Por Michele Pacheco
A profissão de jornalista contraria todas as regras da boa nutrição.
Quantas vezes fomos trabalhar imaginando ter um dia normal de serviço e tivemos que viajar às pressas ou estourar o horário em função de alguma matéria complicada de última hora. Lembro de quando entrei na TV Alterosa, em 97. O ex-presidente Itamar Franco estava em Juiz de Fora e muito se especulava sobre o destino político dele. Resultado: plantões e mais plantões na porta do edifício onde ele morava, no centro da cidade. Algumas vezes, chegávamos por volta de oito da manhã, ficávamos à espera de alguma informação dos assessores e só no fim da tarde conseguíamos a entrevista. Arredar o pé poderia ser um problema, já que o ex-presidente era imprevisível. Passava a manhã toda informando que não atenderia a imprensa e, sem mais nem menos, aparecia e falava com quem estava na porta. Assim, as chefias de todas as redações passavam a mesma ordem: fiquem até o fim. O difícil era encontrar posição para ficar na espera. Os canteiros da entrada do prédio já tinham sido tão judiados de plantões da época em que Itamar era presidente, que o condomínio colocou uma mureta vazada, cheia de ganchinhos que nos torturavam. Com dor ou não, cada milímetro de canteiro era cobiçado. Até rodízio a gente fazia. Na hora do almoço, vinha o dilema. Quem tinha mais equipes providenciava a rendição. No nosso caso, éramos só eu e o Robson. O jeito era apelar para o fast food. O McDonalds faturou um bocado às nossas custas.
Por falar na lanchonete, demos um susto uma vez num atendente. Trabalhamos pela manhã e já estávamos contando os minutos para o horário terminar e irmos almoçar, quando veio a notícia de tumulto no cadeião de Juiz de Fora. Corremos para o Ceresp e ficamos na porta esperando notícias. Para nosso azar, a barraca de lanches que funcionava em frente estava fechada. Solução: fast food! Perguntei aos colegas quem estava interessado num lanche, anotei os pedidos e fui para um canto de um barranco onde o sinal de celular era um pouco melhor. Eu me contorci toda para conseguir falar bem. O atendente anotou o monte de pedidos, avisei que as notas deveriam ser fechadas em separado e ele perguntou o endereço para a entrega. Quando eu disse que era no Ceresp, o homem virou uma onça! Disse que eu estava atrapalhando o serviço dele, que trote era coisa de gente à toa... Meu estômago roncando, o pescoço doendo, o pessoal cobrando... Perdi a paciência. Expliquei que eu estava desde as sete da manhã trabalhando, em jejum, que eu era funcionária da TV Alterosa e que se ele tinha dúvidas, que ligasse para a empresa e confirmasse. O cara ainda ficou na dúvida, mas pegou o número da TV. Alguns minutos depois, eu tornei a ligar e ele disse que iria liberar o pedido. Esperamos uma hora e meia! Eu já estava achando que eles tinham desistido, quando o pessoal da PM veio debochando que a minha entrega estava barrada na entrada do Ceresp, na parte de baixo do morro. Um motorista de um jornal se ofereceu para descer de carro e buscar, já que à pé era muito longe. Enfim, comemos os sanduíches frios e as batatas murchas como se fossem manjares dos deuses.
Rebeliões são sempre um atentado contra o nosso estômago.
Durante a rebelião na Penitenciária Arioswaldo Campos Pires, em Juiz de Fora, eu e o Robson passamos as cinco noites na porta da unidade. Além do frio intenso, enfrentávamos a fome. Depois de sofrer na primeira noite, nós ficamos espertos. Sempre levávamos biscoitos, água e até uma garrafa térmica com chocolate quente. Como equipes de jornais, da outra emissora de TV e das rádios nos acompanhavam nos plantões noturnos, a gente sempre dividia alguma guloseima. Teve uma noite, que resolvemos pedir uma dobradinha com feijão branco, de um restaurante que adoramos. A entrega foi rápida. Mas, ao abrir as sacolas descobrimos que não tinha colher! O Robson não pensou duas vezes. Passou a mão no pão de alho que eu pedi e foi até a guarita. Pediu socorro a um policial e trocou meu pãozinho por duas colheres emprestadas. Com a fome que eu estava, nem me importei!
A última desventura gastronômica que tivemos foi durante a invasão da reitoria da Universidade Federal de Juiz de Fora. Só para variar, ficamos sem almoço. O repórter Bruno Sakaue, da TV Panorama, foi o anjo da vez. Ele disse que iria comprar alguma coisa para comer e perguntou quem queria algo. Cada um fez seu pedido e lá foi ele. O problema foi que por perto só tinha restaurantes e nenhuma lanchonete aberta. Como comer em marmita de alumínio sem talheres?! Por fim, cansado de procurar ele voltou. Eu tinha pedido um pão de queijo e água, mas ele só encontrou a água.
O Robson e o Humberto Nicolini, fotógrafo, pediram uma coxinha cada um. Mas, na confusão na hora de comprar, o Bruno levou só uma e entregou o saquinho ao Nicolini, achando que tinha duas e que ele iria entregar a do Robson. Moral da história, O Robson "almoçou" uma garrafa de refrigerante e assim foi com o resto da imprensa. Felizmente, existem aquelas viagens em que a gente se farta com as delícias de Minas. Mas, isso é uma outra história!
Quem somos
- Michele Pacheco e Robson Rocha
- JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
- Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...
sábado, 12 de janeiro de 2008
Descaso e má vontade da Imprensa de BH
Por Marco Antônio Caetano de Andrade
Com a experiência de mais de 40 anos no Futebol Amador, temos consciência das grandes dificuldades enfrentadas por Presidentes de Ligas Amadoras, Dirigentes de Clubes, Atletas, enfim, por todos aqueles que dedicam grande parte do seu tempo em busca de motivação para se manterem em atividade com a maior dignidade possível. Reconhecemos ainda que o trabalho destes valorosos esportistas transforma o Futebol Amador em um esporte de grande apelo social, pois nos campos da várzea se misturam pessoas de todas as camadas sociais, que convivem quase que diariamente em grande harmonia e em um clima de grande amizade e confraternização.
Há 6 (seis) anos sou o Editor responsável por um site na Internet dedicado exclusivamente à divulgação e valorização do Futebol Amador de Minas Gerais. O meu site não tem nenhum fim comercial ou lucrativo, apenas de prestação de serviços.
Apesar de toda a minha longa experiência no Futebol Amador, até hoje não consigo entender a incapacidade e a falta de sensibilidade da Imprensa Esportiva de Belo Horizonte (com exceção da Rádio Itatiaia, na pessoa do Coordenador de Esportes Júnior Brasil e do jornalista Chico Maia, que mantém uma coluna no jornal Super Notícia), que insiste em ignorar o Futebol Amador, um segmento do esporte que movimenta durante os fins de semana em Belo Horizonte e região da Grande BH, um público de aproximadamente 60 mil pessoas, entre praticantes e simpatizantes. E é este mesmo público que dá audiência para os programas de rádio e televisão e aumenta a tiragem dos jornais.
Para tomar conhecimento das notícias sobre Futebol Profissional, os esportistas têm várias opções como jornal, rádio, televisão e Internet, enquanto que sobre o Futebol Amador não se encontra nenhum tipo de divulgação na Imprensa.
Alguns jornalistas esportivos de Belo Horizonte já me disseram o Futebol Amador não tem espaço na imprensa por que não dá retorno financeiro. Tenho certeza disto. Mas se qualquer programa esportivo de rádio ou de televisão dedicasse alguns segundos ou ainda algum jornal dedicasse algumas linhas para o Futebol Amador, com certeza a audiência dos programas e a vendagem dos jornais teriam um crescimento acentuado.
É inadmissível para o Futebol Amador de Minas Gerais, que promove as duas maiores competições do gênero no Brasil (A Copa Itatiaia e a Copa Centenário) que a maioria da imprensa Esportiva de Belo Horizonte continue ignorando o trabalho incansável de alguns abnegados que dedicam grande parte do seu tempo para proporcionar uma das poucas formas de lazer acessível às populações mais carentes da sociedade e que afasta as crianças e os jovens do mundo das drogas e da criminalidade.
Esperamos que no ano de 2008 possamos continuar contando com o apoio dos amigos e quem sabe, a grande maioria da Imprensa de Belo Horizonte acorde para a realidade de que o Futebol Amador é um grande “FILÃO” na busca de audiência entre os concorrentes.
Sendo o que nos apresenta para o momento, renovamos nossos protestos de elevada estima e sincera consideração.
Atenciosamente,
Marco Antônio Caetano de Andrade
Site: http://www.futebolamadordeminas.com/
E-mail: marcoantonio@hc.ufmg.br
Com a experiência de mais de 40 anos no Futebol Amador, temos consciência das grandes dificuldades enfrentadas por Presidentes de Ligas Amadoras, Dirigentes de Clubes, Atletas, enfim, por todos aqueles que dedicam grande parte do seu tempo em busca de motivação para se manterem em atividade com a maior dignidade possível. Reconhecemos ainda que o trabalho destes valorosos esportistas transforma o Futebol Amador em um esporte de grande apelo social, pois nos campos da várzea se misturam pessoas de todas as camadas sociais, que convivem quase que diariamente em grande harmonia e em um clima de grande amizade e confraternização.
Há 6 (seis) anos sou o Editor responsável por um site na Internet dedicado exclusivamente à divulgação e valorização do Futebol Amador de Minas Gerais. O meu site não tem nenhum fim comercial ou lucrativo, apenas de prestação de serviços.
Apesar de toda a minha longa experiência no Futebol Amador, até hoje não consigo entender a incapacidade e a falta de sensibilidade da Imprensa Esportiva de Belo Horizonte (com exceção da Rádio Itatiaia, na pessoa do Coordenador de Esportes Júnior Brasil e do jornalista Chico Maia, que mantém uma coluna no jornal Super Notícia), que insiste em ignorar o Futebol Amador, um segmento do esporte que movimenta durante os fins de semana em Belo Horizonte e região da Grande BH, um público de aproximadamente 60 mil pessoas, entre praticantes e simpatizantes. E é este mesmo público que dá audiência para os programas de rádio e televisão e aumenta a tiragem dos jornais.
Para tomar conhecimento das notícias sobre Futebol Profissional, os esportistas têm várias opções como jornal, rádio, televisão e Internet, enquanto que sobre o Futebol Amador não se encontra nenhum tipo de divulgação na Imprensa.
Alguns jornalistas esportivos de Belo Horizonte já me disseram o Futebol Amador não tem espaço na imprensa por que não dá retorno financeiro. Tenho certeza disto. Mas se qualquer programa esportivo de rádio ou de televisão dedicasse alguns segundos ou ainda algum jornal dedicasse algumas linhas para o Futebol Amador, com certeza a audiência dos programas e a vendagem dos jornais teriam um crescimento acentuado.
É inadmissível para o Futebol Amador de Minas Gerais, que promove as duas maiores competições do gênero no Brasil (A Copa Itatiaia e a Copa Centenário) que a maioria da imprensa Esportiva de Belo Horizonte continue ignorando o trabalho incansável de alguns abnegados que dedicam grande parte do seu tempo para proporcionar uma das poucas formas de lazer acessível às populações mais carentes da sociedade e que afasta as crianças e os jovens do mundo das drogas e da criminalidade.
Esperamos que no ano de 2008 possamos continuar contando com o apoio dos amigos e quem sabe, a grande maioria da Imprensa de Belo Horizonte acorde para a realidade de que o Futebol Amador é um grande “FILÃO” na busca de audiência entre os concorrentes.
Sendo o que nos apresenta para o momento, renovamos nossos protestos de elevada estima e sincera consideração.
Atenciosamente,
Marco Antônio Caetano de Andrade
Site: http://www.futebolamadordeminas.com/
E-mail: marcoantonio@hc.ufmg.br
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