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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

domingo, 17 de fevereiro de 2008

Jornalismo em HD(Alta Definição) continua sendo: luz, câmera e ação!

Por Robson Rocha

Quando entrei em tv ninguém falava em tv digital. Imaginar gravar uma matéria em um cartão e enviar por pacotes de dados pelo correio eletrônico, seria motivo de riso, e provavelmente alguém faria uma piadinha do tipo: vai pelo correio Americano? E o pacote é pra presente?
Mas, estamos passando por uma revolução tecnológica e que muitas pessoas do meio não estão percebendo. Hoje, as imagens podem ser feitas e enviadas via celular. Podem ser feitas por uma câmera, descarregadas em um notebook e enviadas via e-mail.
Muita gente vê uma câmera de tv de hoje e não imagina como era complicado há vinte anos.

Quando comecei na televisão, em 1988 as câmeras tinham 3 tubos(RGB), que transformavam a intensidade de luz em corrente elétrica. E era muito engraçado, pois era comum as câmeras marcarem o tubo. O que era isso? O tubo marcava quando o cinegrafista enquadrava um ponto de luz muito forte, que gerava uma corrente elétrica muito alta e que literalmente queimava aquele ponto do tubo onde a imagem havia sido projetada.
A primeira câmera de externa com a qual tive contato foi com uma Sony DXC 1800. Como dá pra ver na foto, era uma câmera, digamos, esquisita. Ela apenas captava as imagens, o sinal gerado era levado para o VT por um cabo tipo ccq. O operador de vt é que fazia a monitoração de áudio e vídeo. O cinegrafista se preocupava apenas com a imagem. Só por curiosidade a resolução dela era de 300 linhas.
Trabalhei também com Ykegami HL-35 e Ykegami HL-77.

Depois chegaram em Juiz de Fora as BVP’s 110, que na emissora eram conhecidas como ferrinho de passar. Elas eram muito leves e com o zoom fechado era muito difícil manter a imagem estável. Todas elas da mesma forma que a DXC 1800 captavam as imagens e geravam o sinal para ser gravado no vt.
Em comum essas câmeras tinham uma coisa: necessidade de luz. Spot’s com lâmpadas de menos de 1000w não serviam. Com a HL 77 para uma área de 100 metros quadrados no mínimo usávamos 4000w. Usar lâmpadas de 100w como usamos hoje, não serviria para absolutamente nada!

Quando chegaram as câmeras DXC-537, com 3ccd’s, foi o paraíso, pois elas não precisavam de tanta luz. E aí começaram a aparecer problemas nas imagens, porque imagem é luz. A câmera precisa de luz, pois ela sozinha não corrige as imperfeições das iluminações de onde as matérias são gravadas.

Hoje, com a chegada de equipamentos HD, os cinegrafistas estão se esquecendo novamente da luz e que a câmera sozinha não faz nada.
E a câmera de alta definição é cruel com o cinegrafista, pois mostra o que o equipamento SD(standard) não mostrava.
E provavelmente vai expor muito os erros de operação.

A mudança no padrão de imagens de 4x3 para 16x9 vai refletir nas regras de enquadramentos e talvez o ponto de ouro mude dos 2/3 e volte para 5/8, quem sabe? Mas para saber isso, todos nós vamos ter que aguardar que os diretores de cada emissora definam a nova "linguagem" visual de cada empresa. E aí, devem ser promovidos cursos para, além disso, mostrar o que muda na iluminação, profundidade de campo, definição de imagem, etc. E novos manuais para cinegrafistas devem ser lançados.

O que todo cinegrafista tem que ter em mente é que da câmera de tubo, passando pelos CCD’s,
aos CMOS’s o principio básico da câmera continua o mesmo:
A luz entra pela lente, passa pelos prismas e chega ao target(tubo, CCD ou CMOS).
O processamento dessa luz e do sinal é que muda.
Então temos que saber mais e não esquecer o básico, a luz.
E para ter imagem em televisão é preciso como diz o diretor:
Luz, câmera e ação.