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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sábado, 25 de julho de 2009

De enterro a Festa Julina – Fim de semana de repórter

Por Michele Pacheco

Sabe aqueles dias em que o despertador toca e você gostaria dele estar errado?
Em que tudo o que mais queria era de se enfiar debaixo dos cobertores, virar para o lado e sonhar com os anjinhos?
Pois hoje foi um desses dias!
Olhei pela janela, vi a chuva, senti o vento frio e deu vontade de chorar!
Mas, tínhamos que cobrir o enterro do taxista assassinado nessa sexta-feira, na Cidade Alta, em Juiz de Fora.


Eu odeio enterros!
Acho que é um péssimo momento para a imprensa registrar os fatos.
Os parentes e os amigos estão sofrendo, se despedindo de alguém querido e lá estão microfones e câmeras.
Até enterrar o meu pai, há dois meses, eu não tinha sentido na pele o quanto é doloroso o velório e o último minuto.
Agora, respeito ainda mais a privacidade dos outros nessa situação.
O Mauro Emílio Olímpio Moreira, 28 anos, deixou mulher e uma filhinha de seis meses.
A família estava revoltada e arrasada.
Depois de conversar com alguns parentes, consegui uma foto do taxista e voltamos à TV para deixar o material.

Seguimos então para a segunda pauta. Uma moradora da zona norte de Juiz de Fora ligou pela manhã para a nossa editora, Elisângela Baptista. Muito assustada, a mulher disse que a televisão dela tinha explodido e que o apartamento estava todo destruído. A Lili nos pediu para ir logo para o bairro Encosta do Sol.


Chegamos lá debaixo de um temporal.
Olhei de um lado para o outro procurando o número indicado e comentei que só faltava a gente ter que descer um escadão debaixo do temporal. O Robson ficou horrorizado. É que, em geral, eu falo e as coisas acontecem. Claro que só as coisas que ele não quer que aconteçam. Sabe aquela coisa de “Lei de Murphy”? Se algo tiver que dar errado, vai dar?

O alívio veio ao vermos que o número procurado era de uma casa no nível da rua.
Eu já sorria satisfeita e aliviada, quando notei um escadão ao lado.
Até arrepiei!
Ohei de lado para o Robson e ele começava a ficar vermelho.
Achei melhor ligar para a moradora e confirmar.
Ela me disse que era só descer.
Ah, não seria tão difícil!
Mais uma vez, falei cedo demais!
Tivemos que descer uns sessenta degraus, debaixo de chuva, patinando no limo.
O apartamento dela era no fundo do barranco!

Quando perguntamos sobre que fenômeno tinha feito a TV explodir, a mulher explicou que não sabia direito.

Ela tinha deixado uma vela acesa por algumas horas, enquanto dava umas voltas com os dois filhos.
Quando voltou, viu fumaça por toda parte e chamou os bombeiros.
É o tipo de distração que pode acabar mal.

O apartamento estava todo preto, mal entrava luz, o tipo de ambiente que irrita qualquer cinegrafista.
Olhei para o meu marido, ensopado e calado.
Juro que, mesmo sem luz, eu enxerguei as faces ficando avermelhadas e o olhar fatal para mim.
Gravei rápido com a entrevistada e voltamos debaixo de chuva, escadaria a cima.

Defumados, com as roupas cheirando a uma mistura de cachorro molhado e carvão, fomos almoçar.
O sábado estava prometendo!
A pauta seguinte foi tranqüila, no Mercado Municipal.
Gravamos o material para o quadro Feira Livre desta segunda-feira.
Lá dentro pelo menos a chuva não nos incomodou.

Mas, do lado de fora estava a nossa quarta pauta do dia: o concurso de quadrilha do XII Arraiá da cidade.
A chuva diminuiu e ficou só uma garoa.
Aos poucos, ela parou e os organizadores correram para montar tudo antes que o tempo piorasse.

A praça Antônio Carlos ficou toda colorida com bandeirinhas e barracas.
O evento é bem legal e ajuda a divulgar a cultura popular.
Neste ano, foram inscritos sete grupos de quadrilha de juiz de Fora, Santos Dumont, Coronel Pacheco e Muriaé.

Hoje, eles se apresentaram e os jurados observaram cada detalhe para escolher os quatro finalistas que vão disputar o prêmio de R$ 600,00 para o primeiro lugar.
A chuva recomeçou logo na primeira apresentação.
Mas, os dançarinos nem pareciam notar.
Estavam alegres e se divertiam bastante.

O Robson já estava com um humor melhor e aproveitou para fazer pose ao lado do cavalo que decorava o coreto da praça.
Esse ar satisfeito é porque ele encontrou um lugar seco para fazer as imagens, fugindo da chuva.
Ficamos com o júri, num ponto de vista privilegiada e, o melhor, bem sequinho.

O Fernando Priamo, da Tribuna de Minas, notou as vantagens do posto escolhido pelo Robson e foi correndo para lá.
Ele se meteu pelos cantos da decoração do coreto em busca de um ângulo diferente da quadrilha.
Saiu satisfeito e foi se alojar no outro palco montado na praça.

Logo depois apareceu o João Schubert, do JF Hoje.
Ele também ralou um bocado nesse sábado.
Com o capricho de sempre, avaliou cada ângulo possível, virou de um lado para o outro até se sentir satisfeito com o resultado.
Pena que nossa máquina fotográfica anda pifando na hora errada e nos deixou na mão.
Perdemos bons flagrantes do contorcionismo e das caras e bocas o Schubert trabalhando.
Fica para a próxima.

Para terminar um dia gelado de trabalho, nos aquecemos com um bom bate-papo nos intervalos das apresentações.
O Humberto Nicolline, fotógrafo da prefeitura, nos fez rir um bocado com as piadas que contou.
Ele foi um dos que não resistiram às delícias servidas nas barracas de alimentos do XII Arraia da Cidade.
Encarou uma bela cumbuca de canjica.
Pelo jeito satisfeito, além de gostosa, ela estava quente a ajudou a espantar o frio.
Enquanto ele aproveitava o restante da festa, nós voltamos para a TV, para não estourar muito o nosso horário.