Michele Pacheco
Os supermercados de Juiz de Fora trabalharam no feriado.
As armações montadas para os ovos de Páscoa estão vazias.
As máquinas registradoras trabalham sem parar.
Lucro, gastos, chocolates.
Será esse o verdadeiro sentido da Páscoa?
Independentemente da crença religiosa e do fervor de cada um, a Semana Santa deveria ser um momento de reflexão.
Um tempo para parar e ressuscitar em cada um de nós o respeito pelo outro e a solidariedade.
Vivemos isolados em nossas ilhas pessoais, ignorando os problemas coletivos e tentando passar à frente dos outros na solução do que nos interessa.
Somos egoístas e, muitas vezes, consideremos isso uma necessidade para sobreviver.
E a Páscoa?
E o renascimento?
Ele fica lindo nas encenações bíblicas, com roupas caras, que movimentam milhões com turismo nas cidades históricas.
Mas, isso é suficiente?
Nessa Sexta-feira Santa, a cena que aparece no vídeo abaixo nos fez pensar um bocado.
Motoristas e pedestres que passavam pela Avenida Brasil, em Juiz de Fora, seguiam para os compromissos deles alheios a um fato inusitado.
Um morador de rua se arriscou no meio do Rio Paraibuna, encontrando um banco de areia para tomar banho.
Ele não pôde se dar ao luxo de se preocupar com o mal-cheiro e a poluição da água, que recebe 100 milhões de litros de esgoto todos os dias.
Apenas queria se arrumar para um dia diferente.
Quem sabe, se ele estivesse mais limpo conseguiria mais esmolas na porta das igrejas?
Afinal, muita gente se livra dos pecados cometidos durante todo o ano sendo solidário em dias santos.
Registramos o flagrante com um nó na garganta.
Veja as imagens e faça o que nós fizemos: pare e pense no verdadeiro sentido da Páscoa.
A resposta pode deixá-lo incomodado, mas a reflexão vale a pena.
A “verdade que assombra”, o “descaso que condena”, como já dizia o Renato Russo.
Boa Páscoa!