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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sábado, 13 de junho de 2009

Santo Antônio - Uma atitude singela

Por Robson Rocha

Todos os anos é comum a imprensa, no dia 13 de junho, fazer matérias sobre Fernando de Bulhões, verdadeiro nome de Santo Antônio.
Contam a historinha do santo que nasceu em Lisboa em 15 de agosto de 1195, numa família de posses. Aos 15 anos entrou para um convento agostiniano, primeiro em Lisboa e depois em Coimbra, onde provavelmente se ordenou.
Em 1220, foi batisado como Martim Antônio Franciscano, chamado de Antônio, e ingressou na Ordem Franciscana.
Após uma crise de hidropisia (acúmulo patológico de líquido seroso no tecido celular ou em cavidades do corpo), Antônio morreu a caminho de Pádua em 13 de junho de 1231.
Foi canonizado em 13 de maio de 1232 (apenas 11 meses depois de sua morte) pelo papa Gregório IX.
E, explicar que Santo Antônio é o Santo mais popular do Brasil e também é conhecido por ser o Padroeiro dos pobres e santo casamenteiro, sempre sendo invocado para se achar objetos perdidos.

Mas, são na maioria matérias chatas.
A melhor matéria que já fiz sobre esse santo foi em 2002, quando alguém descobriu que uma pessoa se vestia de santo Antônio e distribuía pãezinhos em comunidades carentes.
Essa pessoa era o ator Robson Terra.
Devoto, ele se vestiu de santo Antônio e, com um cesto lotado de pão, entrou pelas vielas da antiga favela do Rato, hoje Vila Santa Teresinha.

Logo, as crianças começaram a segui-lo e, apesar do espírito religioso, para muitas crianças aquele pãozinho representava um alimento real.
Muitas delas ainda não tinham se alimentado naquele dia.
E comiam o pão como se estivessem comendo um pedaço de carne.
Caminhando em meio a residências humildes, ele continuava sua distribuição.
As pessoas mais idosas recebiam o pão como uma benção e diziam que iriam colocá-lo em uma lata de mantimentos.
Isso, como garantia de que não faltaria comida durante todo o ano.

Mesmo as pessoas mais jovens paravam e muitas vezes pediam o pãozinho.
O sol começou a esquentar, mas o Robson continuava sua caminhada.
A simplicidade com que ele tratava as pessoas, cativou a todos da comunidade.
A Michele e eu ficamos emocionados porque ele não estava interpretando, era o Robson Terra agindo com o coração.

Ele percorreu todos os becos da Vila e era gostoso ver o brilho no olhar das pessoas.
Pessoas que foram abandonadas e viviam à margem da sociedade estavam tendo um pouco de atenção. Parecia que uma aura de felicidade tinha tomado conta do lugar.
Mulheres saiam de casa pra receber de Santo Antônio o pãozinho.

Fiz a maioria das imagens de longe.
Primeiro pra não atrapalhar a naturalidade com que as coisas aconteciam e segundo porque é dificil ver uma mão calejada de uma vida inteira de trabalho, doente sem conseguir nada, estendida para receber um ato de carinho da mão de um santo.

Ali, aumentou a admiração que já tinhamos pelo Robson Terra, pois sempre acompanhavamos o trabalho dele.
Muitas vezes solitário, ele montava o cenario e se apresentava. Depois, juntava todo o material, guardava em seu carro e ia embora discretamente.
Vendo aquele Santo Antônio, passamos a ser fãs.

Na entrevista ele disse “A minha atitude é muito singela, mas é uma representação de que todos nós deveriamos fazer.
É um presente poder personificar o Santo Antônio.
E, no dia de Santo Antônio eu interpreto e faço um pouquinho do que ele fazia.
Na verdade eu não tranformo a vida de ninguem dando um pãozinho, mas é um ato simbólico para que as pessoas se sintam tocadas e que elas façam esse ato no seu dia-a-dia.”

Pensando nisso, acho que Deus ficaria muito mais feliz se, ao invez de nos trancarmos orando nas igrejas, nos agarrando em pedidos de vida eterna, fossemos até as comunidades carentes e levassemos alimentos para essas pessoas que tanto precisam.

Dia dos namorados - Amor sem barreiras

Por Michele Pacheco

Tem dia que a gente se realiza fazendo uma reportagem.
Em meio a tanta notícia ruim, tanta violência, volta e meia surge uma história linda que nos faz acreditar que as relações humanas podem ser muito especiais.
É o caso do George e da Yolanda.
Eles estão juntos há 24 anos, contrariando as previsões dos pessimistas de que essa era uma relação fadada ao fracasso.

Nossa produtora Ludmila Fam descobriu o casal quando produzia o vivo e a reportagem para o Dia dos Namorados.
A história começou no bar do pai da Yolanda.
Ela tinha 46 anos e três filhos criados.
O George vivia tomando umas e outras por lá.

Quando ele começou a se interessar pela Yolanda, ela não acreditou.
Afinal, a diferença de idade era de 23 anos!
Mas, o George não desistiu.
Aos poucos os dois começaram a namorar.
Escondido, claro!
Eles tinham medo da reação da família dela e dos amigos.
Mas, o que poderia ser apenas empolgação, foi se revelando uma linda história de amor.
O casal mostrou a todos que se completa e que o relacionamento vai muito bem.

Como o tempo era curto para tentar produzir uma reportagem mais elaborada, apelamos para o bom e velho plano sequência.
Eu vinha pela calçada contando que os moradores do bairro Santa Rita, na zona norte de Juiz de Fora conheciam uma história de amor que desafiou preconceitos sociais.
Depois, eu entrava no bar e ia batendo papo com o casal.

Conversamos também com duas filhas dela.
O filho estava em outra cidade.
Todos aceitam bem a relação.
Gravamos entrevista com a neta da Yolanda, a Dominique.
Ela se emocionou ao dizer que o casamento da avó serve de modelo para ela e que os dois são muito especiais.

Nossa editora, Kelly Scoralick, entendeu o recado e melhorou bastante o material.
Ela foi usando a entrevista em plano sequência e intercalando as repostas com sobe sons de músicas de amor.
O que poderia ser uma reportagem chata e sem muitas imagens, ficou agradável de assistir.
No jornalismo, quando o trabalho de um completa o do outro, o resultado é um casamento tão harmonioso quanto o do George e da Yolanda.