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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Paralisação de servidores municipais em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Foi um dia complicado para quem depende de serviços públicos e Juiz de Fora.
A paralisação geral foi convocada pelo Sindicato dos Servidores Públicos Municipais.
O objetivo é reforçar os protestos contra a decisão da prefeitura de não reajustar os salários em 2009.
O movimento começou cedo, no Departamento de Limpeza Urbana.
Chegamos lá por volta das seis e meia da manhã e três equipes estavam saindo para fazer a coleta de lixo.

Às sete horas, um carro do sindicato chegou e fechou a saída dos 45 caminhões de coleta de lixo e dos 8 de capina.
Conversando com os trabalhadores, ficou claro que eles se sentem divididos.
Alguns não gostam de paralisações, pois acham que isso expõe a categoria e cria um clima de tensão com os empregadores.
Outros, acham que os protestos são a única saída.

Além da coleta e da capina, o serviço de varrição também foi interrompido.
Em várias ruas da cidade o lixo ficou acumulado durante todo o dia.
Como muitos condomínios e prédios têm o hábito de colocar os latões e os sacos de lixo para fora durante a noite, para facilitar a coleta pela manhã, o material ficou parado.
Quem fez a festa foram os catadores de material reciclável, que puderam trabalhar com calma.

Creches e escolas municipais também interromperam o trabalho.
Sessenta mil alunos da rede municipal ficaram sem aula hoje.
O Sindicato dos Médicos apoiou o protesto e disse que algumas unidades básicas de saúde da zona norte pararam o serviço.
Nós percorremos as UBS da zona sul, do centro e da zona sudeste e não vimos nenhuma parada.
Os atendimentos de urgência e emergência foram mantidos.

O secretário de Administração e Recursos humanos, Vítor Valverde, participou de uma entrevista ao vivo no jornal da Alterosa e confirmou que o município não tem condições de reajustar os salários. Além da dívida de 22 milhões de reais, herdada do governo anterior, a atual administração enfrenta os reflexos da crise política vivida no ano passado, com a renúncia de Alberto Bejani depois de duas prisões dele por suspeita de corrupção e formação de quadrilha.

O secretário anunciou em primeira mão que o prefeito Custódio Mattos determinou a criação de uma estratégia para beneficiar os servidores que recebem os salários mais baixos.
Ainda não se sabe como esse abono vai ser fornecido.
O assunto está sendo analisado e várias opções estão sendo estudadas.
A folha de pagamento do município gira em torno de 28 milhões de reais.

No início da tarde, os servidores municipais fizeram uma assembléia na escadaria da Câmara Municipal de Juiz de Fora. Os vários sindicatos que representam as categorias discutiram as reivindicações e a recusa do poder público municipal em conceder os aumentos salariais. Com faixas e cartazes, os trabalhadores acompanharam o movimento, ansiosos pelo desfecho das negociações.

Depois da assembléia, cerca de duas mil pessoas seguiram em passeata pelas ruas do centro até o prédio da prefeitura. No local, policiais militares estavam à postos para evitar tumultos. Isso revoltou ainda mais os servidores, que se recusaram a formar uma comissão para ser recebida pelo Secretário de Administração. O grupo voltou em protesto para a rua Halfeld.

Segundo dados do Acessa.com, a paralisação dos servidores atingiu 95% dos professores da rede municipal, 80% dos funcionários da secretaria de Obras, 20% da Empav e da Secretaria de Transporte e Trânsito. No Demlurb, apenas os caminhões de coleta hospitalar e de supermercados e do combate á dengue saíram das garagens.
Duas Unidades Básicas de Saúde fecharam as portas, 17 funcionaram parcialmente e 24 normalmente.

As Regionais Leste e Oeste, o HPS, o Pam-Marechal, a Cesama, a Agenda-JF e os 506 servidores que trabalham no prédio da prefeitura tiveram um dia normal de trabalho.
O Sinserpu calcula que 85% da categoria aderiram à paralisação, o que significa 13.600 trabalhadores.