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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sábado, 23 de agosto de 2008

Medalha de ouro no vôlei feminino

Por Michele Pacheco

Conhecemos os pais da Sassá, da seleção brasileira de vôlei, durante uma matéria sobre a expectativa deles durante as Olimíadas de Pequim.
Os parentes e amigos são todos muito gentis e empolgados com a boa fase da seleção.
Hoje, voltamos para acompanhar a final com os familiares.
Foram quase duas horas de ansiedade.

A fachada e o interior da casa da família, em Barbacena, foram decorados com bandeiras e bolas em verde e amarelo.

Chegamos e o pessoal ajeitava os últimos detalhes de uma festa com jeitinho brasileiro: churrasco, cerveja e torcida organizada.

Sônia e João Carlos, pais da Sassá, estavam em situações diferentes.
Ele estava tão nervoso que, ao me cumprimentar, tive a sensação de tocar um pedaço de gelo!
Mas, o João garantiu que a mão estava fria, mas o pé é quente.
Já a Sônia, estava com as mãos quentes, o rosto vermelho e todos os sintomas da "febre da empolgação".

O jogo começou. Metade da família alojada no chão, com os olhos vidrados na tela.
A outra metade, de pé, ansiosa demais para sentar.
Todos torceram, gritaram, tocaram corneta, dividiram opiniões...
Uma cena que mostrou a união daquelas pessoas.

Durante os Jogos Olímpicos, os familiares da atacante fizeram de tudo para não perder uma partida sequer. Acordaram de madrugada, foram para a casa da jogadora torcer, depois foram para a escola ou o trabalho e ainda encontraram disposição para fazer festa em cada vitória.

O jogo de hoje mexeu com os nervos de todo mundo.
O primeiro set foi um massacre verde-amarelo.
As brasileiras ganharam com méritos.
No segundo, desatenção total.
Enquanto o Brasil parecia perdido em quadra, com passes se complicando, as americanas acertavam tudo.

Com a estrela de sempre, José Roberto Guimarães e a equipe dele mostraram que não estavam na final para buscar a prata.
O terceiro set foi difícil, mas as brasileiras venceram.
O quarto foi um teste de resistência para os cardíacos.

O Robson estava ligado o tempo todo na reação da família.
Olhos arregalados, mãos ansiosas, pés sem controle, gestos de incentivo... Tudo isso valeu a pena registrar.
Difícil é controlar a vontade de gravar todas as imagens legais.
Afinal, no ar a matéria vai ter de um minuto e meio a dois.
Quanto mais imagens o repórter cinematográfico fizer, pior para a edição que vai ter trabalho dobrado para escolher.

Numa matéria como essa, é muito difícil se prender apenas ao lado profissional.
Aproveitamos os momentos iniciais da partida para fazer entrevistas com alguns parentes e registrar detalhes de ansiedade nos familiares.
Do terceiro set em diante, o Robson guardou munição para os momentos finais do jogo e assistiu a partida.

Eu fui fazendo o texto ao mesmo tempo que acompanhava as jogadas e as reações da família.
Quando faltava apenas descrever o resultado, passei a me concetrar de vez no jogo e me permiti ser torcedora em vez de repórter.
Que sofrimento!
Cada ponto deixava todo mundo suando frio. Faltava pouco...

O Sérgio Melo, tio da Sassá se dividia entre a partida e a churrasqueira.
Assistia um pouquinho, corria para virar a carne, voltava, fazia algum comentário e corria de novo para evitar que o almoço se queimasse.

Já o José Rosa, amigo da família, comandava a torcida cheio de estratégias.
"Quando o Brasil está com a bola, a gente incentiva.
Quando as americanas vão sacar ou passar a bola, a gente faz figa e pensamento positivo para elas errarem. Até agora está funcionando" explicou o animado torcedor.

Fim de jogo, Brasil 3 a 1 nos Estados Unidos.
Enfim, a tão sonhada medalha de ouro olímpica foi conquistada pelo vôlei feminino brasileiro.
Para muitos patriotas, o título inédito foi motivo de alegria.

Mas, para a família da Sassá, foi mais do que isso.
Foi um sonho realizado e a certeza de que valeu a pena apoiar os esforços da mineira de Barbacena no esporte.
Welissa Souza Gonzaga, a Sassá, entrou para a história do esporte nacional.
E toda a família e os amigos mal podem esperar para receber de braços abertos a filha de ouro.