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JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Consórcio de traficantes na mira do GTO da Polícia Civil de Juiz de Fora

Por Michele Pacheco

Foi uma semana e tanto para a Polícia Civil de Juiz de Fora.
Nessa quinta-feira, a equipe do GTO (Grupo Tático Operacional) de Tóxicos fechou com chave de ouro a semana que começou com apreensão de 100 quilos de maconha e terminou com quase 30 quilos de pasta base de cocaína.
O resultado vem de muito trabalho e da dedicação de profissionais que, muitas vezes, passam mais tempo na delegacia do que em casa.

Depois de três meses de apurações, os investigadores do GTO, comandados pelo delegado Fernando Camarotta, descobriram que um carregamento estava chegando em Juiz de Fora e que seria entregue a um consórcio de traficantes.
Eles se uniram para comprar a droga, que foi providenciada por um traficante preso na Penitenciária Nélson Hungria, em Contagem.

Os 27kg de pasta base foram encomendados pelo preso Carlos Henrique da Conceição, o Rique.
Segundo os policiais civis, ele é de Juiz de Fora e cumpre pena por tráfico de drogas.
As investigações apontaram um outro detalhe surpreendente.
O fornecedor da droga também está preso, mas não foi informado onde ele está na Região Metropolitana.

Resta saber como as autoridades deixam que os presos ajam livremente nas celas, comandando quadrilhas à distância.
As escutas telefônicas feitas pelo GTO de Tóxicos revelaram negociações de dentro da cadeia.
Num trecho de conversa entre o Rique e um agente penitenciário, os dois falam sobre a compra de um celular pelo preso.
O agente cita número da conta dele, agência e banco e até passa o nome para o depósito.

Num outro ponto da gravação, Rique conversa com a mãe dele, chora muito e se mostra desesperado para conseguir dinheiro para pagar dívidas com outros traficantes.
É revoltante ouvir o pavor na voz da mãe que tenta ajudar o filho que se meteu em confusões.
Ele diz que quer morrer, porque já perdeu tudo o que tinha.
Ela implora que o filho deixe as drogas, porque ele acabou com a vida de toda a família.

A mãe tenta animar o filho dizendo que conseguiu mil reais para ele pagar o celular.
Ele diz que pode ser punido se não pagar.
Ela se desespera, diz que vai fazer o depósito e tentar conseguir mais mil reais durante a semana.
O filho insiste no choro e vai deixando a mulher cada vez mais apavorada.

O traficante diz que quer sair, mas não pode enquanto não pagar o que deve.
O irônico é que ele quer sair, só que aparece em outras gravações acertando a remessa de droga para Juiz de Fora, escolhendo o carro que vai ser usado e comemorando o sucesso da transação.
A mãe sofre e acredita em mudança e o filho se enfia cada vez mais fundo no mundo das drogas.
E tudo isso flagrado pelo GTO.

As escutas revelaram que uma "mula", pessoa responsável por transportar a droga, chegaria em Juiz de Fora vinda de Belo Horizonte.
Foi montado um cerco no Posto da Polícia Rodoviária Federal, na BR 040, zona norte da cidade.
Um Golf foi abordado e no porta-malas estavam os 26 tabletes de pasta base.
O responsável pela entrega chorava sem parar na delegacia e dizia não ter culpa de nada, que só tinha trazido o material.

Integrantes do consórcio que esperavam a remessa também foram presos.
Um deles estava tão ansioso para receber e refinar o material, que tinha 25kg de ácido bórico, usado para transformar a pasta base em cocaína ou crack.
Ao todo, cinco pessoas tiveram a prisão confirmada e foram encaminhadas para o Ceresp de Juiz de Fora.
A operação deu o que falar e deixou as autoridades de cabelo em pé.
Quem sabe agora, alguma autoridade resolve moralizar o sistema prisional e penitenciário e punir exemplarmente quem mantém os esquemas funcionando?