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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Crimes violentos em Juiz de Fora

Por Robson Rocha

Nessa sexta-feira, a Michele e eu trocamos nosso horário e trabalhamos na parte da manhã, para terminar de produzir uma matéria que deve ir ao ar na quarta-feira da próxima semana.
Logo cedo, alguns policiais nos ligaram para avisar de um latrocínio na Cidade Alta.
Mas, o horário era do Evandro e do Fagundes e eles fizeram a matéria.
Nós tínhamos que rodar e gravar nosso material. No final, ficou faltando a especialista em Recursos Humanos que está em São Paulo.

No final da tarde, a Michele tinha que fazer alguns trabalhos de um curso que está fazendo e eu fiquei aguardando para gravar uma manifestação às cinco e meia da tarde, pela morte do estudante Gilcimar Cruz de Rezende, 15 anos, espancado após sair de uma festa.
Quem foi comigo foi a Carla Detoni.
Ela foi para treinar trabalhar na rua.
Recém formada, ela foi contratada como produtora e é um “coringa” dentro do departamento.

Gravamos entrevistas com os pais do estudante que estão inconformados com o crime e esperam que a justiça seja feita.
Eles têm medo de que, por serem pobres, o final do caso demore muito ou que ninguém seja punido pelo crime.
Parentes e amigos carregavam faixas de protesto.

A Carla tentava escrever o texto, quando ouvimos buzinas.
Eram os taxistas protestando pela morte de Mauro Emílio Olímpio Moreira, 28 anos.
Moradores teriam visto o táxi Fiat Siena abandonado e o motorista morto no banco de trás do veículo no Bairro Vina Del Mar, na Cidade Alta, próximo à BR-040.
Ele teria sido morto ao reagir ao assalto. O bandido fugiu deixando 170 reais na mão da vitima.

Como a manifestação de amigos e parentes do Gilcimar ainda estava sendo organizada, fomos gravar com os taxistas que pararam a avenida Rio Branco.
Cerca de cinqüenta taxis foram parados a partir da esquina da rua Halfeld, no coração de Juiz de Fora.
Em principio, eles fizeram um buzinaço.
Mas, depois eles desceram dos carros.

Gravamos entrevistas com alguns motoristas que reclamaram das poucas operações da PM.
Segundo eles, se a Policia Militar parasse os taxis nos postos policiais, as chances de acontecer crimes como esse seriam menores.
Outros reclamaram que durante a madrugada só encontram policiais na região central e que os bairros parecem abandonados.

Logo depois, os motoristas se reuniram na pista lateral (sentido Manoel Honório – Bom Pastor) e rezaram.
Depois, voltaram aos carros e seguiram em direção ao Cemitério Municipal, onde fariam novos protestos.
Aproveitamos para gravar um encerramento para a matéria.
No início, a Carla ficou com medo de ficar no meio da pista.
Mas, depois ela se acalmou e gravou muito bem.
Achei até que ela fosse fechar a matéria.

Já os manifestantes do caso Gilcimar, tinham ido embora.
Dali, seguimos direto para uma apreensão de mais de quinhentas pedras de crack.
O caso já estava na 7ª Delegacia Regional, em Santa Terezinha.
Gravamos com o tenente Demetrios Xavier e ele explicou que tudo começou com uma denúncia anônima.
A partir daí o serviço de inteligência começou a monitorar o local, que seria um ponto de venda de drogas.
Nessa sexta-feira, em cumprimento de um mandado de busca e apreensão, dez policias militares do 27º Batalhão foram até a rua Azul, no bairro Milho Branco onde apreenderam 568 pedras de crack e R$1.115,00.

Duas pessoas foram conduzidas.
Uma seria usuária e estaria comprando drogas no momento em que a policia chegou.
A outra pessoa, uma mulher de 34 anos, seria a moradora da casa onde a droga foi encontrada.
O flagrante dela foi ratificado e ela foi conduzida para a penitenciaria.

Dali, meu destino foi deixar o material na TV e buscar a Michele na UFJF.
Quando estava aguardando a saída dela, o celular tocou.
Era um amigo que trabalha na TV. Ele explicou que bateram no carro dele e estava seguindo o tal carro, pois o motorista tinha fugido. Ligou para o 190 e disseram a ele que o trânsito só tinha duas viaturas e não havia como atendê-lo naquele momento.

Disse ao meu amigo que não tinha o que fazer, pois outro dia estava na porta da delegacia quando no radio de um carro da PM ouvi uma comunicação.
Uma moto da PM ia abastecer e tinha direito a apenas cinco litros de combustível.
Aí, descobri. A ordem é que as viaturas fiquem paradas em pontos estratégicos para que a população tenha a sensação de segurança. Mas, na verdade, elas não têm combustível para ficar rodando. São apenas vinte litros por carro.

Já a companhia de transito costuma ter por turno um carro e duas motos para atender uma cidade que tem mais de 130 mil veículos.