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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Acidente entre duas carretas mata três em Minas

Por Michele Pacheco

Por volta de oito horas da manhã, a BR 040 ficou totalmente interditada no trecho de Ewbanck da Câmara, na Zona da Mata Mineira.
A rodovia só foi liberada onze horas depois da batida.
A carreta com placa LUU 3653, de Itaboraí-RJ, tombou na curva perigosa logo após o trevo da cidade, foi se arrastando pela pista até a contra-mão e bateu de frente na carreta de placa GVI 6401, de Lagoa da Prata-MG.
O veículo do Rio seguia no sentido de Belo Horizonte.

Estávamos seguindo para uma pauta, quando uma fonte ligou avisando do acidente.
Fomos para lá o mais rápido possível.
Os bombeiros de Juiz de Fora enviaram duas viaturas de combate a incêndios e seis de salvamento para o local.
Quando estavam chegando, as primeiras equipes ouviram duas explosões.
O sargento Elcimar Pezarini contou que a situação era perigosa.
Havia muito fogo e não se sabia o tipo de carregamento que era transportado pela carreta do Rio de Janeiro.

Em poucos minutos, as chamas mais altas foram controladas.
Mas, a fumaça e os focos de incêndio continuaram dando trabalho por quase duas horas.
Os bombeiros usaram água para enfrentar o fogo.
Além dos pneus, havia muito material inflamável nas carretas, o que agravou a situação.

A Polícia Rodoviária Federal acompanhou toda a movimentação.
Os policiais avaliaram o local da batida e calculam que o motorista da carreta de Itaboraí, Rubson Gonçalves de Oliveira, estava em alta velocidade quando entrou na curva.
Na pista, não havia marca de freada de nenhum dos veículos.
A carreta que tombou levava um container lacrado (a carga não foi informada até o fim do dia) e a outra estava carregada com latas de leite condensado.
O peso dos dois veículos piorou a situação e aumentou a violência do impacto.

A cena era chocante.
Quando a fumaça diminuiu, dava para ver a gravidade do acidente.
As duas cabines ficaram enganchadas e era impossível avaliar que peça pertencia a cada carreta.
Com o impacto violent o, o motor de uma delas ficou pendurado, quase caindo no asfalto.
A pista ficou escorregadia.
Além do óleo diesel dos tanques dos veículos, o óleo lubrificante do motor também vazou.
Com a água jogado pelos bombeiros, o material foi arrastado para a canaleta de captação de água pluvial, na beira da estrada.
O destino era o Rio Paraibuna.

O acidente foi na rodovia, bem acima de uma encosta onde há várias construções.
O destacamento da Polícia Militar de Ewbanck da Câmara fica praticamente abaixo do local da batida.
Os policiais ouviram o barulho e correram para a estrada .
Eles ainda encontraram as vítimas vivas.
O Cabo Cleverson Rocha estava emocionado e repetia que eles tinham tentado tudo o que podiam.

"Ficamos chocados.
Escutamos uma explosão e corremos.
Quando chegamos, havia um homem com o braço para fora e uma mulher pedindo socorro e tentando tirar uma criança da carreta.
Nós tentamos ajudar, mas o fogo aumentou e houve outra explosão.
Não tínhamos equipamento ideal para fazer o socorro e esperamos os bombeiros" lamentou o policial.
Essa, com certeza é uma cena que os PMs vão custar para esquecer.

Aliás, ninguém nos prepara na faculdade para o lado triste da profissão de jornalista.
Só quem acompanha o dia-a-dia da reportagem, na rua, sabe o que é.
Chegamos na estrada e havia tanta fumaça, que mal dava para respirar direito perto dos veículos.
Os bombeiros corriam contra o tempo.
Apesar das vítimas estarem carbonizadas, a demora para controlar o fogo poderia levar a outra explosão e atingir os curiosos que estavam reunidos na estrada e os moradores da parte de baixo, do centro da cidade.

O cheiro de pneu queimado se misturava
ao cheiro terrível da morte.
O pior é saber que poucas horas antes aquelas pessoas estavam felizes, seguindo para um destino previsto, calculando o que precisavam fazer, pensando no Natal, na família...
E, em poucos minutos, tudo acabou tragicamente.
Enquanto estávamos na estrada, foram confirmadas três mortes: dois adultos e uma criança.
Mas, pelo depoimento do policial militar, haveria uma mulher também na carreta de Lagoa da Prata, que seria a quarta vítima.
Isso foi confirmado na hora do almoço e desmentido mais tarde.

Encontramos na rodovia a equipe da TV Panorama, que seguia para Barbacena e quase flagrou a explosão.
A Patrícia está voltando de férias e já enfrentou de cara uma matéria tão ruim de cobrir.
Ninguém gosta de relatar acidentes.
O Luiz Carlos Duarte, o Prainha, fotógrafo do jornal JF Hoje também estava lá.
Pela Tribuna de Minas, o Olavo Prazeres é que garantia as fotos.
O pessoal da imagem tem que ter muito cuidado nesse tipo de situação.
Registrei o Prainha e o Robson trabalhando juntos.

Qualquer desatenção pode colocar os profissionais no lugar errado, na hora errada.
Aí, além de correrem riscos, eles podem atrapalhar o trabalho dos bombeiros e dos policiais, que já é complicado.
Mas, todos são experientes e sabem como garantir boas imagens sem prejudicar o socorro.

Muito se fala sobre mídias convergentes.
Hoje, a TV Alterosa e o Portal Uai deram um belo exemplo do que isso significa.
Liguei da estrada para a Laura Lima, Editora do Jornal da Alterosa 1a Edição, e passei que tínhamos o factual.
Ela anotou os dados mais importantes e repassou ao pessoal do Uai, que correu atrás de mais informações.
Apesar de não termos as melhores imagens do acidente, saímos na frente na internet.
Até o meio-dia, quando conferi pela última vez, o Portal Uai era o único site de notícias que tinha dados completos e imagens do acidente.

Por isso, costumo dizer aos estudantes
de jornalismo com quem converso para pensar no todo e não em partes.
Não há mais espaço no jornalismo moderno para o profissional que só sabe uma função.
O futuro é dos profissionais polivalentes, que sabem trabalhar em equipe.
As tecnologias nos permitem cada vez mais agilidade ao passar as informações.
Se a internet deu quase em tempo real a notícia, temos que pensar em algo a mais para o material que vai ao ar nos telejornais.
Abordar a emoção das pessoas, a reação deles ao fato é sempre uma boa saída.