Hoje, fomos até Carandaí fazer uma matéria sobre a chuva de granizo da última segunda-feira.

Logo na saída de Juiz de Fora, ligamos para a cidade, para alguns conhecidos, a fim de saber a real situação e depois para ver se conseguíamos sobrevoar a cidade, pois o comandante dos bombeiros estava lá com o helicóptero.
O Ten. Cel. Rodney de Magalhães, comandante dos bombeiros em Juiz de Fora, tentou nos avisar para não demorarmos, pois seria possível o sobrevôo.
Porém, o tempo começou a fechar e eles tiveram que retornar a Belo Horizonte com a aeronave.

Mas, como o combinado, fomos direto para a Prefeitura. Chegando lá, a Michele foi procurar as autoridades, que estavam em reunião e não puderam atender a nossa equipe.
O Ten. Cel Rodney mostrou a gentileza de sempre e nos explicou o

Ele nos mostrou várias fotos que tirou sobrevoando a cidade e nos cedeu algumas para colocar no blog.
É difícil imaginar como foi essa chuva que conseguiu tão rapidamente destruir parte da cidade.

A cidade ficou sem energia elétrica e 40% do município estão sem abastecimento de água.
A tormenta não discriminou ninguém e atingiu áreas de classe média da cidade, destelhando várias casas.
Mas, foi na área mais carente que o estrago foi maior.

Sobraram apenas as paredes de pé.
E aí, olhando essa senhora, o quê dizer?
O que consola é que ela tem fé e talvez as imagens na parede ajudem-na a superar o susto e as perdas.
Voltando às ruas, muita gente perdeu o seu sonho de consumo, que

O automóvel foi destruído.
Mas, olhando rapidamente a foto, não parece que esse carro foi metralhado?
Vidro estilhaçado, lataria danificada e nem os faróis escaparam.
Hoje, vários veículos rodavam sem vidros em Carandaí, muitos deles com plásticos protegendo para não entrar água.
Outra cena comum era as pessoas tentando separar o que sobrou de telhas entre os cacos

Pode parecer pouco, mas eles têm que aproveitar ao máximo o que sobrou, pois são pessoas carentes e não terão dinheiro para comprar tudo que perderam.
A prefeitura de Carandaí comprou 11 mil telhas, mas todos sabem que não é suficiente. Um levantamento parcial revelou a necessidade de pelo menos 40 mil telhas para cobrir todos os locais destelhados.

Aí, olhando para baixo, você vê o guarda-roupas e pensa: será que ele vai resistir depois de tanta água caindo nele?
E a cama?
O colchão todo encharcado, roupas, documentos e pertences molhados.
A maioria das pessoas está só com a roupa do corpo e o pior que a cidade é muito fria.
É aí que entra a importância da solidariedade de quem envia donativos.
As pessoas tentam arrumar suas coisas.

Pois, sem a eletricidade, as bombas da Copasa estão paradas e a água não sai dos reservatórios.
Além disso, mesmo que a água chegasse às casas, ela não chegaria até as caixas e nem as torneiras, porque a chuva quebrou todos os canos.
Para minimizar o problema, a Copasa enviou caminhões pipa para levar água até as

A cidade está lotada de técnicos da Copasa, ao todo 18 de Carandaí e da região trabalham na recuperação da cidade. Conversei com alguns e eles estão sensibilizados com a situação da população, principalmente das pessoas mais carentes.
A Cemig também trabalha para normalizar a distribuição de energia elétrica.
O Ten. Cel Rodney e o Cabo Rangel nos levaram até o bairro Santa

Ali, muita gente trabalhando. Enquanto funcionários e voluntários limpavam as ruas, homens do 4º Batalhão do Corpo de Bombeiros orientavam e cadastravam os moradores que tiveram imóveis danificados pela chuva.
Alguns moradores tentavam recuperar o telhado e outros já

Em outras, as pessoas refaziam a instalação hidráulica colocando novos canos até a caixa d’água ou remendando o que sobrou.
Ali os moradores nos explicaram como se protegeram do granizo.
Segundo eles, as casas são cobertas por telhas, mas os banheiros possuem laje para colocar a caixa d’água e foi para o banheiro que os moradores correram para se proteger.
Depois de gravar com moradores, fomos até um local onde são distribuídos cobertores, roupas, etc.

Vimos uma camionete parada e vários donativos sendo levados para dentro do centro comunitário.
A Michele conversou com uma garota que contou que elas trabalham em uma loja e decidiram arrecadar donativos para os desabrigados.
Elas não quiseram gravar entrevista, mas é isso que faz a diferença em uma hora como essa.
Não estavam fazendo aquilo para aparecer, elas fizeram de coração e isso te dá um nó na garganta.

Mais uma vez, temos que dar parabéns aos voluntários, que trabalhavam sem parar, separando roupas por tamanho, colchões, alimentos e tudo tipo de donativo para facilitar e agilizar a entrega.
Dali fomos até o QG de entregas de donativos.

A Michele conversou com um coordenador que nos passou que receberam muitos alimentos e que agora estavam precisando de cobertores, colchões, móveis e telhas.
No local, também era grande o número de voluntários.
Faltava gravar o abrigo onde as famílias estão.

No local, várias famílias estão morando temporariamente.
Encontramos a Maria Aparecida que está lá com os 4 filhos e o marido, que é doente.
Ela nos falou calmamente que perdeu tudo e tem que esperar e ver o que vai acontecer.
Antes de sair, tivemos que tirar uma

Como ele nos viu tirando algumas fotos para o blog, ele pediu se podia tirar uma foto com a câmera e com o bombeiro, no caso o Rodney, e não desistiu enquanto não conseguiu.
Eu sai na foto pois alguém tinha que segurar o equipamento, senão o molequinho não ia agüentar.
Mas, voltando à tragédia, o hospital da cidade foi desativado. Os pacientes foram transferidos

Olhando de cima, ele ficou todo destelhado e na segunda-feira 200 feridos leves e 30 em situação pior foram encaminhados para lá.
O pronto-socorro ficou lotado e até o prefeito da cidade, que é médico, foi para lá atender pessoas machucadas.

Logo na entrada do pronto-socorro, a água brota da laje e os profissionais pouco podem fazer por pacientes que chegam procurando tratamento.
Só nessa quarta-feira, cinco pessoas

Os médicos e as autoridades até pediram que ninguém tentasse ajeitar nada sozinho, mas o desespero...
Fomos entrando no hospital e encontramos os corredores escuros.

Qualquer lâmpada que seja acesa pode gerar um curto-circuito e provocar um incêndio.
Mas, andando pelos corredores é possível encontrar dezenas de baldes espalhados recolhendo água das goteiras.

Em um desses quartos estava uma paciente em estado grave, que teve que ser retirada às pressas e levada para outro hospital em Barbacena.
Isso, sem falar em equipamentos que foram danificados pela água e farão falta aos moradores da região.

Os funcionários estão preocupados, sem saber se o hospital vai ser recuperado e quando.
Pois o hospital é de porte médio e atende a um grande numero de pessoas.
O prefeito Moacyr Tostes de

Ele explicou que decretou Estado de Emergência, para agilizar as providências de ajuda por parte dos governos estadual e federal.
O pedido já foi enviado e está sendo avaliado em Belo Horizonte.
O Ten. Cel. Alexandre Lucas, Secretário Executivo de Defesa Civil em Minas Gerais, explicou

Voltamos para Juiz de Fora e

Eles vão definir principalmente, como será a entrega de telhas, pois o maior problema é a logística.
Com isso, não deu nem tempo de agradecer ao Rodney e ao Rangel que apesar de todo trabalho quem eles estão tendo em Carandaí, nos deram todo o apoio para que conseguíssemos gravar a matéria em vários pontos da cidade e franqueando nossa entrada nos locais.