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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Bejani renuncia e vice assume prefeitura de Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

O prefeito Alberto Bejani foi preso na última quinta-feira pela Polícia Federal.
O escândalo do pagamento de propina para liberar aumento de preço de passagem ganhou as páginas de todos os jornais do Brasil. O propinoduto, como está sendo chamado o caso pela imprensa, vinha sendo apurado pela Polícia Federal desde a primeira prisão do prefeito, em abril deste ano.
Como foi feriado na sexta-feira, dia de Santo Antônio, padroeiro da cidade, hoje foi o primeiro dia útil depois da prisão.

Nossa primeira pauta foi acompanhar a repercussão na prefeitura.
Encontramos tudo normal por lá.
A renúncia do Bejani foi entregue à Câmara Municipal pela manhã e o vice, José Eduardo Araújo, convocou uma coletiva para falar das mudanças na prefeitura.
Nos reunimos ao restante da imprensa para esperar a entrevista.
Como ele estava atrasado, depois de dar entrevista em rádios da cidade, aproveitamos o tempo para contar histórias dos bastidores do jornalismo.

Sempre tem um caso engraçado para ser lembrado.
Entre os colegas presentes estavam os nossos "sócios" no Notícias Fora do Ar, Carlos Mendonça, do Jornal O Tempo, e João Schubert, do Jornal Panorama.
Para variar, eles colaboraram com mais fotos!
Só faltou o Luiz Carlos Duarte, do Jornal Panorama, outro "sócio".

De olho no elevador por onde o José Eduardo subiria, eles dois e o Robson ficaram trocando idéias sobre projetos futuros.
Claro que encontraram tempo para fotografar meu marido querido, enquanto ele tagarelava.

Esses três disfarçam, parecem distraídos, como quem não quer nada, mas não perdem a chance de registrar um flagra uns dos outros.
É divertido ver o pessoal empolgado na divulgação dos bastidores das coberturas jornalísticas.
Cada uma dessas fotos é um pouquinho da nossa história e, no futuro, vai nos trazer boas recordações.

Voltando ao caso da prefeitura, o vice-prefeito assumiu a chefia do Executivo e pôs as cartas na mesa durante a coletiva.
Ele avisou que vai fazer um choque de gestão e de austeridade.
Disse que conhece o quadro de funcionários e confia na capacidade de todos. Alguns secretários vão ser mantidos.
Regina Mancini, Secretária de Educação, se destacou com projetos educativos e de incentivo à leitura, como o Fest Ler, e vai fazer parte da nova administração.
Francisco de Mello Reis, ex-prefeito e responsável pelo Museu Mariano Procópio também fica. Sérgio Rocha, Sub-secretário de Defesa Civil, foi destaque no governo do prefeito Tarcísio Delgado, teve o esforço reconhecido pelo Bejani e agora pelo José Eduardo e continua à frente do órgão.

Quanto ao prejuízo que o município pode ter com todo esse escândalo, o prefeito disse que o nome de Juiz de Fora vai sempre ser citado com respeito. O que aconteceu não pode manchar o nome da cidade. Ele disse que vai conversar com os responsáveis pela Caixa Econômica Federal sobre o corte de recursos para o programa de despoluição do Rio Paraibuna, em busca de um acordo que atenda às necessidades do município e da Caixa.
Já o Restaurante Popular deve ter a implantação revista.
Para o Ginásio Poliesportivo, José Eduardo tem uma proposta de parceria entre o município e a Universidade Federal de Juiz de Fora.

Perguntado sobre auditorias na prefeitura, ele respondeu que isso já deveria ser feito periodicamente e vai cobrar mais rigor dos responsáveis. Ele lamentou não saber como andam as finanças da prefeitura e afirmou que o pagamento dos funcionários é prioridade.
Sobre as denúncias de corrupção e enriquecimento ilícito do ex-prefeito, Alberto Bejani, José Eduardo foi incisivo. "Assim que formar minha equipe de trabalho, vou me reunir com todos e explicar que não vou aceitar corrupção. Não basta punir os corruptos, é preciso pegar os corruptores. Se alguém do meu governo aceitar propina, não vai ser preciso investigação da Polícia Federal, pois eu mesmo vou fazer a denúncia. Quero transparência na administração" foi categórico o atual prefeito.

Para todos nós da imprensa, que acompanhamos desde o início o caso, fica sempre aquela certeza de que, independente do resultado das investigações, os maiores prejudicados são sempre os moradores de Juiz de Fora.
Pelas ruas, o assunto é o mais comentado. Todo mundo está revoltado com o que tem ouvido sobre o pagamento de propinas por parte de várias empresas. Conversamos com algumas pessoas e elas estão com muitas expectativas em relação ao novo governo.

Depois de cobrir o movimento na prefeitura, voltamos para a TV, onde fizemos entrevistas ao vivo sobre o assunto. O cientista político Ruben Barbosa disse que o reflexo da renúncia para o município deve ser um alerta para os políticos e partidos. Ele espera que sirva de lição também para o povo, sobre a importância de avaliar bem os candidatos antes de ir às urnas.

Já o presidente da OAB em Juiz de Fora, Wagner Parrot, defende leis mais rigorosas, que evitariam um desgaste tão grande para a cidade. Ele disse ainda que o ex-prefeito renunciou para não ser cassado. Afinal, a cassação o tornaria inelegível pelos próximos anos, enquanto a renúncia não o impede de disputar as eleições.

Para o presidente da CPI da Câmara Municipal que investiga as denúncias de enriquecimento ilícito de Alberto Bejani, os fatos comprovam o valor do trabalho dos vereadores. "Cansamos de ouvir piadinhas sobre a CPI terminar em pizza. As pessoas nos paravam para perguntar se a mussarela já tinha chegado e para quem iria o primeiro pedaço da pizza. Mas, os fatos falam por si. Nosso trabalho foi sério, levantou muitas denúncias graves e teve o resultado esperado. Se o Bejani não renunciasse, nós pediríamos a cassação. Agora, vamos encaminhar o relátorio ao Ministério Público para tomar as devidas providências. Com a renúncia, a CPI deixa de ser necessária, já que apura a parte política. Passamos a bola para a justiça".

O ex-prefeito Alberto Bejani continua na Penitenciária Nélson Hungria, em Contagem. O advogado dele, Marcelo Leonardo, estava preparando um habeas corpus para que Bejani possa responder às acusações em liberdade.

A posse oficial do José Eduardo Araújo foi hoje, às cinco da tarde na Câmara Municipal. Agora, é torcer para que todos os fatos sejam esclarecidos, os culpados punidos e a justiça feita. A população de Juiz de Fora merece notícias mais alegres do que as que tem recebido ultimamente.

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