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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sexta-feira, 4 de julho de 2008

38º Batalhão PM realiza mega-operação em São João Del Rei

Por Robson Rocha

Nessa sexta-feira, fomos a São João Del Rei.
Em princípio, para gravar uma mega-operação da polícia militar.
Chegamos na cidade pouco antes das nove da manhã.
Seguimos direto para o 38º Batalhão de Polícia Militar, que era o local marcado para encontrar com o pessoal da PM e seguir para a operação.
Porém, achamos estranho, porque o pátio do Batalhão estava cheio de viaturas.
Logo, vimos o pessoal da TV Campos de Minas e da TV Panorama.

O tenente Luiz Eduardo nos recepcionou e nos encaminhou para a sala do Tenente Coronel Milton Costa, comandante do Batalhão.
Lá, percebemos que a operação já havia acabado, pelo menos a parte de cumprimento de mandados.
O trabalho tinha começado às cinco da manhã.
O simpático Tenente Coronel passou todos os dados, gravou entrevista e disse que a operação fazia parte das comemorações do aniversário do batalhão.

A operação contou com 194 policiais, 38 viaturas e até um helicóptero da PM de Belo Horizonte. Foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão em São João Del Rei, Tiradentes e Santa Cruz de Minas.
Uma pessoa foi detida e levada junto com o material apreendido para a delegacia de São João del Rei.
Os policiais disseram que o rapaz é conhecido por vender drogas na cidade.
Porém, o jovem nega qualquer envolvimento com os fatos.

Na delegacia, gravamos o material.
Foram apreendidos R$3.102 em espécie, MP4, MP5, 8 pares de tênis, 17 camisas oficiais de times variados, 2 pares de chinelos, 3 bicicletas, 2 seringas, 1 colchão inflável, 30g de maconha, 10 gramas de cocaína, entre outras coisas.
E, em Tiradentes, foi apreendida uma réplica de uma PT380, uma furadeira e uma makita.

Dali, fomos gravar as operações relâmpago.
Seguimos as viaturas pelas ruas da cidade, os policiais estavam fortemente armados.
Uma das operações foi a “corredor de segurança”, blitzem realizadas nas entradas da cidade.
Uma das operações aconteceu na porta de um motel. Um motorista saiu com seu carro, deu uma paradinha e pediu para eu não gravá-lo, senão ele caía no flagrante em casa.
Se era verdade eu não sei, mas que ele levou um susto com as câmeras e a polícia, ah, isso levou!

Um registro à parte é como a imprensa sofre feliz.
Além dos profissionais de TV, jornais e rádios de São João Del Rei, tínhamos a Michele e eu, o Bruno e o Manoelzinho que saímos cedaço de Juiz de Fora e, apesar da fome, dê uma olhada na nossa cara de felicidade na foto, que foi tirada às 11 da manhã.
Mas, a coisa estava tão feia, que o Bruno entrou em um boteco e a única coisa que encontrou para comer foi um pacote de “chulézinho”.

Mas, voltando à operação.
Fomos acompanhar batidas policiais nos bairros mais problemáticos.
Isso, com o apoio do helicóptero.
Foram várias abordagens e o que chamou a atenção, foi o número de jovens sem ocupação.
Em pleno meio-dia de uma sexta-feira, eram várias galeras reunidas em calçadas nos bairros.

Os policiais ainda fizeram varreduras nas áreas próximas às abordagens, uma vez que são pontos de venda de drogas e os traficantes escondem os entorpecentes no meio do mato, no meio do lixo, enterrados no chão e até em buracos em muros.
E, sem um cão farejador, o trabalho da PM se torna mais difícil.

Mas, segundo o comandante do 38º Batalhão, desde a implantação da unidade na cidade, a presença policial e o trabalho de inteligência reduziram drasticamente o índice de crimes violentos na região. Ele disse que a queda no número de homicídios e tentativa de homicídios foi de 71%.
Em 2005, foram 28 assassinatos em São João del Rei e esse número caiu para 3 no primeiro semestre de 2008.

Ainda segundo o Tenente Coronel Milton Costa, isso aconteceu pois foi realizado um diagnóstico da criminalidade que apontou a rivalidade entre grupos como um dos principais fatores.
A polícia não gosta do termo, mas são gangues.
Os policiais prenderam lideres das 13 gangues conhecidas na cidade e as mortes diminuíram em São João Del Rei e Santa Cruz de Minas.

Voltando ao nosso trabalho, fomos até um campo de futebol da cidade para ir de helicóptero fazer imagens da operação.
Imagens aéreas em helicóptero são sempre gostosas de fazer, só tem que ter sangue frio para ficar assentado para fora do aparelho.
Apesar de estar preso ao cinto de segurança e ter um cabo prendendo a câmera, quando ele vira, você fica de cara para o chão.

O difícil foi na hora de gravar a passagem da Michele, pois eu não tinha com virar o corpo para dentro do helicóptero.
Ajustei o foco, o diafragma e gravei deduzindo que estava certo, sem olhar no visor.
Até ai foi bem, mas na hora que derivei a câmera, não tinha mão para ajustar o diafragama e o vídeo estourou.
A Michele ainda registrou o vôo com nossa câmera.

Mas, uma coisa fundamental para fazer imagens aéreas é a competência do piloto.
O que nos levou é fera, sabe exatamente como posicionar a aeronave.
O cara tem a visão de um cinegrafista.
Isso, fora as manobras.
Em um determinado momento, ele simplesmente parou o helicóptero com uma estabilidade tão grande que deu para fechar o zoom todo nas viaturas em uma rua do bairro, praticamente sem balançar a imagem.

Voltamos para a terra nos despedimos de todos e fomos almoçar, porque àquela hora a fome era tanta que já tinha lombriga tentando o suicídio!
Mas, falando sério, esse tipo de trabalho é muito importante para aumentar a segurança na cidade.
Pra gente que é de fora e está acostumado em operações haver apreensões grandes, parece estranho a quantidade de material apreendido e apenas uma pessoa detida.
Mas, a gente acompanha há muito tempo a violência e só de ver a queda no índice de homicídios, dá pra ver que o trabalho está valendo a pena.

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