Por Robson Rocha
Uma coisa que todo mundo que trabalha na externa do jornalismo aprende é a lidar com o humor de São Pedro. No período de outubro até março é difícil conseguir um dia em que você trabalhe com uma temperatura agradável e não transpire igual a uma tampa de chaleira.Geralmente quando você sai para uma reportagem o carro já está no sol, quando abre a porta do dito cujo, já vem um bafo quente. Entra e se sente em uma sauna seca. Só pelo calor já dá pra imaginar que o dia vai ser um... INFERNO. Aí você que está lendo diria: “é só ligar o ar condicionado!” – Brilhante! Mas isso prova que nunca entrou em um carro de reportagem.
Tudo bem. Vou seguir sua sugestão. Ligo o ar-condicionado. Surpresa! Ele não funciona. Aí é suar, literalmente, a camisa e torcer para o desodorante não vencer, digo, perder para o cecê.
Lá pelas 4 da tarde, São Pedro, gente boa, resolve dar um refresco. Baixar a temperatura? Não. Ele manda chuva.
Aí fu... Não posso escrever palavrão, senão a Michele vai reclamar. Mas voltando ao tempo, lembra que suei a tarde toda? Pois é, tenho que vestir a capa de chuva. Ela entra colando, puxando todos os pelinhos do braço.
Mas você vai lembrar da Michele e realmente... Ela tinha feito uma escovinha básica, rá, rá rá... Desculpe é que não resisti. O cabelo já era, o blaizer escondido pela capa... O modelito é lindo, isso sem esquecer a maquiagem e o detalhe do capuz.
Mas enquanto ela está na frente da câmera com a capa, eu desisti da capa. Eu suava tanto, que molhado por molhado, a chuva é fresca.
Na última enchente em Ewbanck da Câmara, cidade próxima à Juiz de Fora, fomos gravar. Enfiei minha maravilhosa 7 léguas; quando entrei na água, senti minha meia fria. Mas poderia ser o suor que foi resfriado junto com a bota, certo? Errado. A água encheu a bota, o solado dos dois pés rachou. E a molecada rolou de rir do mané arrastando os pés até poder passar a câmera pra Michele e tirar a bota.
Depois de comprar outro par de meias, calcei meu coturno e fui gravar. O Olavo Prazeres, da Tribuna de Minas, tirou a foto, logo depois. Dá para imaginar o meu humor, né?
E tem também a chuva de molhar bobo. É aquela que você não dá nada por ela e quando volta, uma hora depois, parece um pinto molhado. Dia de chuva fina é sinônimo de acidentes nas estradas e normalmente os veículos caem em ribanceiras, de pontes...
Em Ewbanck tem um viaduto de 30 metros de altura, onde sempre acontecem acidentes e os carros caem debaixo da estrutura e para fazer alguma imagem, tem que descer.
A descida tem muito mato, que você vai tombando com os pés, o mato se mistura com o mingau de água e terra e vira um escorregador. De cada 5 pessoas que descem, pelo menos três vão se encontrar com o chão. Na descida batem com a região glútea e na subida normalmente resvalam os lábios na relva. Posso dizer, por experiência própria, que a sensação não é muito boa. A relação de adjetivos que você quer dizer na hora é infinita.
E quando chega de volta à estrada molhado, sujo, com um vergão na testa (geralmente margem de estrada tem muito bambú e dá pra imaginar onde ele bate.) alguém te pergunta: “que cara feia é essa?” - Vou falar o quê?