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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sexta-feira, 23 de maio de 2008

O pau de matar matéria (Jornalismo de aquário)

Do site Vi o mundo por Luiz Carlos Azenha
www.viomundo.com.br
Atualizado e Publicado em 11 de abril de 2008 às 16:23

O aquário é uma sala envidraçada onde ficam os peixes graúdos de uma redação de Jornalismo. A mão pesada do aquário vai ficar cada vez mais pesada.
Hoje, em qualquer redação moderna da TV brasileira, um editor-chefe de um telejornal pode acompanhar à distância a produção do texto do repórter. Graças à informatização.
Você escreve num terminal, salva o texto, e acessando de outro terminal o chefe já tem uma idéia do que você está escrevendo.

Problema maior, em minha opinião, é a pauta pré-definida.
Se o repórter desmentir a proposta de reportagem corre o sério risco de se queimar.
Essa tensão, entendam, existe em qualquer redação.
É óbvio que se você junta três jornalistas discutindo um texto haverá discordâncias. De estilo, de conteúdo, de hierarquização das informações.
Mas, no passado, o papel do repórter era preponderante.

Não é mais. Meu amigo Tonico Ferreira costuma brincar que, nas redações, existe um certo pau de matar matéria. Refere-se aos temas relevantes que passam batido pelos telejornais. É que, com raríssimas exceções, a pauta é definida de cima para baixo. Idéias pré-concebidas no aquário acabam sendo entregues a repórteres, que saem às ruas em busca dos fatos e imagens que justifiquem as hipóteses. Curiosamente, a indústria do entretenimento incentiva a personalização do Jornalismo. É comum ver fotos de repórteres e apresentadores na capa de Caras ou de revistas de fofocas.

O repórter é protagonista, muitas vezes mais importante do que a própria notícia. Por outro lado, o papel preponderante do aquário incentiva à "despersonalização" das reportagens. É a vitória da forma sobre o conteúdo. O repórter é mais importante para o marketing do produto do que para a produção de informação.

Os textos são previsíveis, os entrevistados também, o tom de voz, o sotaque - tudo é tão homogêneo que dificilmente você se surpreende com alguma reportagem no telejornal. A criatividade, muitas vezes, fica por conta dos repórteres cinematográficos e dos editores de imagens, aqueles que são encarregados de escolher o que você vê na TV. Porém, isso está prestes a acabar, se o modelo aplicado hoje aos repórteres for mantido.

As imagens gravadas em disco - não mais em fita - serão descarregadas diretamente num servidor. Assim, os repórteres poderão assistí-las diretamente nos terminais de computador. Esse novo sistema também permitirá que a turma do aquário veja as imagens brutas, não editadas, assim que chegarem à redação. O que permitirá o microgerenciamento também das imagens.

Há outro modelo de gestão possível. Se aos repórteres for dada maior responsabilidade pelo conteúdo das matérias, teremos maior diversidade, garantia de pluralidade, uma produção heterogênea e um telejornal mais humano, porque narrado com a convicção daqueles que, em carne e osso, estiveram em contato com a notícia. Esse modelo descentralizado, no entanto, dificulta o uso do Jornalismo para a pregação ideológica.

Publicado originalmente em 9 de agosto de 2007 e reproduzido resumidamente

Dia de Santa Rita - a Santa das Causas Impossíveis

Por Michele Pacheco

O Dia de Santa Rita foi ontem. Mas, com o feriado de Corpus Christi, a comunidade do bairro Bonfim, em Juiz de Fora, onde fica a igreja com o nome da Santa das Causas Impossíveis, decidiu realizar a festa tradicional hoje. Fomos cobrir e encontramos a igreja toda decorada. Uma tenda foi montada no adro para abrigar as 20 mil pessoas esperadas durante todo o dia. As missas ficaram lotadas desde cedo. Muitos fiéis se emocionaram nas celebrações.

Do lado de dentro da igreja, houve fila para rezar diante da imagem da santa. Os devotos chegavam com rosas nas mãos para trocar por outras, bentas, no altar. A Aparecida Conceição Mateus era uma das responsáveis pela troca das flores. Ela contou que a tradição começou no leito de morte de Santa Rita. Doente, ela pediu a uma amiga que fosse buscar uma rosa no jardim da casa dela. Mas, era inverno na Europa e nenhuma flor sobrevivia no frio rigoroso, muito menos uma rosa. Mesmo assim, a mulher foi ao local indicado e encontrou uma rosa linda florescendo viçosa no jardim. Foi considerado um dos milagres da santa.

Santa Rita viveu no século XIV, foi casada e teve filhos, mas sempre desejou a vida religiosa. Quando o marido dela foi assassinado, os filhos ficaram revoltados e partiram em busca de vingança. Os dois morreram. Só então ela realizou o sonho antigo e foi freira até morrer. Canonizada pela igreja católica, é uma das santas de maior devoção em todo o mundo.

Além da tradição das rosas, os fiéis mantém outro hábito antigo. As mães fazem promessas quando os filhos têm problemas graves de saúde. Em troca de graças conseguidas, algumas passam a vestir as filhas com roupa idêntica à de Santa Rita. Encontramos na igreja a Luciana de Oliveira. A técnica em enfermagem contou que teve uma gravidez tranqüila, mas quando as gêmeas Tais e Tamires completaram nove meses de vida, os médicos diagnosticaram que elas tinham bronquite asmática. A mãe pediu socorro a Santa Rita e diz que foi atendida. Hoje, as meninas com seis anos de idade dizem não se importar de usar o hábito de freira na festa da santa.

As missas aconteceram de duas em duas horas desde as cinco da manhã. Nas barracas montadas no adro, eram vendidos objetos religiosos e rosas. A expectativa era de vender 2400 flores.
O dinheiro deve ser usado em obras da paróquia de Santa Rita.