Deplorável.
Essa é uma forma bem suave de descrever as cenas que vimos hoje na Câmara Municipal de Juiz de Fora.
Tantas pessoas lutaram e morreram para devolver a democracia ao país, e somos obrigados a presenciar as besteiras que alguns grupos fazem em nome dela!
Hoje, depois de um recesso, os vereadores fizeram a primeira reunião. Na pauta, entre outros assuntos, a votação do parecer da Comissão de Exame de Denúncia. O documento pedia que a Câmara acatasse as denúncias de corrupção e de quebra de decoro parlamentar contra o ex-presidente do Legislativo, Vicente de Paula Oliveira, o Vicentão.
Quando chegamos, o plenário estava cheio de partidários do ex-presidente da Câmara.
Muito agitados, eles se mostravam dispostos a mostrar em alto e bom som que apoiavam o vereador denunciado.
Por outro lado, membros do Comitê Contra Corrupção montaram uma mesa na calçada para recolher assinaturas num abaixo-assinado pedindo a cassação do Vicente de Paula. Pouco antes da sessão começar, o grupo também foi para o plenário e o clima ficou tenso.
A reunião começou com gritos e aplausos dos partidários do vereador do PTB e vaias dos integrantes do Comitê.
Quando o presidente da Câmara, Francisco Canalli suspendeu a reunião por dez minutos para se reunir com os vereadores, houve inquietação.
João de Deus, um dos integrantes da Comissão de Exame de Denúncia se recusou a participar da reunião e denunciou que um esquema tinha sido armado para garantir que Vicentão saia ileso das investigações.
Os colegas dele negaram a afirmação.
No plenário, os dois lados representados começaram a se insultar.
Segundo testemunhas, o segurança do ex-presidente da Câmara, Genésio da Silva, liderava os gritos de apoio ao vereador.
Enquanto isso, os integrantes do Comitê protestavam contra a reunião.
O clima ficou pior.
"Eles vieram aqui para atrapalhar um processo democrático. Desde o início, estão nos ofendendo e tentando impedir que o Comitê lute pela punição dos corruptos" desabafou a sindicalista.
Segundo os representantes do comitê, Genésio coordenava os partidários do vereador denunciado, fazendo gestos de incentivo no meio do tumulto.
Quando perguntado sobre a agressão, negou ter incitado a violência e disse que apenas revidou as ofensas que faziam ao Vicentão.
Uma das manifestantes que pedia a cassação teve o mega-fone arrancado das mãos com violência.
O professor Rubens Martins, do comitê, estava revoltado com as cenas de violência.
Ele mostrou a perna machucada e reclamou que a Câmara é um lugar de democracia, de discussões sérias.
Disse ainda que as agressões sofridas por ele e por outros colegas são absurdas.
Ele mostrou a perna machucada e reclamou que a Câmara é um lugar de democracia, de discussões sérias.
Disse ainda que as agressões sofridas por ele e por outros colegas são absurdas.
A Polícia Militar foi chamada e recebeu várias reclamações de agressão praticada pelos eleitores do Vicentão.
O clima só ficou mais calmo com o reinicio da reunião.
O parecer da Comissão de Exame de Denúncia foi aprovado por unanimidade e a Comissão de Ética foi formada.
Os nomes dos cinco integrantes foram sorteados. A Comissão Especial de Ética tem os mesmos poderes de uma CPI e 45 dias para apresentar o relatório.
Os sorteados são Eduardo Novy, Romilton Faria, João do Joaninho, Flávio Checker e José Sóter Figuerôa.
O Vicentão reclamou que era ilegal os vereadores votarem e participarem da Comissão de Ética, pois legalmente, ao aceitar o parecer, são acusadores.
Como a lei não permite que quem acusa também julgue, ele defendeu a suspensão da Comissão.
O presidente da Câmara defendeu a casa, alegando que todas as decisões foram tomadas com base nas orientações dos procuradores do Legislativo.
Enquanto as discussões seguem, Vicentão mantém a campanha como candidato a vereador.
Afinal, ele ainda não foi condenado por nenhuma das denúncias que responde na justiça.