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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

terça-feira, 20 de maio de 2008

Caramujo africano

Por Robson Rocha

Hoje fomos caçar caramujo africano em Araci, distrito de São João Nepomuceno.
Na estrada, passamos pelo Aeroporto Regional da Zona da Mata.
O local está abandonado.
Somente alguns operários faziam uma obra na via de entrada, onde parece que caiu uma pequena barreira e está sendo construído um muro de arrimo.

Parece que o sonho de alguns políticos da região vai se transformar, se nada for feito, em um grande elefante branco cravado entre as cidades de Goianá e Rio Novo.
Na última vez em que estivemos lá, pessoal e equipamentos estavam sendo retirados e a Zona da Mata ia continuar contando com suas precárias rodovias para escoar sua produção.
Alguns funcionários foram mantidos, mas o aeroporto continua parado.

Passamos em São João Nepomuceno para encontrar a equipe da prefeitura que ia nos acompanhar.
Na estrada, uma placa chamou a atenção.
Ela indicava a entrada para Roça Grande.
Era o nosso caminho.
Seguimos por alguns quilômetros e chegamos.

É um distrito simpático, e logo na entrada existe uma grande chaminé, em um local que parece uma olaria.
Paramos para pegar uma agente de saúde que iria acompanhar o pessoal no trabalho de captura de caramujos africanos.
Esses caramujos são aqueles que foram trazidos para o Brasil por criadores na década de 80, para substituir o escargot na culinária. Mas, o brasileiro não é muito chegado em escargot e os bichos foram abandonados, virarando praga no país. Isso, pois aqui não existe um predador natural dele.

Mas, uma outra coisa nos chamou a atenção em Roça Grande.
Em uma esquina havia uma casa com um cartaz colado na parede.
O cartaz chama a população para fazer exames de vista dia 30 de maio e informa que o preço é de vinte reais.

Em letras garrafais estava escrito “Médico OCULISTA de Belo Horizonte”.
No cartaz não existe o nome do “oculista”.
Mas, só pela propaganda eu não iria à consulta.
Prefiro procurar um OFTALMOLOGISTA.

Dali, pegamos uns 12 quilômetros de estrada de chão até chegar em Araci, um pequeno distrito de São João Nepomuceno.
Lá, já havia uma equipe do tiro de guerra pronta para começar o trabalho.
Segundo o Diretor da Policlínica Microrregional, Sebatião Barbosa, responsável pelo trabalho, eles já haviam jogado cal e feito um combate inicial.

Mesmo assim, muitos caramujos, muitos mesmo, foram recolhidos e enterrados com cal durante a nossa reportagem.
Antes, eles usavam sal para matar os moluscos.
Mas, isso prejudica o meio ambiente, tornando o solo improdutivo.
Então, eles usam cal virgem.

Os moradores acharam o trabalho muito bom, pois estavam preocupados com as crianças que estavam tendo contato direto com o bicho.
A Sueli Aparecida Pereira tem três filhos e contou que o caçula está sempre tentando pegar os caramujos.
Além disso, as crianças brincam por onde o molusco passou, levam a mão à boca...
Gravamos com o Sebatião e ele afirmou que o trabalho vai continuar.

Estava gravando quando vi um caminhãozinho diferente.
Caminhãozinho movido a leite?!
O dono adaptou o latão de leite!
Para ser mais exato, ele fez uma gambiarra e colocou o latão amarrado e apoiado próximo ao motor. Só não achamos o dono pra ver se funciona e aproveitar para dar uma voltinha.

Mas, falando em leite.
A Michele e eu viemos comentando no caminho, como as coisas na roça são diferentes.
Até hoje, os produtores deixam seus latões de leite na beira da estrada para serem recolhidos pelo “caminhão de leite” e ninguém mexe nos latões.
Se fizéssemos isso na cidade, ficaríamos sem o leite e sem o latão.

Voltando a Juiz de Fora, fomos almoçar e esperar a hora de gravar a entrevista com o prefeito de Juiz de Fora, Alberto Bejani, que vai ao ar no Jornal da Alterosa desta quarta-feira (21) e desta quinta-feira (22).
Só no início da noite chegamos em casa para um bom e merecido descanso.