no alto do paredão onde fica o restaurante. De longe não dava para identificar quem era.
Fomos chegando mais perto e ouvimos a gozação.
"Eles estão com a língua de fora! Esses dois não agüentam nada. Que preparo físico, hein?!"
Foram apenas algumas provocações. Só quando recuperamos o fôlego é que notamos que eram nossos amigos do GATE, Grupo de Ações Táticas Especiais, da Polícia Militar de Juiz de Fora.
Eles foram reforçar a segurança para a chegada do governador. Paramos, rimos um pouco, tiramos esta foto e seguimos nosso caminho.

Acho que só quando parou de gravar, o Robson se deu conta do quanto tinha andado e do cansaço que estava sentido.
Também pudera, com uma câmera de 11kg no ombro e uma bolsa cheia de baterias...
Voltamos ao prédio da administração do parque, onde estava o restante da imprensa. Aproveitamos para colocar a conversa em dia com o pessoal da Rede Minas.
Imprensa reunida, disputando espaço na escada do prédio, na sombra... Estava bom demais!

Achamos que tinha acabado o sufoco e que era só esperar o governador chegar para registrar a inauguração e voltar para casa. Doce ilusão!
O Aécio Neves estava empolgado.
Chegou, inaugurou o Parque, falou com a imprensa e...foi percorrer uma trilha!
A mesma da qual tínhamos voltado pouco tempo antes.

Ele fez um discurso lembrando a importância de unir forças para melhorar o estado.
Falou que não basta o governo estadual investir em meio ambiente, é preciso que cada um colabore.
Ele elogiou a parceria com proprietários rurais da região e comemorou os investimentos estrangeiros no desenvolvimento de Minas Gerais.

Chegamos a acreditar que ele mudaria de idéia quanto a percorrer a trilha debaixo de um sol de meio-dia. Que nada! Lá fomos nós de novo, trilha a baixo e trilha a cima. Só que em vez do caminho livre, tivemos que abrir espaço entre um batalhão de autoridades, seguranças, imprensa e funcionários do parque. Tudo isso naqueles caminhos estreitos! Foi um sufoco, mas a gente deu conta mais uma vez.
O pobrezinho do Robson estava vermelho pelo esforço físico e chamou a atenção do governador. Solidário, ele interrompeu o passeio e teve o apoio do pessoal da imprensa que já estava de língua de fora.

Depois que o governador foi embora de helicóptero, o Robson falou que ia comer alguma coisa.
Mas, eu pedi que a gente descesse logo, antes que houvesse congestionamento de vans no caminho.
Demos sorte.
Depois que as primeiras saíram carregadas de autoridades, nós só tivemos que esperar mais duas para descer.

Fui conversando com o Fernando
Priamo, da Tribuna de Minas.
Ele me mostrou as fotos lindas que tirou.
Pena que para jornal, apenas uma ou no máximo duas são aproveitadas.
Ele caprichou tanto!

De volta a Conceição do Ibitipoca, nos despedimos do pessoal e pegamos o carro da TV para voltar a Juiz de Fora.
Claro que não escapamos do congestionamento de veículos.
Mesmo impacientes para chegar logo em casa, ainda nos animamos a observar as curiosidades rurais. o pessoal levando leite em carroças, os moradores da zona rural na porta de casa vendo o movimento anormal para uma segunda-feira...
A imagem que mais nos divertiu foi a deste homem montado num cavalo e levando um bezerro no colo, enquanto guiava três vacas de volta ao curral.

O Robson matou as saudades do tempo em que cobríamos o Ibitipoca Off Road e tínhamos que nos aventurar pelas trilhas da região.
Adrenalina, poeira e belas imagens! Bons tempos aqueles.
Mas, dessa vez ficamos foi só com a poeira. Muuuuita poeira! A Parati branca da TV chegou em Juiz de Fora variando entre o amarelo e o vermelho, cores da terra de Ibitipoca. Apesar do cansaço, foi um dia legal.