Por Michele Pacheco
Quem nunca ficou catando conchinhas na areia da praia?
Eu, com certeza, já fiz muito isso.
Quando era criança, cada vez que ia à praia voltava cheia de conchas. Passava um tempo e a "coleção" perdia a graça, até ser jogada fora por estar ocupando espaço.
Mas, ao contrário, algumas pessoas guardam os achados pelo resto da vida.
Ele começou a colecionar conchas em 1950.
Por onde passava, recolhia ou comprava exemplares novos.
Dr. Maury se especializou em Zoologia, mais especificamente Malacologia, por meio de contatos com pesquisadores do país e do exterior.
Em 1966, ele já possuía 8 mil espécies e doou a coleção para o Instituto de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Juiz de Fora, onde era professor.
Em 2002, foi criado o Núcleo de Malacologia da UFJF, tendo Maury Pinto de Oliveira como curador vitalício.
Ele morreu dois anos depois, deixando uma herança valiosa.
Hoje, o Museu de Malacologia da UFJF é um dos mais completos da América Latina, com 45 mil espécies. Mas, ao contrário de muitos museus cheios de pompa, que deixam os visitantes pouco à vontade, este é um espaço diferente. Acompanhamos a visita de um grupo de alunos de uma escola particular de Juiz de Fora, com idades na faixa dos 13 anos.
Os adolescentes ficaram deslumbrados com o que viram. Em geral, a presença da imprensa numa situação dessas tira a atenção dos estudantes. Mas, o atrativo era tanto que nós fomos esquecidos em meio a tanta novidade.
De olhos atentos, os adolescentes acompanharam a explicação sobre a origem de uma concha gigante e descobriram que ela é usada na culinária. O Robson registrou de perto a reação deles. Os estudantes aprenderam as diferenças entre moluscos terrestres, de água doce e de água salgada. Nas salas do museu, as conchas estão expostas de forma clara, com informações de todo tipo. Em alguns setores, é feito um trabalho interativo. Os visitantes tocam as peças, notam diferenças no formato, na textura e nas cores. Os alunos disseram ter adorado a novidade. Alguns nunca tinham visto os peixes raros e as conchas diferentes que puderam tocar.
A Maria Alice, vice-coordenadora do Museu de Malacologia da UFJF, é uma profissional que ama o que faz e o local onde trabalha.
Isso fica claro pela forma como ela se empolga ao falar da coleção, como os olhos brilham ao explicar o trabalho que é feito, as pesquisas e o resultado das atividades.
Ela nos mostrou uma sala que não é aberta à visitação e contém as conchas mais raras e delicadas.
Aprendemos sobre os náutilus, conchas grandes com um labirinto por dentro que se enche de ar para manter os moluscos na superfície.
Vimos diferentes tipos de cipréias, conchas com o exterior liso em formato oval e que mudam de cor e desenho de um continente para outro.
Registramos os aliotes, conchas enormes com interior de madrepérola e que são raras de achar. Isso, sem falar nos cones delicados e coloridos que parecem obras de arte, mas são extremamente venenosos. De cuba, o museu tem conchas pequenas e muito coloridas que são de moluscos que vivem em árvores.
Ele está participando do Ano Ibero-americano de Museus, uma iniciativa do IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O objetivo é promover palestras, seminários, shows, exposições e visitas guiadas. O evento está sendo realizado neste mês em 23 países e busca trabalhar o tema "Museus como agentes de mudança social e desenvolvimento".
Ela vai até o dia 30 de maio e apresenta moluscos diversos que foram trazidos para o Brasil e colocam em risco a fauna nacional. Entre eles está o caramujo conhecido popularmente como africano. O Museu de Malacologia fica no Instituto de Ciências Biológicas, no Campus da Universidade Federal de Juiz de Fora. Os interessados em conhecer o local podem agendar visitas pelo telefone (32) 2102-3221.