Esse foi o caso mais confuso que já cobri na minha vida!

Como tínhamos um intervalo antes da primeira pauta, corremos para lá.
No local, encontramos muitos curiosos parados nas margens da Avenida JK, quase chegando na BR 040.
Eles olhavam para baixo, onde havia um caminhão tombado na ribanceira.

Seguindo as marcas, ele enxergou o caminhão e desceu para ver se tinha alguém precisando de ajuda.
Acabou encontrando um corpo caído a uns cinco metros da cabine.
Os documentos no bolso da vítima foram retirados pelo Adelson.

Pelo que dava para ver no local, ele foi arremessado para fora da cabine quando o veículo voou da pista para a ribanceira.
As marcas no asfalto mostram que o motorista foi na contra-mão, puxou de volta o caminhão, passou pelo acostamento, varou um matagal e voou por uns trinta metros, batendo no chão e tombando.
Parecia um acidente triste, mas simples.

Uma fonte nos ligou para dizer que a polícia militar não queria ir ao local, porque a ocorrência seria repetida de um atendimento feito durante a madrugada, com socorro de uma vítima.
O problema foi a demora para encontrar a tal ocorrência e confirmar se o caso era o mesmo.
O primeiro motorista que parou para ajudar confirmou ter ligado para a PM às oito horas.

Para ter acesso ao caminhão, era preciso escorregar ribanceira abaixo.
Como a perícia ainda seria feita no local, evitamos descer e o Robson foi até o meio do barranco, de onde tinha uma visão melhor, sem prejudicar a cena do acidente.
Pena que nem todo mundo tem o mesmo raciocínio e muitos curiosos driblaram os policiais para ver de perto a tragédia alheia.

Estava completa a confusão.
As perguntas eram muitas.

Por que uma vítima foi socorrida e outra deixada para trás?
Por que a vítima socorrida não contou a ninguém que havia mais um ferido?
Os policiais militares pareciam perdidos.
O sargento não saía do telefone.
Quando saiu, foi para nos dizer que não poderia passar nenhuma informação e que só a assessoria de imprensa da PM poderia falar.
Oras, isso só aumentou a nossa desconfiança de que alguma irregularidade foi praticada naquela ocorrência.

Sem falar que para as equipes de reportagem é inviável largar a cena do acidente, ir a um gabinete gravar com um assessor de imprensa e voltar ao local para ver o que mais estava sendo feito.

Liguei para a redação e pedi que levantassem no HPS a história da tal vítima
Os documentos eram de Edmar dos Anjos França, de Santos Dumont.
Pelo nome, foi possível confirmar que ele estava internado desde a meia-noite e meia.
Muito bem.
Confirmada a presença de outra vítima, restou a questão do João Evangelista ter sido largado no local.

Só os peritos vão poder responder a isso.
Nossa produtora, Regina Ramalho, fez contato com os bombeiros.

O Capitão Santiago confirmou que uma equipe de Resgate foi à Barreira do Triunfo, se prontificou a fazer contato com os profissionais e pegar mais detalhes do caso.
Trabalhar com gente competente assim, dá gosto!
Em pouco tempo tínhamos os dados que precisávamos.

Ele estava com fraturas pelo corpo, meio desorientado e não falou nada sobre o colega que ficou para trás.
Foi encaminhado ao HPS, onde deveria passar por cirurgia.
No hospítal, encontramos com amigos do SAMU que confirmaram a história.

A conclusão é de que não houve negligência no atendimento.
Sem qualquer informação ou sinal de outra vítima, no escuro, no fundo de uma ribanceira cercada por nevoeiro, eles acreditaram que só havia um ferido.
Nem bombeiros, nem socorristas viram qualquer policial militar no local do acidente.

O que não ficou claro nessa história confusa é o motivo do Edmar ter omitido a presença do João.
Impossível não pensar se ele apenas estava desorientado pela gravidade do acidente, ou se há algo mais suspeito por trás disso.

Vamos ficar de olho na apuração desse caso e torcer para o Edmar se recuperar logo e esclarecer tudo.