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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Idosa acumulou 18 toneladas de lixo em casa

Por Michele Pacheco

Parece loucura!
E talvez seja mesmo!
Uma mulher idosa juntando lixo dentro de casa, em meio a ratos, baratas e insetos.
Ela acha tudo normal e fica revoltada quando a gente aparece por lá para mostrar o absurdo.
Os vizinhos convivem diariamente com uma montanha de detritos acumulados na calçada, o mau-cheiro insuportável e o risco de doenças.

A TV Alterosa já acompanhou diversas operações de limpeza na casa que fica no bairro Santa Cândida, zona leste de Juiz de Fora.
Da última vez, foram mobilizadas 60 pessoas, oito caminhões e uma pá mecânica.
Assim que chegamos, no início da manhã, a pá estava entrando em ação.
Quando ela levantou a primeira leva de lixo da calçada, subiu uma nuvem de gás proveniente da decomposição do material orgânico que estava lá.

Nem preciso descrever o cheiro de azedo misturado com podre para que imaginem o que foi cobrir essa matéria.
E não podemos fazer nada, pois esse tipo de pauta surge sempre no início do horário.
A equipe passa o resto do expediente fedendo a lixo e coberta de uma poeira cheia de bactérias.
Mas, faz parte da profissão.
Por falar em poeira, o vento se encarregou de espalhar as partículas por todo lado, impedindo que qualquer um escapasse delas.

E quem só conhece o problema por passar pela rua, não faz idéia da loucura que é dentro da casa.
As imagens mostradas pelo Jornal da Alterosa surpreendem e chocam.
Numa das salas ficou impossível entrar, porque o lixo cobriu móveis e cada espaço vago.
Na outra, sacolas plásticas e restos de materiais foram empilhados numa escultura bizarra, que pode desabar a qualquer momento.

Mas, o pior é na cozinha.
Como alguém com a saúde mental em dia consegue viver num lugar daqueles?!
Vasilhames e panelas são colocados junto aos sacos de lixo.
A pia está coberta de comida estragada, panelas sujas e detritos.
Pelo chão, as sacolas inteiras ou rasgadas dividem espaço com roedores e baratas.
Difícil entender o que é mantimento e o que é lixo.

Há 15 anos, o Departamento de Limpeza Urbana (Demlurb) de Juiz de Fora lida com o problema da Dona Maria.
De três em três meses as equipes de limpeza são mobilizadas e vão ao local acabar com o lixão doméstico.
Mas, a cada retirada parece que o desafio dela é juntar uma quantidade ainda maior.
O Diretor de Operações do Demlurb, José Fabiano Resende denuncia que a questão é de saúde pública.
A ação irresponsável da idosa coloca o bairro inteiro em perigo de contrair Leptospirose e dengue.
Mesmo assim, as autoridades de saúde nunca resolveram a questão.

Segundo o presidente da SPM do bairro, a informação passada aos moradores é de que a Procuradoria Geral do Município entrou na justiça com um pedido de providências.
Os funcionários do Demlurb já não aguentam mais se arriscar na limpeza da casa.
Há possibilidades da família da aposentada ser responsabilizada por não tomar nenhum atitude para impedir aquela coleção grotesca.

Conversei com duas filhas.
Uma trabalha no Demlurb, disse que não há nada que possam fazer e não quis gravar entrevista.
A outra, apontada por familiares como responsável pela mãe, não quis gravar e disse que a família já tentou de tudo para ela parar com a coleta de lixo, mas a idosa se recusa a cooperar.
Uma nora que mora na parte de cima da casa e também junta lixo com o marido disse que não sabem mais o que fazer.
Parentes afirmaram que a mulher recebe pensão e não precisa do dinheiro do lixo.