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Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Carangola

Por Robson Rocha

Chegamos em Carangola, quinta-feira à tarde para despachar as fitas com os materiais de Espera Feliz; que foram ar no Jornal da Alterosa de sexta-feira (9).
A única forma de mandar o material para Juiz de Fora é via ônibus.
Por isso, a primeira parada em Carangola foi na estação rodoviária. Enquanto a Michele acabava de escrever o texto da matéria sobre café orgânico de Espera Feliz, fiquei observando o prédio do terminal rodoviário.

Ele, na realidade, é o prédio da antiga estação de passageiros da ferrovia que passava por Carangola.
A linha que ligava a estação de Recreio a Santa Luzia (Carangola) teve a sua concessão e construção a cargo da Companhia Alto Muriaé, estabelecida em 1880.

Em 2 de maio de 1883, a empresa foi incorporada pela Estrada de Ferro Leopoldina.
A estação de Santa Luzia foi inaugurada em 1887.
Mais tarde, a cidade e a estação ganharam o nome do rio que corta o município, o Carangola.
Em 23 de julho de 1975, a RFFSA fechou a linha entre Carangola e Manhuaçu.

Esta passou a ser ponta de linha, até 17 de novembro de 1977, quando o trecho até Porciúncula também foi suprimido, fechando de vez a estação.
Mais tarde, a estação de passageiros foi adaptada para ser o terminal rodoviário de Carangola.
E onde também funcionam outros órgãos, entre eles a sede da Polícia Rodoviária Estadual.

Mas, depois de deixarmos a fita lá, fomos para a prefeitura de Carangola, onde o prefeito Fernando Costa nos aguardava para uma entrevista.
Apesar de se tratar de dois temas delicados, ele e sua equipe foram muito simpáticos.
É muito legal, quando as pessoas entendem que não vamos a um local gravar para detonar alguém, mas sim para mostrar um problema e o que está sendo feito para corrigi-lo, ou possíveis soluções que possam ser tomadas.
Havia também lá alguns jornalistas da cidade.
O pessoal do Jornal Gazeta Regional até nos mandou algumas fotos.

Saímos da prefeitura e fomos a um dos locais onde existe, talvez, o maior problema de Carangola, o bairro Panorama.
Em 2005, grande parte do bairro foi afetada por uma movimentação do solo, que derrubou duas casas e fez com que a defesa civil condenasse outra dezena de moradias.

O local parece um bairro fantasma. São casas abandonadas, sem portas ou janelas.
Em muitos pontos, o mato tomou conta dos escombros das casas que desabaram e das ruas.
Primeiro, eu fui sozinho para gravar imagens e, andando pelas ruas e entrando dentro das casas, a sensação foi muito estranha. Não dá pra explicar muito bem, mas é uma sensação de que alguma força má está te observando.

Desci e fui aonde a Michele estava com um grupo de moradores, que iria gravar entrevista.
As histórias são tristes, mas uma me chamou a atenção.
A Luzia Valente, que morava em uma das casas que ainda está de pé.
Durante uma vida inteira, ela trabalhou como lavadeira e ajudou a construir uma casa, onde depois ajudou os filhos a construir na laje da casa.
Uma residência muito boa e que agora, com o marido doente, por mais que se esforce lavando roupa, não vai construir novamente.

Gravamos até seis e meia da tarde e fomos até o local onde a prefeitura cedeu terrenos às famílias prejudicas.
É no bairro Coroado.
Devido a vários problemas e à falta de infra-estrutura, os lotes ainda não foram entregues.
Já estava escuro e não gravamos lá.

Seguimos para o outro lado da cidade, para gravar com o promotor Marcos Arle, sobre outra matéria que estávamos fazendo.
Por volta de oito e meia da noite, fomos para o hotel descansar e jantar, afinal de contas, tínhamos levantado às cinco da madruga.
No dia seguinte cedinho, voltamos ao bairro Coroado.
Quando chegamos para gravar no loteamento, alguns funcionários trabalhavam, começando a fazer um calçamento em uma rua.
O material parece que foi colocado lá, no dia anterior.

Tomara que a obra não pare novamente.
De lá, fomos à praça Coronel Maximiano, no centro da cidade, gravar algumas entradas da Michele para o Jornal da Alterosa.
E, foi ali que terminamos a gravação do segundo problema.

O desabamento do prédio da prefeitura de Carangola.
O fato aconteceu no dia 23 de abril de 2007, uma segunda-feira, por volta de dez e meia da noite, durante uma forte chuva.
Hoje, o prédio está sendo reconstruído.

A fachada vai ser idêntica àquela que desabou.
Já o interior do imóvel, vai ser adaptado a padrões mais modernos de engenharia.
No local, havia vários homens trabalhando.
O prédio ainda está só no esqueleto, apesar da previsão de inauguração em agosto ou setembro deste ano.

Mas, isso não acaba com a polêmica.
O promotor da cidade está entrando com um processo, pois segundo ele, o prefeito já sabia do risco de queda do imóvel e não fez nada.
Ele disse ainda que, depois do desabamento, antes que uma perícia fosse feita, a prefeitura conseguiu uma liminar e colocou as máquinas no local para retirar os escombros.

Segundo registros, não é a primeira vez que um imóvel desaba neste mesmo terreno.
Há 92 anos, exatamente em 24 de junho de 1916, uma chuva forte fez com que a primeira construção desse terreno desabasse.
Na época, o local era sede de um grupo escolar.
O desabamento também aconteceu à noite por volta das 22h.

No lugar, foi construído o prédio que até 2007, abrigava a prefeitura de Carangola.
Segundo dados do patrimônio histórico, ele passou por algumas reformas, sendo uma restauração em 1923 e uma reforma do teto em 1969.
Pelo menos em nenhum dos dois desabamentos houve vítimas.

Espero voltar a Carangola e mostrar coisas boas, pois pra quem não conhece, a região é linda. Economicamente a agropecuária tem uma importância fundamental, especialmente nas produções de leite, café e nas lavouras de milho e feijão, de onde vem a maior parte dos recursos de ICMS do município.

Falando em café, ele foi introduzido na região em 1848, por Manoel Francisco Pinheiro e José Gonçalves de Araújo.
Já que entramos na história, uma coisa interessante é que a região de Carangola era habitada pelos índios Coroados e Puris que haviam sido expulsos do litoral pelos colonizadores.
As perseguições obrigaram esses índios a deixarem o litoral e a se embrenharem nas matas do rio Paraíba, e, à medida que o povoamento avançava, eles subiram gradativamente pelos afluentes e sub-afluentes como os rios Pomba, Muriaé e Carangola.
Para sobreviverem em um meio ambiente desconhecido, adotaram novas formas de vida.
Os cabelos, por exemplo, que eram longos quando viviam no litoral, foram cortados devido à floresta densa, surgindo, daí, as denominações dadas pelos exploradores portugueses de “Arrepiados” e “Coroados”.

A origem do nome Carangola é um enigma. As versões que procuram explicá-la são:

· cara-de-angola, forma de pintura facial dos índios coroados; cará-do-angola, uma espécie de capim; estes nomes teriam surgido depois que o colonizador branco começou a povoar as margens do rio no século XIX.

· Existem também as versões de origem indígena para o nome: “Diabo Velho dos Matos”, “Capim Redondo” e “Rio que Arranha”. Mas, há alguma possibilidade do termo ser de origem africana. A região que hoje constitui fronteira entre a Costa do Marfim e as Repúblicas de Mali e Alto Volta, no século XVII, tinha a denominação de “Caracoles”.

· Entre os crentes do Candomblé, existe uma entidade denominada “Exu-Carangola”.

A Lei n° 2.500, de 12 de Novembro de 1878, elevou a Vila à categoria de cidade, mas, apenas em 7 de Janeiro de 1882, foi oficialmente instalado o município.

5º Encontro de Produtores de Leite da Zona da Mata


O 5º Encontro de Produtores de Leite da Zona da Mata, realizado nesta quinta-feira na Associação Atlética Banco do Brasil, reúne mais de 700 pessoas que são ligadas ao campo, além de empresários e representantes de empresas que comercializam produtos para a melhoria da qualidade do que é produzido na região.

O evento além de palestras ministradas por diversos especialistas em políticas do setor leiteiro, cana de açúcar na alimentação animal, manejo de bezerros e uso de herbicidas, também está comemorando os 15 anos da criação do SICCOB Credimur, 200 anos do Banco do Brasil e 60 anos da Emater/MG.

Na manhã de sexta feira (16), todos devem se reunir na fazenda São Cristovão, no município de Eugenópolis, onde acontecerá um dia de campo, para que os representantes possam mostrar na prática a utilização e manejo dos produtos, além de uma confraternização de todos que estão no Encontro.