Por Michele Pacheco
Hoje está sendo um daqueles dias em que a gente se pergunta se ainda há salvação para algumas pessoas.
No bairro Fábrica, zona norte de Juiz de Fora, uma mulher de 75 anos foi assassinada brutalmente. Por volta de oito e meia da manhã, um agente da polícia civil recebeu uma ligação de um jovem que dizia que na rua Bernardo mascarenhas, número 602, havia uma pessoa ferida. O policial civil acionou a Polícia Militar. Quando os PMs chegaram no apartamento, encontraram um homem no local que não permitiu a entrada. Temendo pela vida da vítima, os policiais forçaram a entrada.
No chão de um corredor, estava o que sobrou do corpo de Dora Lúcia de Abreu Rangel.
A aposentada foi morta com golpes de faca, tesoura, cacos de vidro e de cerâmica e outros objetos cortantes. O mais chocante é que o assassino confesso é o sobrinho e afilhado que ela criou com amor e carinho.
O jovem, de 21 anos, contou aos policiais que matou a tia depois de uma discussão. Dentro do carro da PM, ele mostrava a expressão mais serena do mundo, como se não tivesse acabado de matar alguém tão próximo.
O Tenente Michelângelo de Jesus, do 27o Batalhão de Polícia Militar, de Juiz de Fora, conversou com o rapaz. Daniel de Abreu Rangel, contou que vinha se desentendendo com a tia havia algum tempo e que hoje a discussão foi pior. Ele decidiu matá-la e usou cacos de cerâmica e de vidro, tesouras e armas brancas que encontrou pela casa. Os policiais contaram que o corpo tinha cortes por toda parte. O filho da vítima estava em estado de choque, chorando muito, e foi consolado por parentes e amigos.
Conversando com vizinhos, alguns diziam estar chocados com tanta violência. Outros diziam que as brigas entre tia e sobrinho eram freqüentes. Três pessoas que não quiseram gravar entrevista contaram que o Daniel é viciado em drogas e costumava tirar dinheiro da aposentada para comprar entorpecentes. Como ela tinha recebido a aposentadoria recentemente, essas pessoas desconfiavam de que o jovem teria tentado roubar a tia e os dois teriam brigado. A polícia militar ouviu ainda que o assassino confesso sofre de esquizofrenia e teria ficado sem medicamentos durante essa noite. As histórias são muitas e a Polícia Civil vai ter um bocado de trabalho para desvendar o que realmente houve por trás desse assassinato bárbaro.
A sinopse passada pelo 47o Batalhão de Polícia Militar, de Muriaé, trouxe outra ocorrência absurda. Os policiais militares de Leopoldina passavam pelo centro da cidade e foram abordados por uma mulher dizendo que o marido dela, Alexandre Sodré, estava no apartamento mantendo o filho do casal sob ameaça de uma faca. Da janela, o jovem, de 25 anos, muito transtornado, dizia que se alguém subisse, ele mataria ou jogaria pela janela o bebê de quatro meses.
Os policiais relataram que Alexandre xingava a todos e se dizia fã dos Nardoni, casal preso por suspeita de matar a menina Isabella Nardoni, em São Paulo. A rua foi interditada e a PM improvisou cobertores como redes na calçada, para o caso do pai cumprir a ameaça de jogar a criança. O Capitão Cerqueira subiu, encontrou a porta do apartamento bloqueada com móveis e convenceu o homem a conversar. Quando ele entreabriu a porta, os pms empurraram e entraram rapidamente. Alexandre se escondeu com o filho no quarto e encostou a faca nas costas do menino. Depois de muita negociação, o Capitão Cerqueira convenceu o jovem a entregar o filho. A condição foi que Alexandre não seria algemado e iria para a delegacia num carro particular. O bebê foi levado para o hospital. Na delegacia, o susto maior. A mãe da criança,
Priscila Gatti Ferreira Tomé Sodré disse que mentiria no depoimento, para que o marido não fosse preso. É inacreditável que uma mãe veja o filho ser quase esfaqueado e defenda o homem que fez isso. A polícia não deu ouvidos ao apelo desnaturado e autuou em flagrante o Alexandre, que foi levado para a cadeia.
O menino passa bem.