
O sorteio foi em 2009, mas até hoje 135 casas não foram entregues.
Segundo a prefeitura, elas tiveram que passar por reformas depois dos temporais do início do ano e não liberadas junto com o restante.
Com a demora, algumas famílias decidiram invadir os imóveis.

A expectativa era de que as casas fossem entregues nesta semana, nos primeiros dias de agosto.
Mas, com o tumulto isso é impossível.

Elas estavam muito decepcionadas com a invasão quando estavam prestes a escapar do aluguel.
O olhar era de muita tristeza para as casas com sinais de ocupação.
A casa da Suely estava com um pano na janela pelo lado de dentro.

Uma das mais irritadas chegou a dizer que se ela estivesse mesmo precisando de casa, teria invadido como todos eles fizeram.
O absurdo da situação foi mais longe.

Foi impossível segurar a língua.
Eu estava gravando entrevista com a dona de casa, quando a folgada apareceu.

A mulher desconversou e disse que tinha sido autorizada pela pessoa que invadiu a casa e desistiu dela, porque já tinha onde morar.
Aí, veio a melhor parte.
Continuei insistindo na irregularidade e, por fim, ela tentou encerrar a discussão dizendo que era só a Suely pagar os 15 reais que a tal mulher tinha gasto trocando a fechadura.

Perguntei se ela não achava isso criminoso, e a criatura saiu pisando duro.
Gente, entendo perfeitamente o que todas as mulheres que estavam lá disseram.

Mas, acho que nada justifica passar por cima de quem também enfrenta dificuldades e age de acordo com as leis.
Todos que foram sorteados no programa se inscreveram, fizeram o cadastro e correram atrás, legalmente, do sonho da casa própria.
Já pensaram se isso vira moda?

Quem não tem uma casa na praia, escolhe uma e vai passar um temporada nela.
E por aí vai.
Essas irmãs que foram tão humilhadas e agredidas pelas invasoras têm motivos de sobra para esperar ansiosas pelos imóveis.

Elas estavam vivendo de auxílio da prefeitura e contavam nos dedos o dia de tomar posse do que é delas por direito.
Agora, estão até com medo de morar lá, porque não sabem se os invasores vão ser mantidos no loteamento.
A prefeitura disse que não pode fazer nada, nem a Caixa Econômica Federal porque a construtora não entregou oficialmente as casas.

O segundo passo é mover um processo de reintegração de posse para recuperar o que foi invadido.