Quem somos

Minha foto
JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Eleições 2008 Confusão em Barroso II

Por Robson Rocha

Foi muito legal gravar em Barroso a matéria sobre as eleições na cidade.
Eu não estava muito bem, uma virose estava me provocando um problema intestinal.
Como tínhamos chegado um pouco antes do horário, parei o carro na praça, deitei o banco e me estiquei pra ver se melhorava o mal-estar.
Mas, nem bem me recostei e um senhor chegou à janela do carro e disparou que tinha uma denúncia contra a exposição agropecuária da cidade.

Ele disse que ia avisar ao amigo que tinha todos os documentos. Ele falava e eu só conseguia pensar em um banheiro.
Ele chamou o amigo, que mostrou alguns papéis para a Michele e eu, pensando em outro tipo de papel.
Mesmo assim, guardamos o material para ser avaliado na TV.
Nisso, o assessor do prefeito Arnaud Baldonero Napoleão, muito simpático, aguardou que eu montasse o equipamento e a Michele acabasse de conversar com o denunciante.

O prefeito nos recebeu em sua sala e eu corri para resolver meu problema.
Voltei e gravamos a entrevista.
Em momento algum, Baldonero deixou de responder às perguntas da Michele e foi muito simpático.
Ele colocou o que achava que havia acontecido e defendeu sua permanência no cargo.

Dali, saímos para ir até a casa da candidata que teve mais votos, Eika Oka de Melo.
Algumas pessoas não entendem que o espaço é igual para todos.
Ouvimos pessoas dizendo que a gente não tinha que gravar com o Baldonero e outras dizendo que a gente não tinha que gravar com a Eika.
Mas, tudo bem, faz parte.

Quando estava guardando a câmera no case, um senhor veio dizer que tinha que gravar com a Eika, pois ela tinha sido roubada e outro parou defendendo o prefeito.
O tom dos dois começou a subir. Para eles não começarem a discutir, disse aos dois que não gosto de política e muito menos de discutir sobre isso.

Fomos até a casa da candidata e o senhor que estava na praça não demorou a chegar.
Muito simpática, Eika nos recebeu e, da mesma forma que o prefeito, respondeu a todas as perguntas da Michele e explicou na entrevista que ela estava liberada para fazer a campanha.

Ela até nos contou curiosidades do período eleitoral na cidade.
Depois fomos almoçar.
Já era meio-dia e parecia que eu estava com um buraco no estômago.
Pois, devido à virose, eu não tinha conseguido comer nada até àquela hora.
No restaurante, o cheiro era maravilhoso e a comida com uma aparência ótima. Mas, eu não podia pegar pesado e comi salada com bife de frango.
Da próxima vez que voltar a Barroso, vou direto à feijoada, pra descontar.

Mas, no inicio da tarde tínhamos que gravar com a juíza eleitoral da cidade.
A justiça funciona no mesmo prédio da prefeitura e nos perdemos pra achar a sala da juíza.
A galera do térreo foi que nos ajudou. Subimos ao terceiro andar e pediram para aguardarmos um pouco.
Dali a pouco, chegou uma jovem bonita e nos pediu pra aguardar um pouquinho. Custou para que a nossa ficha caísse que era a juíza Valéria Possa Dornellas.
Simpaticíssima ela nos recebeu e gravou entrevista. Tão jovem e tão competente!

A hora de gravar entrevistas foi tranqüila, gravamos a passagem, a parte que o repórter aparece na matéria e aí sugeri de gravar as cabeças do jornal na praça, que por sinal é uma das praças mais bonitas que eu conheço.
Mas aí, um grupo começou a defender seu ponto de vista e tivemos que gravar várias vezes a mesma coisa, pois eles diziam que a culpa é do fulano e o som vazava no microfone. Depois de várias tentativas, conseguimos gravar algumas.

A gente entende que as pessoas estavam curiosas, tanto que a rua ficou cheia e as janelas da prefeitura também. Mas, algumas pessoas não entendem que não vamos tomar partido, não é essa a nossa função.
A expectativa é de que o resultado do julgamento da Eika no TSE saia até o dia 18 de dezembro. E, independente de quem fique na prefeitura, espero que a gente volte pra fazer a matéria e ter tempo pra tomar uma cerveja e comer uma feijoada.

Eleições 2008 Confusão em Barroso

Por Michele Pacheco

A situação dos moradores de Barroso, no Campo das Vertentes, é complicada.
A cidade mineira tem pouco mais de 20 mil habitantes.
Nas eleições municipais deste ano, três candidatos disputaram os votos dos 15831 eleitores.
O povo saiu de casa no domingo, cumpriu o dever cívico e esperou ansioso o resultado.
Foi aí que veio a bomba!
A candidata do PP, Eika Oka de Melo, foi a mais votada, conseguindo 6491 votos.
O problema é que ela ganhou, mas não levou.

Segundo o Tribunal Regional Eleitoral, o atual prefeito, Arnaud Baldonero Napoleão, foi reeleito com 5792 votos.
O percentual da outra candidata não foi computado para ela, sendo incluído nos votos nulos.
O motivo?
A candidatura da Eika foi impugnada logo no início do período eleitoral.

Ela foi prefeita de 2001 a 2004, mas o Tribunal de Contas de Minas Gerais rejeitou a prestação de contas desse mandato e a Câmara Municipal de Barroso acatou a rejeição.
Eika recorreu ao TRE, em Belo Horizonte, e perdeu.
Os advogados aconselharam recurso no Tribunal Superior Eleitoral.
Enquanto o processo corre no TSE, ela teve o direito de disputar a eleição.

O problema é que para o TRE continua valendo a impugnação e os votos da candidata foram considerados nulos.
Fomos à cidade cobrir o assunto e conversamos com os dois candidatos.
Arnaud alega que o impasse político é prejudicial ao município, uma vez que está criando tensão e aumentando inimizades.
Eika alega que as contas dela não foram aprovadas porque uma assessora usou códigos errados ao lançar despesas com a saúde e isso foi apontado como irregularidade.
Ela diz que não teria disputado a eleição se não houvesse uma forma legal de ser candidata.

A juíza Valéria Possa Dornellas confirmou que os votos não foram computados para a candidata do PP por conta da pendência das contas rejeitadas.
Ela explica que a lei permite que candidatos nessa situação disputem eleições, desde que estejam aguardando julgamento no TSE. Foi o que aconteceu em Ijuí-RS e em Recife-PE.
Não há previsão para que o recurso seja julgado.
O mais difícil numa reportagem com essa é agradar a todos.

A gente chegou à cidade e logo virou atração.
O povo correu para a praça em frente ao Palácio dos Três Poderes e ficou vigiando cada movimento nosso.
Pela pauta, deveríamos ir primeiro à prefeitura entrevistar o prefeito, em seguida ir à casa da Eika e, por fim, à juíza.
Não fomos nós, da TV, que escolhemos os horários e sim os entrevistados.

Mas, vá explicar isso aos cabos eleitorais de plantão!
Duas pessoas vieram de cara amarrada perguntar se a gente só ia mostrar o lado do prefeito. Como era cedo e nossa paciência ainda estava em dia, respondi educadamente que ouviríamos todos os lados. Gravamos com o prefeito e fomos para a casa da candidata do PP.

No caminho, pedimos informação sobre o endereço e ouvimos mais comentários.
Dessa vez, queriam saber se nós não gostaríamos de falar primeiro com o prefeito.
Mais uma resposta educada!
A situação foi se repetindo a cada passo.
Como disse o Robson, parecia que estávamos numa jaula, pois todo mundo parava para nos olhar, apontando e comentando.

No início da tarde, paramos mais uma vez na praça para esperar a chegada da juíza. Os grupinhos entraram em ação. Com o nível de paciência chegando num ponto perigoso, muito próximo de uma explosão temperamental, arreganhei os dentes tentando fazer o rosnado parecer um sorriso e expliquei pela enésima vez que não estávamos lá para tomar partido de ninguém, apenas para mostrar os fatos.

Acabamos de gravar com a juíza e fomos fazer entrevistas com moradores. Demos sorte.
A primeira foi neutra, disse que não entendia nada do que estava acontecendo.
A segunda entrevista foi com um partidário da Eika, que estava furioso alegando que o voto do povo estava sendo desrespeitado. Por fim, ouvimos um partidário do Arnaud que disse que a candidata tinha sido irresponsável ao disputar uma eleição sabendo que estava impugnada e que isso ainda pode acabar em morte por lá.
Satisfeitos com as entrevistas, fomos fazer os teasers para o jornal. Advinhem?!

Fomos seguidos de perto por vários grupos. Eu lá, plantada no meio da praça, parecendo uma linha divisória entre exércitos prestes a entrar em conflito. Ainda bem que consigo me concentrar em locais agitados. Mas, a gravação estava uma coisa de doido! Lá ia eu no texto “os moradores de Barroso estão confusos...” e de repente alguém completava por perto “tem que falar que a culpa é da candidata. Ela está errada’, eu seguia com o texto “a candidata ganhou, mas não levou.

Ela tem uma pendência...” e alguém gentilmente acrescentava “ Ué, a Eika não foi eleita, não? Mas, ela foi a mais votada”.
Com tantos repórteres no mesmo lugar, custamos para terminar o trabalho.
Quando acabamos, o suspiro de alívio foi brutalmente cortado por um morador mais afoito que chegou perto e disparou “você tem que gravar com aquele pessoal lá. Eles querem falar a verdade sobre essa sujeira que fizeram com a Eika”. Lembra do meu nível de paciência? Estava apitando ensurdecedoramente no vermelho. Mesmo assim, juntei o que sobrou da boa educação que meus pais me deram e respondi que já tinha encerrado as entrevistas com um neutro, um partidário do prefeito e um partidário da Eika.

Faltavam poucos passos para chegar ao carro. Comecei a me sentir numa corrida de obstáculos. Os grupos se reuniam em pontos estratégicos. Era impossível chegar ao carro sem contratempos. Olhei para o Robson e ele estava meio esverdeado. O pobrezinho passou mal a noite toda e não estava legal. Imaginem, que ele não tinha forças nem para xingar os mais grosseiros! Como uma boa esposa, fui na frente atraindo a atenção, enquanto ele passava despercebido. Não deu outra! Fui parada por mais um simpático aglomerado de moradores. “Se você gravou com o pessoal da Eika tem que gravar com a gente também! Não está certo eles ficarem reclamando agora. Lei é lei” falou alguém muito seguro da própria opinião.

Numa hora dessas, passa tudo pela cabeça de um repórter. Coitado do sujeito, ele está defendendo a opinião dele! É brincadeira eu tentar fazer meu trabalho com o máximo de isenção e seriedade e ter que agüentar isso! Será que essa gente não tem o que fazer em casa ou no trabalho?! Será que hoje é feriado municipal para infernizar equipes de reportagem tentando trabalhar?! Mas, no meio de tudo prevaleceu a boa educação e expliquei de novo que já tinha concluído as entrevistas e não iria tomar partido de ninguém.

O mais irônico nisso tudo é que, ao ser isento e profissional, o jornalista nunca consegue agradar a todos.
Prova disso são os e-mails que estou recebendo, criticando o "desrespeito que meu texto mostra com o povo trabalhador de Barroso".
Primeiro, adoro a cidade e já fiz muitas matérias boas por lá.
Segundo, tenho o maior respeito pelo povo trabalhador que, com certeza, não tem tempo para ficar à toa na praça vigiando a vida dos outros.
Curiosidade é algo muito natural e saudável e ocorre não só nas cidades pequenas, mas nas grandes também.

Não é preconceito, só que o que vimos em Barroso foi até engraçado. Algumas pessoas estavam dispostas a vigiar os passos de uma equipe de reportagem para garantir que os repórteres falassem o que elas queriam.
Um homem que não citei no texto, nos parou na praça defendendo a candidata e, não satisfeito, nos seguiu até a casa da Eika pra ter certeza de que íamos lá.
E a política está sendo usada como desculpa para acirrar picuinhas antigas entre alguns moradores. O mais curioso, é que os candidatos, que tinham tudo para tentar influenciar a equipe, se limitaram a contar suas versões do fato.

Sete pessoas indiciadas pela morte do prefeito de São Francisco do Glória

Do Interligado

Nove meses após o assassinato do então prefeito de São Francisco do Glória, Gilberto Silva e Souza, enquanto passava um final de semana com a família em Piúma – ES, o delegado Milton Sabino, da Polícia Civil do Espírito Santo, concluiu o inquérito e o enviou a Justiça.
No inquérito em que sete pessoas estão indiciadas, cinco são apontadas como mandantes do crime e as outras duas como intermediárias.
Segundo ainda o Delegado, seis dos indiciados são moradores de São Francisco e um mora em Muriaé.

Dos nomes que causaram mais surpresas a todos estão o do atual Prefeito Luciano Dias Paes Neto, que era vice na ocasião do crime e foi reeleito no último domingo (5).
O atual Presidente da Câmara Municipal do Município, Geraldo Laviola, vereador mais votado no último pleito e o Chefe de Gabinete Sebastião carvalho de Lazaroni.

O vereador e o chefe de gabinete negaram qualquer envolvimento com o fato e estão à inteira disposição da justiça.
E o Prefeito, Luciano está em Belo Horizonte, mais informou que assim que retornar a São Francisco, também se apresentará a justiça, já que nada tem com o crime e quer sim a apuração da verdade dos fatos.
Agora o inquérito está nas mãos da Justiça, para ouvir os indiciados, já que o suspeito de executar o Prefeito já está preso e chegar aos verdadeiros mandantes do crime, que chocou não só São Francisco, como as demais cidades da região.