Quem somos

Minha foto
JUIZ DE FORA, MINAS GERAIS, Brazil
Esperamos com este Blog dividir um pouco das inúmeras histórias que acumulamos na nossa profissão. São relatos engraçados, tristes, surpreendentes...

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Café orgânico e agroecologia em Espera Feliz

Por Michele Pacheco

Fomos a Espera Feliz, cidade da Zona da Mata, no Maciço do Caparaó, para fazer uma reportagem sobre um dia de campo numa fazenda de café orgânico.
A viagem foi tranqüila. Mas, na hora de achar o endereço na zona rural...
Seguimos as referências que estavam na pauta e foram passadas pelos organizadores do evento.
Tínhamos que ir à localidade de Córrego São Felipe. Para isso, bastava entrar à direita numa estrada de terra entre Carangola e Espera Feliz. Haveria uma placa na estrada e muitos carros.
Teoricamente, fácil de achar. Mas, na prática...

A placa de córrego Sao Felipe apontava para o lado esquerdo da estrada.
Imaginamos que o pessoal teria se confundido na hora da referência e entramos na estradinha de terra. Rodamos um bom trecho e nada de sinal de carros da Epamig.
Como todo homem, o Robson prefere andar quilômetros na direção errada do que parar e perguntar.

Quando, enfim, concordou em pedir orientação, nem uma vaca apareceu para nos ajudar!
Tivemos que seguir em frente até encontrar uma mulher com uma criança numa bicicleta.
Com aquele jeitinho simples e simpático das pessoas do interior, ela arregalou os olhos e disse "Ah, vocês andaram muito pro lado errado.
A fazenda que vocês procuram fica do outro lado do asfalto. Vão ter que voltar tudo!"
Menos mal, já sabíamos para onde ir.

Achamos a sede da Associação dos Produtores Rurais de Espera Feliz e encontramos agricultores de vários municípios reunidos numa sala ouvindo palestras sobre o cultivo do café orgânico e as experiências que estavam sendo feitas nas propriedades da região. Deu para notar que ninguém estava lá só por curiosidade. Todos fizeram perguntas pertinentes e mostraram interesse genuíno pelo trabalho.

Enquanto esperávamos a ida para a lavoura, aproveitamos para ir ao centro de Espera Feliz fazer algumas imagens.
A cidade é muito linda.
Pequena e bem-cuidada, dá uma sensação gostosa de aconchego.
As cenas são típicas do interior.

Velhinhos com chapéu de palha sentados na praça, crianças brincando tranqüilas e gente sem pressa pelas ruas.
Uma delícia!
O nome da cidade vem da época em que um grupo de engenheiros fazia pesquisas na região e descobriu um lugar onde a caça era boa.
Os caçadores esperavam, felizes, a caça abundante.

Voltando para a fazenda, a paisagem era linda.
Dos dois lados da estrada, as montanhas de Minas estavam cobertas de cafezais.
Os pés de folhas escuras de longe formam desenhos na plantação.
De trechos em trechos, havia terreiros para secagem dos grãos.
Não vimos nenhum cheio, o que nos chamou a atenção, já que os pés estavam carregados.

Olhando de um lado para o outro, o Robson disse uma frase que sempre me arrepia os cabelos.
" Só falta o dia de campo ser numa dessas plantações no alto do morro!"
Toda vez que ele diz "só falta", não falta mais!
A coisa acontece!
E não deu outra!

Seguimos na direção indicada pelo pessoal da associação e a estrada só subia. Montanhas dos dois lados e muito café. Achamos algumas pessoas sentadas na beira da estrada e o Robson abriu um largo sorriso e disse "Viu? Você se preocupou à toa!" Era o que ele pensava. Quando perguntamos se era ali o local do treinamento, as pessoas balançaram a cabeça e disseram "Nãããããão! É lá em cima! O povo subiu e está naquela parte mais alta." Ai, que vontade de esganar o Robson! Ele só não consegue prever os números da Mega Sena acumulada! Quando olhamos para o alto, os produtores pareciam formiguinhas no alto da plantação, dando para ver só o movimento de alguns que estavam de roupa clara e se destacavam no meio do cafezal.

Mal tive tempo de resmungar e o meu marido foi entrando com carro e tudo na plantação. Como ele não gosta de fazendas e tem pouca experiência no campo, gentilmente expliquei "querido, lindo, amorzinho, ISSO AQUI NÃO É UMA ESTRADA! É UMA PLANTAÇÃO!" Nem pude terminar o meu gentil discurso. Uma vala no meio do caminho me fez morder a língua. Enquanto me recuperava do susto, o Robson avançava como um bandeirante desbravando o caminho até o topo do morro. Só vendo para acreditar! O trajeto que ele fez foi num daqueles caminhos abertos para a passagem dos catadores de café.

Chegamos enfim ao topo e encontramos o grupo subindo ainda mais. Cansamos só de olhar. Mas, fazer o que?!
Não dava para ir mais longe com o carro.
Pegamos o equipamento e fomos patinando barranco acima.
O terreno estava seco e a terra solta nos fazia escorregar o tempo todo.

Gravamos entrevista com o Paulo César Lima, pesquisador da Epamig.
Ele é especialista em solo e nos deu uma aula sobre a utilização de recursos naturais no cultivo.É o que chamam de agro-ecologia.
Os produtores aprendem a usar o que o meio-ambiente oferece para substituir a utilização de produtos químicos. Lá, o amendoim forrageira era usado para manter limpa a área entre os pés de café e, depois de cortado, servia como adubo natural, misturado a outros produtos, para substituir o nitrogênio químico.
O Paulo César ensina os agricultores a aproveitar o que está à mão. Palha de bananeira, casca de café, tudo vira adubo e reduz o custo do cultivo, ajudando o agricultor familiar.

A Waldênia Moura também é pesquisadora da Epamig e começou o trabalho com os produtores de Espera Feliz em 2002. Hoje, ela tem amizade com todos eles. A Waldênia explicou que a união da teoria com a prática é essencial. "Fazer a pesquisa na própria fazenda é mais eficiente. O produtor entende melhor o que queremos ensinar e nós enxergamos melhor os erros que eles estão praticando, o que facilita apontar o caminho certo a seguir" disse a pesquisadora.
Ela defende a integração entre os produtores de diferentes regiões e diz que "o mais difícil na cafeicultura orgânica é a comercialização do produto. É preciso agir em parceria com uma cooperativa. Sozinho, ninguém consegue sobreviver no mercado".
Para os produtores, a grande vantagem do cultivo orgânico está no preço, que pode ser mais do que o dobro do valor do café comum.

Tibúrcio Figueira cultivava café da forma tradicional e, há oito anos, trocou pelo método orgânico.
"Hoje, eu sei que tenho o melhor para mim, para minha família e para o meio-ambiente.
No início, é muito difícil você se adaptar ao novo esquema.
Mas, com o tempo a vegetação vai se acostumando com os produtos naturais, vai ficando mais resistente, as doenças diminuem e fica mais fácil cuidar do cafezal" explicou o agricultor.
Ele já está exportando café com ajuda de uma cooperativa de Nova Resende.

Tibúrcio mostrou orgulhoso a plantação dele.
O produtor colhe 33 sacas por hectare, o que siginifica que a cada área do tamanho de um campo de futebol oficial são colhidos 1.650 kg de grãos.
Isso equivale ao dobro da média nacional.
"Eu colho muito mais do que os meus vizinhos que usam agrotóxicos pesados.
E o café é mais valorizado, o sabor é melhor e ele é mais saudável, o que agrega valor no mercado" disse satisfeito.

O difícil mesmo foi conseguir fazer as gravações num terreno inclinado. Levar o tripé, nem pensar.
O Robson tremia pelo esforço físico e ainda tinha que garantir imagens firmes. Coitado! E na hora da passagem (momento em que o repórter aparece no vídeo), então? Quando eu não patinava e quase ia em cima dos pés de café, era ele que perdia o equilíbrio e tinha que começar tudo de novo. Os produtores também enfrentavam o mesmo problema, mas pareciam achar tudo mais engraçado com a gente! Como riram! Tudo bem, faz parte. Duro foi passar o resto do dia tirando carrapichos e catando carrapatos!
E ainda dizem que vida de repórter é puro glamour. Tá legal!

Ser Fluminense

Postado pelo radialista e tricolor Carlos Ferreira.

Ser Fluminense
Por Artur da Távola

Ser Fluminense é entender esporte como bom gosto.
É ser leal sem ser boboca e ser limpo sem ser ingênuo.

Ser Fluminense é aplicar o senso estético à vida e misturar as cores de modo certo, dosar a largura do grená, a profundidade do verde com as planuras do branco.

Ser Fluminense é saber pensar ao lado de sentir e emocionar-se com dignidade e discrição. É guardar modéstia, a disfarçar decisão, vontade e determinação. É calar o orgulho sem o perder. É reconhecer a qualidade alheia, aprimorando-se até suplantá-la.

Ser Fluminense não é ser melhor, mas ser certo. Não é vencer a qualquer preço mas vencer-se primeiro para ser vitorioso depois. É não perder a capacidade de admirar e de (se) colocar metas sempre mais altas, aprimorando-se na busca! E jamais perder a esperança até o minuto final.

Ser Fluminense é gostar de talento, honradez, equilíbrio, limpeza, poesia, trabalho, paz, construção, justiça, criatividade, coragem serena e serenidade decidida.

Ser Fluminense é rejeitar abuso, humilhação, manha, soslaio, sorrateiros, desleais, temerosos, pretensão, soberba, tocaia, solércia, arrogância, suborno ou hipocrisia. É pelejar, tentar, ousar, crescer, descobrir, viver, saber, vislumbrar, ter curiosidade e construir.

Ser Fluminense é unir caráter com decisão, sentimento com ação, razão com justiça, vontade com sonho, percepção com fé, agudeza com profundidade, alegria com ser, fazer com construir, esperar com obter. É ter os olhos limpos, sem despeito, e claro como a esperança.

Ser Fluminense, enfim, é descobrir o melhor de cada um, para reparti-lo com os demais e saber a cada dia, amanhecer melhor, feliz pelo milagre da vida como prodígio de compreensão e trabalho, para construir o mundo de todos e de cada um, mundo no qual tremulará a bandeira tricolor.

Paulo Alberto Moretzsohn Monteiro de Barros (Artur da Távola)
Nasceu em 03/01/1936
Faleceu em 09/05/2008
Colaboração:Alexandre Magno Barreto Berwanger e Eduardo Garcia Lopes