Por Michele Pacheco
Hoje, nossa tarde começou de forma bem agradável.
A primeira pauta era sobre uma visita de alunos de escolas públicas a um parque de diversões montado em Juiz de Fora.
A idéia era mostrar a reação de crianças e adolescentes nesse passeio gratuito.Claro que encontramos estudantes com sorriso amplo no rosto, correndo de um lado para o outro, enfrentando filas e aproveitando os brinquedos.
Brinquedos mais tranquilos, que não oferecem muitas emoções, mas levam a um mundo de imaginação.
Quem ouvia a música tocando e acompanhava o movimento circular dos brinquedos notava que as crianças estavam num mundo diferente, só delas, em que cada uma criava suas próprias aventuras.
Olhos brilhando e expressões encantadas estavam presentes, para não deixar dúvidas de que estavam adorando tudo aquilo.Os adolescentes sempre têm aquele ar de coragem e desafio no rosto.
Não querem saber de brinquedos lentos e enfrentam as filas impacientes por um pouco de adrenalina.E encontram uma boa dose na Barca, no Dancing, no Twister...
Vendo o pessoal girar e gritar sem parar, deu para ter uma noção do quanto o passeio gratuito foi especial.A idéia de promover entrada de graça de crianças carentes e de alunos de escolas públicas vem desde a criação do Parque Trombini, em 1957.
O Antônio Luiz foi muito gentil em receber a nossa equipe e mostrou a mesma emoção de sempre ao falar sobre o projeto.Ele é a terceira geração da família a manter o parque e o trabalho voluntário por todas as cidades onde montam os brinquedos.
A gente trabalha tanto em cima de factuais, de tragédias, de sofrimento e violência, que cobrir uma matéria dessas é um presente sempre bem recebido.
Tem gente que acha que jornalista só se sente bem se houver notícias ruins para passar. É o contrário!
Nós queremos mostrar o lado bom das pessoas, o que elas fazem para ajudar o próximo, cada ação despretensiosa que acaba mudando a vida do outro.Com certeza, os problemas ocupam um bom espaço nos noticiários.
Mas, boas ações também merecem destaque.É o que ocorre no Jornal da Alterosa.
No momento em que nossas produtoras Ludmila e Flávia ficaram sabendo da visita ao parque, conversaram com nossa Editora Responsável, Elisângela, que na mesma hora pediu matéria.
Nós fomos animados para a cobertura e tentamos registrar ao máximo a emoção daquelas pessoas.A Kelly editou com capricho e se envolveu no sentimento coletivo de que aquele assunto merecia destaque.
A matéria ficou legal e encerrou o jornal de forma positiva.O curioso é que, enquanto buscávamos as melhores imagens, as expressões sorridentes e encantadas das crianças, encontramos um detalhe inesperado.
No meio da fila enorme para o carrinho de batida, estava a Elza.Com os olhos brilhando de ansiedade, a auxiliar de serviços gerais, de 44 anos, se sobressaía entre as crianças pequenas.
Ela parecia mais animada do que todo o grupo de 1500 alunos de escolas públicas.Brincamos com a Elza sobre ela voltar a ser criança e parecer mais feliz do que a garotada e tivemos uma surpresa.
Ela estava daquele jeito porque nunca tinha ido a um parque de diversões na vida.Nascida e criada na zona rural de Divino, interior da Zona da Mata Mineira, não teve oportunidade de se divertir quando era pequena.
Quando a família mudou para Juiz de Fora, ela era adolescente e teve que trabalhar.Foi a realização de um sonho.
A matéria, que era para falar das crianças, ganhou vida nova.
A Elza roubou a cena e foi nosso personagem de maior destaque.Um simples bate-papo pode render ótimas histórias durante as reportagens.
Essa é uma que não vamos esquecer. Ela dirigindo o carrinho de batida, os olhos úmidos de emoção ao sair do brinquedo e o depoimento singelo de que esse foi um dia para lembrar eternamente...
São essas as melhores imagens dessa matéria que vamos guardar na memória.