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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Animais à solta - perigo para a saúde pública

Por Michele Pacheco

Por todo lado em Juiz de Fora a gente vê animais à solta.
São cães, cavalos e até gado.
No centro da cidade, os cachorros dividem espaço com carros e pedestres sem a menor preocupação.
O Parque Halfeld está sempre cheio deles.
Quando tem uma cadela no cio, então, a história se complica e os bichinhos andam em grupos grandes.

Se nos centros urbanos eles são perigosos, na estrada então...
No início da manhã dessa segunda-feira, dois fisioterapeutas morreram na BR 267.
Eles seguiam de carro para Muriaé, onde trabalhavam numa faculdade.
Segundo testemunhas, o motorista tentou desviar de um cão na pista, atropelou o animal, perdeu o controle da direção e bateu num caminhão que seguia no sentido contrário.
As vítimas morreram no local.

Hoje, gravamos com a veterinária responsável pelo Canil Municipal.
A Liza Helena Nery trabalha com os animais que são retirados das ruas.
Ela explicou que o risco é grande para a saúde pública.
Os animais de grande porte são cheios de carrapatos, que podem transmitir a Febre Maculosa.
A presença dos cavalos nas ruas aumenta o risco de contágio.
Os cães e gatos podem transmitir várias doenças, entre elas a raiva.

Acompanhamos uma equipe do Demlurb, Departamento de Limpeza Urbana de Juiz de Fora, no trabalho de captura.
Os funcionários saem com o caminhão.
Quando avistam um animal na rua, eles param, pegam a rede e partem para o “ataque”.
É preciso ser rápido.

O primeiro cão que filmamos estava dormindo sossegado e, ao perceber a aproximação da carrocinha, ganiu e saiu em disparada.
A segunda tentativa também foi frustrada.
Esse baixinho, mestiço de Basse, deu uma canseira no pessoal.
Drible por baixo das pernas, ganidos, saídas de escanteio, meio de lado, espremido entre um funcionário e outro, mais ganidos...
A cena foi muito engraçada e o danadinho conseguiu correr para dentro de uma casa e não foi capturado.

Mas, a equipe não desistiu e seguiu em frente no bairro Santa Cruz, zona norte da cidade.
Vários cães estavam pelas ruas e foram capturados.
É incrível a agilidade dos profissionais.
Eles descem do caminhão com as redes e cercam os cães.
Com certeza, se redimiram dos “olés” que tomaram do “Bassé genérico”.

O Daniel, estagiário da TV Alterosa, adiantou o serviço dele na técnica e foi conosco para treinar com a câmera.
Enquanto o Robson corria atrás do pessoal, ele ficou me fazendo companhia no carro e arriscando umas imagens de longe.
Quando vimos que todos tinham se distanciado muito, o Daniel quebrou o galho do Robson, levando o carro, para que ele não tivesse que caminhar o trecho longo de volta.

Nosso amigo acabou de conquistar a Carteira de Habilitação e estava todo pomposo ao volante, se sentindo o máximo por dirigir a 20km/h atrás do caminhão do Demlurb.
Mas, o Robson bem que apreciou o conforto de ir fazendo imagem sem ter que parar toda hora para estacionar o carro e gravar.

Os bichinhos tirados da rua são levados para o canil municipal.
Lá, são banhados, tratados, examinados e alimentados.
Quando se recuperam de feridas, maus-tratos e outros problemas são encaminhados à adoção.
Confesso que se tivesse uma casa grande, eu adotaria alguns.
Fico apaixonada pelos olhinhos tristes, que parecem estar sempre pedindo um carinho.

O canil municipal tem hoje 464 vagas. 420 delas estão ocupadas. São cães de todos os tipos e tamanhos.
Uma coisa eles têm em comum: a curiosidade.
Foi só a gente começar a trabalhar, para darem início a uma sinfonia desafinada de latidos e ganidos.
Todo mundo quer aparecer e disputa um lugar na entrada dos canis.

Enquanto o Robson fazia algumas imagens gerais, eu “bati um papo” com os bichinhos.
Olha, e eles parecem ter entendido.
Ficaram quietinhos e prestando atenção.
Claro que o Robson me olhou com cara de quem estava vendo uma doida.
Mas, fazer o quê?
Eu tenho essa afinidade com os cães desde pequena.
Culpa dos meus pais.
Minha mãe brinca que minha primeira babá foi um lindo dobermann.

O Daniel ficou encantado com alguns cães e disse que queria levar alguns para casa.
É claro que não fez isso, pois corria o risco de chegar em casa sem avisar e ter que morar na rua junto com o bichinho recém adotado.
Mas, vendo aquelas carinhas carentes dá para entender que todo mundo fica balançado.
Mas, poucas pessoas se mobilizam realmente para adotar um dos cães à disposição no canil.
E entendo o motivo.

Quando eu convenci o Robson a me deixar trazer um filhote de vira-latas para nosso apartamento, a Ursa parecia um bichinho de pelúcia fofo e miudinho.
Aos poucos, ela foi crescendo, as patinhas delicadas ficaram enormes, ela já não cabia na caminha acolchoada, sobravam pernas para fora do cobertor, uma a uma as coleiras ficaram apertadas... Por fim, o apartamento ficou pequeno demais para nós três.

A Ursinha está feliz da vida na casa da minha sogra, onde tem espaço para brincar, roupas para destruir e nosso carinho sempre que temos um tempinho livre.
Ela é a coisa horrorosa mais linda que eu já vi.
Os pelos cresceram cada um para um lado sem qualquer organização, um dos dentinhos ficou torto e deixa a boquinha dela meio torta, o rabo não decide se quer ficar em pé ou caído.
Mas, ainda assim, eu não troco meu “anjinho” por nenhum cão de raça.

O mesmo sentem os felizes donos de animais adotados.
Encontramos durante a gravação uma dona de casa que tinha acabado de adotar uma cadelinha de poucos meses.
O bichinho nasceu no canil.
A mãe foi recolhida abandonada na rua.
O filhote é muito lindo, todo pretinho e com ar angelical.
Os veterinários alertam que na hora de escolher o bicho de estimação é preciso levar em conta a disponibilidade de tempo para cuidar, o espaço onde ele vai ser criado e as despesas que vai dar.
Assim, é mais fácil evitar um problema grave: donos que não dão conta de cuidar dos bichos e soltam os animais nas ruas.

Jardim Botânico de Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Depois de um final de semana de folga, hora de voltarmos ao trabalho.
A primeira pauta dessa segunda-feira foi sobre a gripe “A”.
A matéria era sobre a vacina contra pneumonia e foi marcada em uma clinica particular de Juiz de Fora.
O objetivo da pauta era mostrar que aumentou a procura por vacinação contra gripe e pneumonia, em função do medo da nova gripe.

Mas, na clínica o médico explicou melhor o assunto e disse que esse aumento é comum na época do frio.
O vacinologista Mário Novaes disse ainda que a vacina contra pneumonia só é eficaz se a pessoa tiver a doença provocada por pneumococo, base da vacina.
As outras bactérias e os agentes causadores de pneumonia são imunes ao produto.

Ele defendeu que a melhor forma de se prevenir é com uma atitude simples: lavando bem as mãos e evitando locais fechados e aglomerados.
Pode parecer estranho, mas é fácil de entender.
Eu achava que a contaminação pelo ar seria a pior.
Só que o médico lembrou que ao espirrarmos, os vírus se diluem no ar.
É claro que o contágio é possível!
Mas, se o ambiente for arejado e espaçoso o risco é menor.
Já ao espirrarmos tampando o nariz com a mão, aquela secreção que fica na palma, mesmo que seja um molhadinho de leve, é um foco concentrado de vírus.

Aí é que vem o problema. A gente nem percebe, mas acaba limpando ou encostando a mão “contaminada” em tudo o que está à volta.
Maçanetas, móveis, copos, etc.
Outra pessoa chega, toca nesses pontos e leva com ela os vírus.
Ao coçar os olhos, encostar no nariz ou na boca, pode se contaminar.
O médico disse ainda que é importante buscar informações nos sites oficiais.

A segunda pauta foi uma coletiva sobre a transformação da Mata do Krambeck em Jardim Botânico.
O projeto vai ser desenvolvido pela Universidade Federal de Juiz de Fora.
O reitor Henrique Duque reuniu autoridades e imprensa para falar do acordo assinado para dar andamento às negociações de compra do terreno necessário.

A Mata do Krambeck é uma das maiores reservas de Mata Atlântica em perímetro urbano no Brasil.
Ela era formada por três fazendas.
Em 1992, duas delas foram transformadas em APAs, Áreas de Proteção Ambiental.
A terceira propriedade continuou particular.
Há alguns anos, começaram a surgir informações de que o Sítio Malícia seria vendido para a construção de um condomínio.

Os ambientalistas se mobilizaram e fizeram protestos para impedir o projeto imobiliário.
O deputado federal Júlio Delgado surgiu com a solução.
Ele propôs que a Universidade Federal de Juiz de Fora adquirisse a área e criasse um Jardim Botânico na cidade.
O local seria usado para pesquisas e educação ambiental. A idéia agradou.

O sítio Malícia está sendo negociado por R$ 5,3 milhões.
A UFJF já dispõe de R$ 500 mil.
O restante vai ser conseguido por meio do leilão do prédio antigo da Faculdade de Odontologia, na rua Espírito Santo, centro da cidade.
O combinado é que os donos do sítio fiquem com R$ 4,8 milhões.
O que passar desse valor no leilão ficará com a Universidade, para investir no projeto.

O reitor disse ainda que o governo de Minas Gerais liberou R$ 2 milhões para a implantação do Jardim Botânico.
A busca por recursos teve apoio de políticos da região e do estado.
Vários deputados federais e alguns estaduais trabalharam para conseguir a liberação de verba de Minas e da União para o projeto.
As autoridades presentes à coletiva lembraram que a preservação da Mata do Krambeck é um sonho antigo.

A coordenadora do projeto, Fátima Salimena, contou que um levantamento da flora foi feito no Sítio Malícia.
“A área já é um Jardim Botânico quase pronto.
Várias espécies importantes estão plantadas e preservadas por lá.
Os visitantes vão reconhecer muitas espécies.
Há mata de Pau-Brasil e outras árvores de grande valor para a pesquisa.
Agora, o próximo passo é avaliar o que há nas APAs” disse Fátima à nossa equipe.