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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Operação Cartel tem repercussão em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

A equipe do Grupo Tático Operacional de Tóxicos da Polícia Civil
de Juiz de Fora deu outro golpe duro no cartel das drogas da cidade.
Há duas semanas, os policiais prenderam dois homens na Operação Cartel.

Um deles é apontado como líder e chegava do Paraguai com quase 10kg de pasta base de cocaína, quando foi preso pelas polícias Civil e Rodoviária Federal no pedágio de Simão Pereira, na BR 040.
A droga estava escondida no tanque de combustíveis.

O outro, apontado como gerente do cartel, foi preso quando esperava a entrega do entorpecente na zona leste de Juiz de Fora.
As escutas telefônicas mostraram aos policiais como o cartel funcionava.
Os integrantes pagavam com antecedência e tinham desconto, o líder ia pessoalmente ao Paraguai buscar a pasta base e o gerente distribuía o material entre os traficantes que ele mesmo mobilizava para o cartel.

O grampo autorizado pela justiça revelou muito mais.
Numa das gravações, o gerente conversa com um suspeito de tráfico, que diz que vai ligar de novo para que o gerente tire 1 kg de "chá".
O sujeito não entende e o traficante repete que é o tablete verde grande, que está na lata.
Os policiais seguiram a pista e chegaram a uma granja no bairro Granjas Bethel.

Como dizia a escuta, a droga estava dentro de uma lata enterrada no alto de um barranco.
O acesso ao local era complicado e um pitbull ficava bem na entrada da casa.
A lata foi enterrada e coberta com terra e vegetação.
Dentro dela estava quase um quilo de cocaína e crack refinados.
O material seria entregue aos traficantes que dividiriam o crack em pedras e a cocaína em papelotes para a venda.

O vigia de 59 anos que é o dono da granja admitiu que guardava a droga para o gerente do cartel.
Ele negou receber algo em troca e disse que o sujeito era namorado da filha dele e que foi um favor.
O homem negou saber que dentro da lata havia droga.
Os policiais também apreenderam um revólver calibre 38 com munição.
A polícia civil investiga se a arma é a mesma citada pelo gerente nas gravações.
Ele conta ao líder do cartel que ficou até a madrugada na porta da casa de um desafeto, armado com dois revólveres 38 e pronto para matar o sujeito.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Escutas telefônicas apontam cartel da droga em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

As escutas telefônicas autorizadas pela justiça e feitas pela Polícia Civil de Juiz de Fora revelaram que traficantes adotaram estratégias de mercado para lidar com o crime.
Depois da prisão de três homens na semana passada, ligados a duas quadrilhas distintas, os policiais atrapalharam a jogada criminosa.
Dois dos suspeitos foram apontados como coordenadores do novo esquema de tráfico.

Um deles foi preso pelas policiais federal e civil no pedágio da BR 040, em Simão Pereira, com quase 10kg de pasta base no tanque do carro.
Era a comprovação do que os levantamentos do Grupo Tático Operacional de Tóxicos apontava: mudança no jeito de traficar.
Tradicionalmente, os chefes de tráfico assumiam uma área da cidade, providenciavam a droga e forneciam para os outros integrantes da quadrilha que cuidavam da rede ramificada de pontos de venda.

Com as operações das Polícias Civil e Federal nos últimos anos, a maioria dos líderes foi para trás das grades.
Os criminosos que restaram decidiram inovar.
Um deles montou um esquema de cartel.
Como líder do grupo, ia pessoalmente ao Paraguai buscar a pasta base com um contato que só ele conhecia.

Assim, eliminava intermediários, mulas e fretes, conseguindo preços bem melhores pelo material.
Pagando menos, ele revendia por valores mais baixos do que os cobrados em outros esquemas e garantia aos aliados a chance de mais lucro e preços melhores do que os concorrentes.

Claro que a propaganda é a alma do negócio e a cada vez que a transação dava certo, mais quadrilhas queriam participar.
Ele chegou a fazer duas viagens no mês passado.
Um gerente ficava encarregado de aliciar traficantes para o cartel.
Eles tinham a opção de pagar a droga antes da entrega, à vista com desconto, ou quando recebessem o material, pagando mais caro depois da entrega.

Nas escutas telefônicas, o líder e o gerente aparecem negociando encomendas e falando de depósitos bancários para compra da droga. Os dois deixam claro que quem não fazia parte do esquema ficava na mira do cartel.
O gerente chega a dizer que ficou na porta da casa de um desafeto até 4h da manhã, armado, e que se o cara tivesse chegado em casa, teria sido morto.

Nem sempre as negociações eram tranquilas.
O gerente se exalta em vários momentos em que conversa com traficantes da cidade, combinando pagamentos e entrega.
A presença de quadrilhas de fora também não era bem vista.
Num trecho da gravação, o líder pergunta ao gerente se ele fechou negócio com o pessoal de Volta Redonda-RJ.
O rapaz responde que não, que só estava dando corda para ver quais eram as intenções do grupo que tentava entrar em Juiz de Fora.

Os dois responsáveis pelo cartel estão presos.
A ação deles repetia uma prática condenada no mercado financeiro, o cartel.
Um grupo de pessoas ou empresas se une para baixar preçoas, tabelar valores e criar vantagens entre eles que prejudiquem os concorrentes.
Era o que vinha ocorrendo em Juiz de Fora.

Quem fazia parte do esquema tinha mais lucro e podia cobrar mais barato, deixando em maus lençóis os demais traficantes que tinham esquemas próprios para conseguir droga.
Outro detalhe revelado pelas investigações é que Juiz de Fora deixou de ser rota do tráfico, recebendo maconha, cocaína e crack de outros pontos do país, e passou a ser um centro de refino e distribuição.

Mas, isso não significa que a cidade esteja produzindo em larga escala para vender a outros municípios do país.
A produção daqui era mantida na região.
A droga refinada em laboratórios clandestinos e improvisados é distribuída na cidade e em alguns municípios vizinhos.
Mal a pasta base chega, já é entregue aos traficantes que fizeram a encomenda, misturada e vendida.

A Polícia Rodoviária Federal também tem notado mudanças no tráfico. O Inspetor Wallace Wischansky contou que antes era comum apreender nas rodovias da região maconha e drogas refinadas.
Agora, quando surge uma denúncia, eles encontram quase sempre a pasta base, que depois de misturada dá origem ao crack e à cocaína.

Como o consumo de crack aumenta sem controle, muitos traficantes abrem mão da cocaína e refinam apenas as pedras.
Na operação da semana passada, a Polícia Civil apreendeu em torno de 20 kg de pasta base.
Além da droga do cartel, havia cerca de 10kg enterrados num sítio na cidade vizinha de Chácara.
O material era aguardado por um pedreiro que foi preso.
Ele admitiu que recebia uns mil e poucos reais para vigiar a droga, desenterrá-la e entregar a algum contato que o dono do entorpecente determinasse.

Mas, o esquema também foi interrompido.
O interessante é que o dono da droga está preso na Penitenciária Nelso Hungria, em Contagem.
Segundo os policiais do GTO de Tóxicos, ele comandava o tráfico de dentro da cela, usando um celular.
Assim, contactava o pedreiro e também os subordinados que eram responsáveis por entregar a droga em Chácara e por levá-la até os compradores.
O traficante foi preso em 2008 pela Polícia Federal num condomínio de luxo de Juiz de Fora, onde mantinha um laboratório de refino.

O delegado regional da Polícia Civil, Eduardo de Azevedo, explicou que a mudança de comportamento dos traficantes com relação ao tipo de droga comprado é um reflexo das ações policiais.
Eles vinham tendo muito prejuízo com as apreensões e decidiram aumentar as chances de lucro comprando a pasta base e fazendo a mistura.

Dependendo do tipo de droga esperado, um quilo chega a render até quatro quilos de cocaína mais "batizada".
Se os compradores forem mais exigentes, a mistura é em menor escala.

As investigações do Grupo Tático Operacional vão continuar.
Eles querem monitorar o comportamento das quadrilhas que tiveram os chefes presos e também descobrir quem eram os traficantes que compunham o cartel.
Mais uma vez, parabéns à Polícia Civil pelo trabalho ágil e competente.
Saudades do tempo em que além das polícias civil e federal, a PM também tinha um serviço de inteligência eficiente e nos garantia excelentes matérias de ação.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Morangos movimentam economia em Alfredo Vasconcelos

Por Michele Pacheco

Nesse fim de semana, turistas e moradores se deliciaram com a Festa do Morango, das Rosas e Flores de Alfredo Vasconcelos.
Para os produtores é uma oportunidade de se reunir e comemorar os bons resultados, além de oferecer ao público produtos à base da fruta.
Durante uma semana, 15 mulheres trabalharam sem parar numa cozinha improvisada no Parque de Exposições da cidade.

Elas colocaram à venda 500 litros de licor de morango, 500 vidros de geleia, 12 mil bombons, inúmeras tortas e deliciosos pavês.
Dá água na boca só de lembrar.
Além da culinária com morangos e dos shows, o evento representa uma parte importante da economia do município.

A produção de morangos faz girar em torno de 11 milhões de reais por ano em Alfredo Vasconcelos.
Mas, a expectativa é de aumento da produção e das vendas.
Para isso, 41 produtores se uniram e criaram a Cooperativa Rural de Alfredo Vasconcelos, a Cooprav.
A idéia é garantir mais força nas negociações de insumos e equipamentos e na venda do morango.

Acompanhamos o Marco Morais, responsável pela parte de assessoria da Cooprav, a uma fazenda.
Ele está engajado no projeto de melhoria de qualidade de vida dos produtores e também no incremento da produção e comercialização.
É legal ver a empolgação dele diante das possibilidades de ampliação de mercado e de negócios.
Boa sorte para todos, tomara que tanto esforço tenha recompensas logo.

Na fazenda do Altamiro, nós nos deliciamos primeiro vendo aquelas maravilhas da natureza.
Alfredo Vasconcelos é a única cidade brasileira a cultivar duas variedades chilenas de morangos.
A Camino Real gera frutos enormes e suculentos.
A San Andrea dá morangos um pouco menores, mas ainda assim bem superiores ao que encontramos comumente nos mercados, e bem mais doces.
O colorido das frutas alimenta os olhos e o sabor delas é inesquecível.
Sem falar que os pés produzem dois anos seguidos, ao contrário das variedades usadas antes.

O pior é a fama de comilona que eu estou ganhando.
Só porque estou grávida, todo mundo acha que vou sair atacando tudo de saboroso que colocam na minha frente.
E a nossa produtora, Flávia Crizanto, ainda foi me dedurar para o Marco dizendo que eu não posso ver uma fruta que começo a salivar.
Tudo bem que é verdade, mas a força de vontade foi maior e consegui controlar o ímpeto de mergulhar na plantação.
Juro que só comi umas ou duas frutinhas inocentes!

A história do Altamiro é interessante.
Ele abriu mão do cultivo tradicional e produz morangos semi-orgânicos.
No lugar dos agrotóxicos tão temidos pelos consumidores e tão necessários nas plantações de morangos, ele usa defensivos biológicos.
São produtos encontrados na própria natureza que garantem o equilíbrio ambiental e o combate das pragas sem prejudicar a saúde do trabalhador rural e dos consumidores.

Altamiro colhe 45 toneladas por ano.
Hoje, Alfredo Vasconcelos tem uma produção anual de 1800 toneladas e espera já para o ano que vem aumentar a quantidade produzida e comercializada.
A cidade tem a segunda maior produção de Minas Gerais, ficando atrás do sul do estado.
O que os agricultores fazem questão de esclarecer é que se for levada em conta a quantidade produzida por pé, o município do Campo das Vertentes é o vitorioso.

Os produtos à base de morango feitos na cidade têm mercado garantido.
Se as propostas do Marco derem certo, em breve o nome de Alfredo Vasconcelos vai ser ouvido com frequência nos meios acadêmicos e de negócios.
Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa já mostraram interesse em acompanhar o processo da Cooprav e o desenvolvimento do grupo.
Isso é muito legal, porque o pessoal de Viçosa tem experiência, credibilidade e pode contribuir com excelentes sugestões.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Parada de 7 de setembro em Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

O desfile em Juiz de Fora foi tranquilo.
Umas oito mil pessoas acompanharam a parada cívica na principal avenida da cidade.
A Rio Branco ficou tomada pela multidão nos dois lados.
O tanque do exército abriu o evento, com os militares recebendo autorização do General de Brigada para desfilar.

Os veteranos da Força Expedicionária Brasileira foram os primeiros a passar, em jipes.
Acho incrível a determinação deles.
A maioria tem mais de 90 anos e mantém nos olhos o brilho de quem acredita ter cumprido um dever com a Pátria.
Os depoimentos são sempre emocionantes.

O exército participou também com um grupo de "boinas azuis".
São os militares brasileiros que integram as Forças de Paz da ONU.
Muitos representantes de Juiz de Fora e da região estão no grupo desde o Pelotão de Suez, que atuou em Angola.
Os trabalhos mais recentes foram no Haiti.

Cadetes da Academia das Agulhas Negras trouxeram à cidade um pouco de história.
Eles desfilaram com trajes de um dos mais antigos pelotões do Brasil.
As roupas lembram os trajes dos Dragões da Independência e são mantidas desde o período do Império.
É muito interessante a organização deles ao marchar.

Camuflados, os soldados do 11o Batalhão de Infantaria de Montanha, sediado em São João del Rei fez um desfile diferente.
Com as mochilas pesadas nas costas, eles seguiram numa marcha ligeira.
O público se divertiu com as pinturas usadas para despistar o inimigo em áreas de mata.

Representantes da Escola Naval e da Epcar, Escola Preparatória de Cadetes do Ar, de Barbacena vieram para o desfile.
Os alunos do Colégio Militar e do Colégio Tiradentes mostraram seriedade ao marchar diante de quase oito mil pessoas.
Passo cadenciado e muita disposição chamaram atenção de adultos e crianças.

Depois foi a vez da Polícia Militar apresentar todas as companhias.
É interessante ver nossos amigos sempre divertidos mostrando expressões sérias e compenetradas no desfile.
Eles nem olham para o lado e levam à sério a responsabilidade de representar a corporação num momento de patriotismo.

Os bombeiros desfilaram com profissionais de vários setores.
Incrível pensar que eles trabalharam como loucos para dar conta de tantos incêndios nas últimas semanas e ainda encontraram fôlego para marchar por um longo trecho.
Quem foi assistir viu os "soldados do fogo" com trajes usados em diferentes tipos de ação.

Agentes penitenciários e guardas municipais encerraram o desfile à pé.
Depois, foi a vez dos veículos.
Primeiro os do exército, com caminhões de suprimentos, carros de apoio e de combate.
As tropas das polícias civil, militar e rodoviária federal foram apresentadas ao público.
O helicóptero da PM chamou a atenção sobrevoando a parada e quase parando entre os prédios mais altos do centro.

Ainda teve o restante dos carros dos agentes penitenciários, da guarda municipal e dos bombeiros.
Esses últimos levaram veículos de resgate, de salvamento, barcos e caminhões-tanque para a avenida e encantaram a criançada.
Com o fim do desfile militar, o tanque se retirou do centro diante do público empolgado.
Para fechar o dia de desfile, alunos de escolas municipais participaram, soltando balões coloridos.
Eles foram seguidos dos escoteiros e de outras entidades civis.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Trégua nas queimadas

Por Michele Pacheco

Ufa, até que enfim dias mais frescos!
A chuva prometida não chegou por aqui, mas o vento já está ajudando e o ar está menos seco.
Boa notícia para quem mora nas poucas áreas que ainda não foram queimadas.
Só no sábado e no domingo, os bombeiros de Juiz de Fora atenderam 46 chamados.
Atenderam! Isso sem falar nos pedidos de envio de equipe que ficaram sem atendimento por falta de pessoal.

Eu e o Robson passamos o fim de semana como caçadores de fogo.
De olho no céu e na fumaça por onde passamos, descobrimos vários focos.
O mais grave foi notado por ele durante uma matéria de bairro, na zona norte da cidade.
As chamas começaram numa área militar e se espalharam até à zona nordeste.
À noite, a cena era triste e o rastro de fogo era visível por quilômetros de distância.

No domingo, parte do bairro Parque Independência ainda queimava.
O horizonte todo embaçado impedia a bela visão da área militar vista do alto da zona nordeste.
Mas, foi no bairro Recanto dos Lagos que flagramos as cenas mais surpreendentes.
Voltando do Parque Independência, por volta de cinco da tarde, vimos uma coluna de fumaça.
Mas, decidimos descansar um pouco e voltar à noite para ver se o fogo tinha acabado.
Levamos um susto!

A parede de fogo era cada vez mais alta.
O barulho e os estalos da vegetação destruída pelas chamas era ouvido de longe.
Algumas granjas do bairro de classe média alta estavam com os portões abertos e os moradores juntavam as coisas para sair apressados, se fosse preciso.
Algumas casas ficaram na rota da destruição.
Famílias inteiras estavam nas ruas, vigiando o avança das labaredas.

Uma equipe dos bombeiros trabalhava sem parar para impedir que a queimada atingisse as casas.
Alguns moradores ajudaram.
Os voluntários e os profissionais se uniram numa parede humana entre o fogaréu e uma casa onde estava uma mãe e um bebê.
Uma construção que estava vazia foi engolida pelas chamas.
Depois de quatro horas de trabalho, o incêndio foi controlado.
O reforço foi deslocado de outras queimadas e o caminhão-tanque acabou com as brasas que tinham ficado pelo caminho.