Quem somos

Minha foto
JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quinta-feira, 12 de junho de 2008

CPI Bejani - Perto do fim

Por Robson Rocha

Pela manhã, uma fonte da capital, havia nos informado sobre a existência de sete vídeos que seriam o estopim para o início da operação. Segundo esta fonte, nos vídeos haveria desde imagens de possível amante do prefeito até gravação de pagamentos de propina.

Mas, como não conseguimos confirmação de nada, seguimos com a nossa agenda, que na parte da tarde seria na Câmara Municipal.
Depois de deixar o carro em uma vaga de veículos oficiais, pois não existe onde parar para fazer matéria no legislativo de Juiz de Fora, fomos gravar mais depoimentos da CPI do Bejani.
O plenário estava lotado para ouvir os depoimentos de dois vereadores e de um empresário.

O primeiro a depor foi o vereador José Sóter Figueroa, que contou em detalhes as denúncias que teria recebido de Arlindo Geraldo de Carvalho, um consultor apontado como comprador da casa do prefeito no bairro Recanto dos Lagos.
O vereador afirmou que esteve com Arlindo por duas vezes. Uma em 28 de março e a outra no dia 16 de abril.
Segundo o vereador, Arlindo teria afirmado que Alberto Bejani recebia um milhão e meio de propina por mês, isso para favorecer algumas empresas.
Entre elas, estariam a Paraopeba, a Queirós Galvão, o grupo SIM e empresas de ônibus urbano.

Entre as denúncias apresentadas por Figueroa, Arlindo teria apresentado cheques do superintendente da Amac, Associação Municipal de Apoio Comunitário, para Marcelo Detoni, ex-secretário de Agropecuária e Abastecimento, para pagamento de carne para abastecer unidades. Mas, segundo o Arlindo, não haveria carne e sim propina. E que haveria um plano da cúpula da prefeitura para matar o empresário Omar Peres, que vinha publicando artigos contundentes contra o prefeito e alguns secretários.

No segundo depoimento, Flávio Checker disse que Arlindo o procurou e se apresentou como amigo do prefeito e estaria descontente por Alberto Bejani não pagar dívidas que tinha com ele. Por isso, Arlindo, resolveu botar a boca no trombone, denunciando esquema de favorecimento e pagamentos de propina, e falando de um plano para assassinar o empresário Omar Peres.
Segundo Arlindo, a idéia seria simular um assalto na cidade do Rio de Janeiro e que os assassinos já teriam sido contratados.
Por isso, os vereadores levaram Arlindo até Omar para contar a história.
As denuncias feitas por Arlindo também teriam sido passadas ao promotor Paulo Ramalho.

Por último, o depoimento mais esperado, já que foi anunciado à imprensa por funcionários da Câmara Municipal que seria lançada uma “bomba” sobre o caso Bejani. O empresário sócio da TV Panorama, afilada da Rede Globo em Juiz de Fora, Omar Peres disse que Bruno Siqueira, relator da CPI, conversou com um juiz federal, no dia 28 de março, para encaminhar as denúncias à Polícia Federal. E, afirmou que a “Operação Pasárgada”, em 9 de abril, foi uma coincidência.

Omar disse que foi procurado por Bruno, pedindo que tomasse cuidado sobre um atentado no Rio, e reconheceu que fez vários inimigos depois que começou a denunciar a quadrilha. Arlindo teria explicado a Peres o plano de assassinato.
Segundo ele, ao ouvir o planejamento da simulação de assalto para matar o empresário, o então secretário, Marcelo Detoni, teria dito que era melhor matar no Rio porque lá se mata e nada acontece. E Arlindo teria mostrado cheques do Abatedouro, que pertence à família Detoni, para contratar os assassinos.

Omar Peres disse ainda, que Arlindo marcou um encontro na casa do prefeito no bairro Recanto dos Lagos, onde Bejani teria pedido que Omar parasse de “bater” em troca de apoio na eleição deste ano para prefeito. Ele teria dito ao prefeito para renunciar, pois seria a única saída.
Por fim Omar disse à CPI para desacreditar o depoimento de Arlindo, pois ele teria mentido no depoimento à Comissão.
Isso é meio confuso. Pois, se for para desacreditar o depoimento porque o consultor mentiu à CPI, como ter certeza de que as denúncias feitas também não são mentirosas? Os vereadores vão encaminhar as denúncias à justiça e cobrar apuração rigorosa.

Conversamos com o ex-secretário Marcelo Detoni sobre o atentado. Ao ser perguntado sobre as denúncias, ele disse à Michele que assim que ouviu a história pela primeira vez, acionou os advogados dele para exigir que os denunciantes provassem o fato na justiça. O ex-secretário disse que o empresário tinha pisado em muitos calos pela vida toda e deveria ter vários inimigos. Detoni teme que Omar Peres seja mesmo morto e a culpa recaia sobre ele. “Eu não me sujaria dessa forma, mas temo que tudo que acontecer de errado com o Omar acabe virando minha culpa” explicou o ex-secretário.

Chegamos em casa à tarde e no Portal G1 havia um vídeo que estaria em posse da Policia Federal e foi divulgado pela revista Época, onde o prefeito aparece recebendo propina de um empresário de transporte de Juiz de Fora.
Agora, é esperar que todos os detalhes da operação sejam divulgados ou que o conteúdo dos outros vídeos que a Polícia Federal encontrou seja divulgado também.

Operação "De Volta para Pasárgada" - prefeito de Juiz de Fora preso de novo

Por Michele Pacheco

Quinta-feira, dia dos namorados, nós dois trabalhando na parte da tarde... Estávamos pensando em passar a manhã namorando e curtindo o sossego do nosso cantinho. Mas, um casal de jornalistas nem deveria se dar ao trabalho de fazer planos desse tipo. Eles com certeza vão dar errado. Como se não bastasse o Robson sair às cinco da manhã para adiantar imagens de um incêndio enquanto eu tentava avisar nossa chefe, quando ele voltou tivemos que sair.
Destino: plantão na porta da casa do prefeito Alberto Bejani, no bairro Aeroporto, área nobre de Juiz de Fora.

Encontramos os colegas da imprensa reunidos por lá.
Calçada virou cadeira na falta de um lugar mais confortável.
Na espera longa, cada repórter tentava mobilizar as fontes para conseguir alguma novidade sobre a prisão do prefeito e o trabalho da Polícia Federal em vários pontos da cidade.

Descobrimos que além de Alberto Bejani, alguns secretários municipais estavam na mira da polícia e tiveram as casas vasculhadas.
Nas residências de dois deles foram apreendidos documentos.
O nono andar do prédio da prefeitura, onde funciona o gabinete do prefeito foi interditado enquanto os agentes cumpriam o mandado de busca e apreensão.

Os muros altos da casa do prefeito e a dificuldade para enxergar o que se passava lá dentro levaram o repórter fotográfico Carlos Mendonça a improvisar.
Lógico que ninguém perdoou e as gozações foram muitas. "Ah, se essa câmera cai lá dentro", " Isso é um jeito novo de pular o muro?" foram apenas algumas das gracinhas que o coitado do Carlos teve que ouvir. Mas, quem ri por último, ri melhor, como diz o ditado. Com a câmera num suporte, ele tentou fotografar alguma ação por cima do muro. Depois, correu para conferir o resultado da estratégia.

Enquanto os fotógrafos clicavam sem parar em busca de alguma distração, o Robson escorava nos carros de imprensa para descansar o esqueleto cansado por ter acordado de madrugada para trabalhar. Como ele vive fotografando os colegas em todo tipo de situação para colocar aqui no nosso blog, agora também está na mira deles. Todos disputando uma foto que sirva de vingança. Enquanto não conseguem, vão nos munindo de material para contar os bastidores do jornalismo em Juiz de Fora.

No meio da manhã, alvoroço na área.
Não, não era o prefeito saindo ou a polícia federal chegando.
Eram nossos colegas Ricardo Beghini, repórter do Jornal Estado de Minas,
e Wallace Mattos, repórter do Jornal Tribuna de Minas.

O Beghini foi vítima da gozação dos entediados amigos que aproveitaram que ele chegou tarde para perturbá-lo.
E o Wallace passou por lá para dar um alô.
Aproveitaram para posar para fotos.

Enquanto a gente tentava passar o tempo, pela cidade outras equipes de reportagem se desdobravam para cumprir os objetivos de cada uma. Houve três prisões na sede da Astransp, Associação das Empresas de Transporte de Juiz de Fora. Três empresários da mesma família, donos de uma empresa de ônibus, foram presos por suspeita de pagamento de propina ao prefeito para liberação de aumento de passagem. O preço previsto era de R$1,63, mas a prefeitura aprovou o pedido dos empresários e passou o valor para R$ 1,75. Na casa de um dos suspeitos, no Morro da Glória, a polícia apreendeu documentos e veículos. Um cunhado do prefeito também foi preso, pois teria bens irregulares no nome dele e seria cúmplice de um esquema de favorecimento de algumas empresas em contratos sem licitação.

Cada carro da Polícia Federal que chegava na casa do prefeito gerava uma correria entre os jornalistas. Nós todos precisávamos de confirmação para as inúmeras informações que íamos recebendo das fontes. Alberto Bejani deixou a casa dele às onze da manhã, num carro da Polícia Federal e foi levado direto para Belo Horizonte. Numa Rádio de Santos Dumont, que estaria no nome dele e da primeira dama, Vanessa Loçasso Bejani, os policias deram buscas e encontraram R$178 mil num cofre que ficava na sala da Vanessa, diretora-geral da rádio. O meio de comunicação teria sido comprado pelo casal por R$10 mil, valor considerado muito abaixo do previsto no mercado. A polícia suspeita que a rádio era usada para vender comerciais super-faturados.

Deixamos a casa do prefeito junto com o resto da imprensa, mas tivemos que voltar para procurar o motoboy que tinha sido enviado para pegar a fita. Foi quando o Robson notou num canto da rua um tripé abandonado. O equipamento tinha sido esquecido pelo cinegrafista da TV Panorama. Com medo de que ele fosse roubado, o Robson fez o "resgate". Levou o tripé para a TV Alterosa e avisou ao pessoal para ir buscar na nossa portaria. Se fosse nosso o equipamento gostaríamos que alguém tivesse feito o mesmo. Quando achamos que o plantão tinha acabado, fomos mandados a uma revendedora de veículos que pertece a um dos empresários presos.
Os policiais federais apreenderam dois malotes com documentos e voltaram para a delegacia.

Ainda não era dessa vez que a gente ia conseguir descansar...

Incêndio no centro de Juiz de Fora

Por Robson Rocha

Hoje, por volta de cinco da madruga o telefone da Michele tocou. Era uma fonte passando que havia um incêndio de grandes proporções no centro de Juiz de Fora. Mais precisamente na avenida Getúlio Vargas, próximo ao antigo Granatão.

Levantei e peguei nossa câmera, mas como diz o ditado: “em casa de ferreiro o espeto é de pau”, as baterias estavam descarregadas.
Então, parti para o plano “b”.
Enquanto a Michele ligava para a nossa chefe, peguei meu carro, fui até a TV e peguei uma câmera e luz.
Só havia um carro na TV, então decidi ir com o meu mesmo, pois precisariam do outro carro.
Chegando no local, fui barrado, mas quando me reconheceram, me deixaram passar.
Deixei a chave com um bombeiro que manobrou o carro pra mim, enquanto garantia as primeiras imagens na avenida Getúlio Vargas.

Logo, outro bombeiro me alertou que seria melhor ir pela rua de trás, a Batista de Oliveira, onde daria, segundo ele, uma melhor visão do incêndio.
Fui para lá e outras viaturas dos bombeiros estavam posicionadas dentro do estacionamento do Bahamas. Fiz algumas imagens e logo um bombeiro alertou pelo rádio que a imprensa havia chegado e perguntando se poderia gravar alguma coisa. Bem, até aquele momento eu era a única figura da imprensa no local. Como fui o primeiro maluco a chegar ali, realmente era comigo.

O comandante pediu que me mandassem para um outro local, onde ele estava e dava para ver as chamas.
Fui, entrei em um beco que eu não conhecia e notei que ali existem várias casas abandonadas que, segundo alguns moradores, são usadas para prostituição e tráfico de drogas, além de funcionar de esconderijo para bandidos.
Mas, segui o caminho.

Quando cheguei no local, encontrei o Tenente Coronel Rodney Magalhães comandando pessoalmente a operação.
Ele me disse para subir em uma laje.
Aí, a falta de preparo físico falou alto. Passei o equipamento e quando fui subir... que dificuldade, foi difícil puxar meus mais de 90 quilos pelos braços, mas consegui.

O Tenente Coronel Rodney disse que havia brinquedos e tecidos no prédio em chamas e a preocupação era para o fogo não se espalhar, pois em volta, além de vários prédios antigos, havia depósitos e estacionamentos.
Todos eles com um pontecial enorme de combustão.

De cima dava para ver o estrago, mas a quantidade de fumaça era muito grande e às vezes dificultava a respiração. Fiz as imagens e quando peguei minha “xeretinha” para fazer algumas fotos, a pilha acabou e as novas estavam no carro.
Quando foi mais ou menos seis e meia a equipe do horário chegou, o Marco Fagundes assumiu meu posto na laje.

Quando desci, passei para o Evandro Medeiros, o repórter, o que eu tinha de imagens.
Dali fui embora para levar minha filha ao colégio e de longe dava para ver a coluna de fumaça, apesar do incêndio estar controlado.

Eram 7 da manhã quando passei na TV e deixei o equipamento.
Avisei que a Michele e eu tínhamos recebido a informação de que o prefeito de Juiz de Fora seria preso novamente.
Cheguei em casa e comecei a escrever esse texto, mas me ligaram da tv para irmos trabalhar.