O Robson costuma dizer que quando estou brava eu rosno feito um Pitbull. É maldade dele, claro!
Mas, não posso negar que a minha vida inteira estive ligada aos cães.
Deve estar no sangue, afinal minha mãe, Juçara, é filha de fazendeiro e meu pai, Hélio, é médico veterinário.
Minha relação com o melhor amigo do homem começou assim que nasci. A minha primeira babá foi um doberman!
Meus pais me colocavam numa cadeirinha para tomar sol no portão da nossa casa e deixavam o Ringo vigiando. Bastava alguém chegar perto, para ele rosnar.
Cresci tendo os cachorros sempre por perto. A Raja foi um caso à parte. Ela perdeu os movimentos de uma das pernas quando tinha três meses de vida. Meu pai queria sacrificá-la, pois dizia que era maldade deixar que crescesse daquele jeito. Um Rottweiller ficaria muito pesado e poderia até deixar de andar em função da perna defeituosa. Mas, eu e minha mãe fomos teimosas e não desistimos da nossa Rajinha. Um veterinário especialista em acupuntura conseguiu devolver a sensibilidade na perna dela e sugeriu natação para fortalecer os músculos. Deu certo. O único problema foi que a Raja passou a considerar a piscina como território dela!
Hoje, além de duas Rottweillers, meus pais têm a Juju, uma West Highland White Terrier. Basta ela me olhar com aquele jeitinho de quem está implorando alguma coisa, para me convencer. Meu pai insiste em acreditar que um dia a Juju vai andar branquinha, bem penteada e com lacinhos. Mas, o que ela gosta mesmo é de se fartar no gramado do quintal. Principalmente, depois de tomar um banho!
Comecei a trabalhar e a minha afinidade com os cães não diminuiu. O Robson vive debochando que por onde passo, um bicho me segue. Quantas vezes já tivemos que espantar algum cão que parou do meu lado bem na hora de gravar a passagem! Uma vez, acompanhávamos a polícia militar numa operação contra drogas, na zona sul de Juiz de Fora. No local, alguns policiais tinham que cercar a casa dos suspeitos. Para isso, teriam que pular o muro da residência ao lado, rápido e em silêncio. Eles não contavam com o cão do vizinho que estava no portão, latindo sem parar. Os policiais já estavam irritados, quando brinquei dizendo que era só pedir com educação que o bicho ficaria quieto. Os policiais me olharam com ar de pouco caso. Para provocar, cheguei perto e falei baixo com o cão que era uma mistura de pastor com alguma raça indefinida. E não é que ele calou a boca?! Claro que tive que agüentar gozações.
Já em Maria da Fé, no sul de Minas Gerais, estávamos fazendo uma reportagem sobre o frio e conhecemos este pastor lindo. Ele pertencia à dona da pousada onde ficamos hospedados e tinha instinto jornalístico. O Robson virava a câmera para um lado e lá estava ele. A gente parava de trabalhar e nosso amigo vinha logo se esfregando à espera de um carinho. Fomos tirar fotos na pousada e lá estava ele de novo. Claro que fiz questão de guardar a recordação.
Em bairros mais carentes, é um problema! Basta olhar para os vira-latas e eles começam a balançar o rabo. O Robson vive resmungado. Um dia, para desgosto dele, um dos meus "amigos" decidiu aproveitar a porta aberta do carro e se alojar. Do lado do Robson, é óbvio! Ficou lá, sossegado, até a gente acabar a matéria. Quando viu o carona, meu querido repórter cinematográfico se encarregou de enxotar o bichinho.
Ele foi, mas os carrapatos e as pulgas nos acompanharam por uns três dias!