Por Michele Pacheco
Plantão de fim de ano sempre é sinônimo de trabalho dobrado, mas neste fim de 2007...
A chuva deu uma trégua, o tempo está firme na região e parecia que teríamos um plantão tranqüilo no Reveillon. Parecia!
No domingo, nenhuma matéria agendada, estávamos sossegados. Mas, as ligações começaram à tarde. Um motorista perdeu o controle da direção de um Honda Civic, deixou a pista da Avenida Brasil na zona norte de Juiz de Fora, subiu na calçada e bateu num poste. Por sorte, ninguém se machucou. Mas, com o poste inclinado e ameaçando cair em cima da avenida, o trânsito teve que ser desviado, causando transtorno aos motoristas. Conseguimos imagens de cinegrafista amador. Em Santos Dumont, acidente envolvendo dois carros deixou quatro feridos. Já estávamos prestes a correr para a TV, quando os bombeiros avisaram que as vítimas tinham sido socorridas por motoristas que passavam pelo local. Mais uma vez achamos que daria para descansar. Doce ilusão!
Às onze e meia da noite uma fonte ligou avisando que um mecânico de Juiz de Fora tinha invadido a casa da ex-namorada em Matias Barbosa, dado dois tiros e fugido levando a estudante de 28 anos como refém. Revoltados com o tumulto, os vizinhos rasgaram os pneus da moto que estava com o rapaz de 26 anos, para impedir a fuga. Sob a mira constante de um revólver, ele obrigou a jovem a andar cerca de 300 metros até um escadão, onde os dois pararam. A família da vítima avisou a Polícia Militar que cercou o local e iniciou as negociações. Foi esta a cena que encontramos por volta de meia-noite. Nem tive tempo de acionar a Aline Veroneze (ela está no meu lugar na rua, enquanto cubro férias da minha chefe). Eu e o Robson saímos correndo de casa, passamos na TV, colocamos o equipamento no carro e fomos para Matias Barbosa. Não deu para chegar muito perto do local, pois as negociações eram delicadas e qualquer descuido poderia terminar em tragédia. De longe, registramos o trabalho dos policiais militares. O pai do mecânico foi chamado para ajudar a convencer o rapaz a se entregar. Só depois de quatro horas de conversa, o drama acabou. A estudante foi socorrida com ferimento na testa, local atingido por uma coronhada do ex-namorado. O mecânico foi preso em flagrante e levado para a Cadeia Pública de Matias Barbosa. Três da manhã, chegamos em casa, tomamos um banho e desabamos na cama. Mas, o plantão não tinha acabado.
Às seis e meia da manhã, outra ligação. Desta vez, para avisar que dois trens tinham batido de frente em Juiz de Fora. Lá fomos nós correndo de novo. Avisei à Aline para onde estávamos indo e pedi que ficasse a postos para me render, para que eu voltasse para fechar o jornal. Foi um sufoco para achar o local do acidente. Até os bombeiros estavam perdidos. Chegando lá, descobrimos que os trens bateram no bairro Usina 4, na zona sul de Juiz de Fora. Segundo informações da MRS Logística, no local funciona um pátio de manobras e duas linhas. Um trem de minério com 132 vagões e 3 locomotivas seguia vazio para o interior de MG. Ele deveria ter parado para dar passagem a outra composição, com 26 vagões e 1 locomotiva que levava produtos siderúrgicos para o RJ. Mas, o primeiro trem não parou e a batida foi tão violenta que as locomotivas se misturaram, sendo impossível identificar qual era de cada composição. 14 vagões do trem de minério e 8 do de carga siderúrgica descarrilaram, fechando por tempo indeterminado a linha férrea. Apesar da violência do acidente, apenas três funcionários da MRS que estavam nas locomotivas ficaram feridos. A empresa não permitiu que a imprensa chegasse perto dos trens e não divulgou os nomes das vítimas. A assessoria de imprensa informou que eles foram atendidos no Hospital Monte Sinai, em Juiz de Fora e estavam em observação, mas fora de perigo.
Descansamos um pouco e já vamos trabalhar de novo, pois a passagem do ano vem aí e este plantão promete!
Feliz Ano Novo para todos nós!