Ontem, os profissionais da imprensa de Juiz de Fora foram surpreendidos por uma notícia muito triste.

Ele viajou para Ouro Preto na última quinta-feira, para cobrir a entrega da Medalha da Inconfidência dada ao jornal onde trabalha, a Tribuna de Minas.
Segundo familiares, na sexta-feira ele começou a passar mal e reclamou de dor na barriga e no peito.

Mas, no hospital os médicos descobriram que a situação era mais complicada e ele foi internado.
Passou pela cirurgia, mas não resistiu.
Perdemos um grande amigo e a imprensa perdeu um excelente repórter fotográfico.
O Cerezo era uma dessas raras pessoas que agradam a gregos e troianos.

Quando havia coberturas em que representantes de várias empresas de comunicação se encontravam, a gente logo perguntava por ele.
Se estava presente, não importava o tema da cobertura, era sempre uma grande festa.
O bom-humor, o jeito simples e descontraído de trabalhar,

Aquele homenzarrão era capaz de chorar e se emocionar com o sofrimento humano.
No velório, a Renata Brum, repórter da Tribuna de Minas, estava comentando sobre a reação do Cerezo quando foram cobrir a tragédia na Região Serrana do Rio de Janeiro.
Ela revelou que ele ficou muito abalado e usou a sensibilidade para fazer o trabalho, sem desrespeitar o desespero daquelas pessoas.
Assim era o Cerezo.

Mas, se alguém pedia um tempo ou que ele aguardasse para tirar as fotos, fazia isso sem reclamar e ia logo procurar um canto para esperar.
Com o cigarro na mão, encostado em algum lugar e com aquele sorriso bem-humorado no rosto!
Essa é a imagem que vou guardar dele.
Há dois anos, quando o Robson desfilou no bloco Domésticas de Luxo,

Tirei essa foto dele "dando uma cantada" na Doméstica mais linda do bloco: o meu marido!
Banquei a mulher ciumenta e ele tirou a maior onda dizendo que ia levar aquela "belezura" para casa.
Só de lembrar de algumas histórias, fica fácil entender porque ele era tão querido.
E não era só o estilo alegre dele que encantava.

Em 2003, eu e o Robson fizemos uma reportagem especial sobre o "Sequestro da Rua das Margaridas", a pedido da Rede.
Ele estava entre os jornalistas que entrevistamos para que lembrassem dos momentos que viveram num dos mais famosos sequestros do Brasil.
Cerezo tirou uma das fotos mais divulgadas do caso.

O instinto jornalístico falou mais alto. Ele foi correndo em casa, pegou o equipamento e voltou. Fez uma bela foto do alto de um prédio e outra de perto flagrando o desespero do Coronel Edgar com uma arma apontada pra cabeça.

Não vamos nos esquecer nunca do quanto foi bom conviver com essa figura tão carismática.
É difícil encontrar palavras para dar conforto à mulher e aos dois filhos que ele deixou.

Esse seu sorriso vamos guardar pra sempre.
Valeu, amigo!
Agora, vá descansar e deixe a gente trabalhar mais um pouco.